Fragilidade política e de segurança e a contínua interferência dos militares em assuntos de Estado preocupam líder das Nações Unidas
Guiné-Bissau-O secretário-geral da ONU afirmou que o tráfico de droga e o crime organizado tiveram um aumento substancial na Guiné-Bissau desde Abril e voltou a pedir ao Conselho de Segurança para criar “um painel de peritos para investigar a identidade dos envolvidos nos crimes”.
No último relatório sobre a situação na Guiné-Bissau, Ban Ki-moon sublinha que “qualquer solução para a instabilidade na Guiné-Bissau deve incluir acções concretas para combater a impunidade” e que ao painel de peritos do Conselho de Segurança das Nações Unidas “deve ser dado poder de aplicar sanções direccionadas e punitivas para ajudar a inverter o aumento do tráfico de droga”.
Tais acções “devem garantir que sejam levados perante a Justiça os responsáveis por assassínios políticos e outros crimes sérios como actividades relacionadas com o tráfico de droga e violações da ordem constitucional”, defendeu.
Impasse político
No mesmo relatório, o secretário-geral manifestou-se “profundamente preocupado” com o impasse político e a degradação da segurança na Guiné-Bissau e deplorou “as persistentes divergências internas e entre parceiros internacionais sobre o caminho para resolver a crise
“Continuo profundamente preocupado com a persistente falta de progressos na reposição da constitucionalidade na Guiné-Bissau e a deterioração da situação de segurança. O país tem permanecido paralisado com consequências graves para a população e uma degradação da situação económica”, disse.
No relatório, o líder da Organização das Nações Unidas apela a todos os actores da crise guineense, em particular as “autoridades de facto”, para que identifiquem os “marcos e prazos para eleições credíveis e que marquem o final da transição”.
O documento indica que, mesmo que sejam resolvidos os actuais constrangimentos técnicos e financeiros para a realização de eleições, “o actual ambiente não é conducente a um processo eleitoral bem sucedido”.
O ataque de 21 de Outubro, indica o texto, demonstra a “fragilidade da situação política e de segurança e o contínuo papel de domínio dos militares em assuntos de Estado”, e que “a violência com raízes étnicas pode minar a coesão do país”. Ki-moon afirma estar “particularmente preocupado com relatos de violações sérias de direitos humanos e actos de intimidação por militares” e condena “todas as formas de rapto, detenção extrajudicial, violência, intimidação e violações da liberdade de expressão e reunião por militares”.
A situação na Guiné-Bissau é discutida no Conselho de Segurança na próxima terça-feira.
A reunião, que decorre sob auspícios da União Africana, visa alcançar um acordo “sobre os próximos passos para repor a ordem constitucional através de um processo de diálogo nacional”.