Dilma Rousseff
Chile-A presidente Dilma Rousseff viaja sexta-feira para o Chile, onde participará da primeira Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Européia. Os chefes de Estado das duas comunidades regionais devem adotar uma declaração política com foco no desenvolvimento sustentável.
O Ministério das Relações Exteriores considera que a Cúpula “marcará uma nova etapa do diálogo bi-regional” e informa que o intercâmbio comercial entre os países membros da Celac e da UE, que era de US$ 211,6 bilhões em 2007, atingiu US$ 278,1 bilhões em 2011, o que representa um crescimento de 31,5%.
Durante a Cúpula se encontrarão representantes dos 27 países da União Européia (UE) e dos 33 países da Celac. A união Européia estará representada pelo presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e pelo presidente da Comissão Européia, Durão Barroso.
Também estarão na cúpula o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho e a chanceler alemã, Angela Merkel. Pela França participará o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, já que o presidente François Hollande cancelou o encontro devido à intervenção militar no Mali.
O presidente do México, Enrique Peña Nieto estará pela primeira vez em uma cúpula presidencial já que assumiu o poder em dezembro de 2012. Também estarão em Santiago os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, do Uruguai, José Mujica, de Cuba, Raúl Castro e do Haiti, Joseph Martelly.
Desde 1999, Europa e América Latina mantem encontros para discutir questões de interesse bi-regional, mas este será o primeiro fórum que acontece após a criação da Celac.
Entenda o que é a Celac
A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), criada em Fevereiro de 2010 no México e oficializada em 2011 na Venezuela, constitui um mecanismo de organização política e integração que abriga os 33 países da América do Sul, América Central e Caribe.
Após o encontro em Caracas ficou estabelecido que os países membros da Celac deveriam potencializar o diálogo político e trabalhar conjuntamente para tomar medidas de proteção diante da crise econômica global, complementar os mecanismos regionais de integração e gerar programas de combate à fome, a pobreza, proteção do meio ambiente e cuidado do migrante.
Durante 2012, a presidência da Celac foi exercida pelo Chile. Ao final da cúpula em Santiago, a presidência temporária do mecanismo passa para Cuba, que exercerá o mandato em 2013.
Durante coletiva de imprensa, o vice-chanceler cubano Abelardo Moreno afirmou que o país promoverá a integração, a solidariedade e a paz regional ao assumir a presidência temporária do bloco.
Uma relação mais simétrica
Durante uma conferência realizada quanta-feira durante a sessão inaugural da Cúpula Celac-UE, a secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Alicia Bárcena, defendeu a construção de uma “relação mais simétrica, equilibrada e equitativa com a Europa”.
A representante da comissão regional das Nações Unidas destacou que os países da Celac aprenderem com o passado e estão aplicando prudência macroeconômica e políticas sociais progressistas, enquanto a Europa está acusando a sociedade do bem estar da crise econômica.
Alicia considera que as políticas de bem estar não foram as causadoras da crise, apesar de considerar que precisam de uma renovação. “Na América Latina aspiramos por uma sociedade de bem estar. Esse paradoxo é algo que temos que avaliar e discutir”.
Cúpula dos Povos
Paralelamente à Cúpula dos chefes de Estado, organizações sociais realizam a Cúpula dos Povos Chile 2013, que será realizada na Universidade do Chile e tem início sexta-feira passada com uma marcha dos povos. “A marcha tem caráter absolutamente pacífico, cultural e festivo”, afirma a presidente da Central Ùnica de Trabalhadores do Chile, Bárbara Figueroa. Segundo ela, a cidadania está cruzada “por um cenário muito complexo onde todo mundo corre o risco de que, como produto da crise européia, se busque pagá-la as custas dos recursos de outras regiões”
A cúpula dos povos discutirá a justiça social e ambiental, a solidariedade e unidade entre as nações e os povos latino-americanos e europeus, a defesa dos bens comuns e o rechaço à mercantilização da vida e da natureza.