Lisboa-Contactado pelo DIÁRIO, o professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde lecciona as cadeiras de Filosofia Social e Política e História das Ideias na Europa Contemporânea, considera que a reeleição de Barack Obama se trata de "um resultado positivo para a América e para o mundo".
Realça que foi com muito alívio que recebeu os resultados desta votação, uma vez que o oponente, "Mitt Romney tinha um programa indefinido, contraditório e comprometido com a direita mais radical norte-americana, o que não augurava nada de bom para os EUA e para o mundo".
Isto, sem colocar em causa a bondade de Romney que, considera, era o mais equilibrado de todos os republicanos que se apresentaram para concorrerem a eleições. "Era o que tinha o discurso mais regular e mais próximo da realidade".
Numa época de crise económico-financeira e com a situação do Irão com a capacidade de desenvolver dentro de pouco tempo armas nucleares "seria complicado introduzir um factor de incerteza com um presidente americano inexperiente e com deslizes verbais como os que aconteceram contra a Rússia e a China". Seria um presidente com muita ideologia e pouco realismo.
Relativamente à Europa, "Obama nunca aderiu a uma visão unilateral da resposta à crise", o que é bom para os países europeus, onde se inclui o Portugal. Obama, com a FED e o Banco Central Americano, "tem feito um financiamento da economia através de estímulos económicos que impede que aquela se degrade. Tem criado postos de trabalho, coisa que nem os privados nem os Estados têm conseguido fazer". A eleição de um presidente que combina crescimento orçamental com emprego é um bom sinal.
Quanto às relações com o Irão, Viriato Soromenho-Marques considera que "há margem de tempo para negociar, uma vez que aquele país ainda demorará mais 3 a 4 anos a desenvolver armas nucleares e Obama vai fazer tudo para evitar uma guerra". Vai utilizar uma diplomacia parcialmente transparente "aceitando o Irão como interlocutor" e trazendo-o para a cena política, deixado de se sentir ostracizado.
O professor considera que "é melhor uma via diplomática do que uma militar e Romney usava argumentos militares muitas vezes disparatados".