quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Católicos e Protestantes Entram em Confronto na Irlanda do Norte por Causa de Bandeira; 16 Policiais Feriram-se

Irlanda do Norte-Pelo menos 16 policiais ficaram feridos sábado passado em Belfast durante enfrentamentos entre unionistas protestantes, que se manifestavam contra a retirada da bandeira britânica da prefeitura da capital norte-irlandesa, pelos republicanos católicos.
 
Os unionistas enfrentaram seus rivais republicanos durante a passagem por uma zona católica do leste de Belfast, onde houve lançamentos de pedras e garrafas, segundo informou a rede britânica BBC.
 
A polícia respondeu com balas de borracha e canhões de água e pelo menos 16 agentes ficaram feridos, sendo que alguns tiveram que ser hospitalizados, segundo a BBC.
 
 
Horas antes, os unionistas se manifestavam no centro de Belfast contra a recente decisão de hastear a bandeira britânica apenas em dias escolhidos.
 
Esta decisão, tomada por maioria de 29 contra 21 vereadores em 3 de Dezembro, provocou nas últimas semanas vários protestos de norte-irlandeses pró-britânicos, que querem ver a "Union Jack" (nome da bandeira) hasteada de forma permanente.
 
Os distúrbios se somam aos ocorridos em várias localidades da Irlanda do Norte, onde ocorreram protestos violentos que deixaram quatro delegacias fechadas e obrigaram o fechamento do tráfego na região.
 
Em Dezembro, os vereadores de Belfast, de maioria republicana, aprovaram uma moção do partido Aliança, que agrupa católicos e protestantes, que propunha que a bandeira britânica fosse hasteada apenas em alguns dias do ano.
 
Até então, a "Union Jack" ficava exposta diariamente na fachada da prefeitura, e os vereadores nacionalistas tinham pedido sua retirada definitiva para criar "um ambiente de neutralidade em uma cidade dividida".
 
Por conta de todos os protestos, representantes dos governos de Belfast, Londres e Dublin devem se reunir na próxima semana para analisar a situação.
 
Entenda a crise
 
A Irlanda do Norte é marcada pelo conflito entre as comunidades unionista, protestante, que defende a permanência no Reino Unido, e a católica nacionalista, que acredita que a região deve deixar o Reino Unido e se anexar à Republica da Irlanda.
 
As relações entre as duas partes começaram a ficar mais tensas a partir do final dos anos 1960, quando começou um ciclo de violência que durou mais de 30 anos, com episódios de tumultos nas ruas e campanhas de atentados a bomba. Mais de 3.000 pessoas morreram durante os conflitos, a maioria delas civis.
 
A Irlanda do Norte foi formada em 1921, depois de um acordo entre a Grã-Bretanha e a República da Irlanda — que declarou sua independência de Londres em 1916 — dividiu a ilha.
 
Pelo acordo, 26 condados passaram a pertencer à Irlanda, enquanto outros seis condados do norte, parte da Província do Ulster, ficaram sob o domínio do que passou a se chamar em 1927 de Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte.
 
Depois de décadas de conflitos, as relações entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte apresentam uma melhora.
 
Em Junho de 2012, a rainha Elizabeth 2ª protagonizou, em visita à região, um momento histórico e inimaginável décadas atrás ao apertar a mão de Martin McGuinness, ex-líder do grupo guerrilheiro IRA, hoje vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e responsável por um atentado que matou um primo da monarca.
 
O cumprimento representou uma nova fase da reconciliação entre a Inglaterra e a Irlanda do Norte. McGuinness era o número dois na linha de comando do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) no dia conhecido como "Bloody Sunday" ("Domingo Sangrento"), nos anos 1970, quando tropas do Exército Britânico atiraram contra manifestantes e ativistas da Irlanda do Norte, resultando em 14 mortes.
 
Anos depois, no fim da década de 1990, ele foi um dos negociadores-chefe do acordo de paz entre as diferentes forças políticas locais, assim como entre a Irlanda do Norte e o governo britânico.
 
Conhecido como "Good Friday Agreement" ("Acordo de Sexta-feira Santa"), o pacto de paz de 1988 foi considerado um dos primeiros marcos políticos da administração do ex-premeiro-ministro britânico Tony Blair.