Mogadíscio - O professor universitário Hassan Cheikh Mohamoud, de 56 anos, foi eleito segunda-feira à noite presidente da Somália pelo Parlamento reunido em Mogadíscio, ao obter maioria absoluta na segunda volta, informa AFP.
O novo presidente obteve 190 votos, contra 79 votos para o actual mandatário, Sharif Cheikh Ahmed. Hassan Cheikh Mohamoud, que não era considerado favorito, tinha ocupado o segundo lugar na primeira volta, com 60 votos, atrás de Sharif Cheikh Ahmed, que obteve 64 votos.
O candidato "Hassan Cheikh Mohamoud é o vencedor da eleição presidencial", anunciou o presidente do Parlamento, Mohamed Osman Jawari, após a recontagem dos votos.
Hassan Cheikh Mohamoud já foi empossado pelo presidente da Suprema Corte, depois de prestar juramento sobre o Alcorão. A vitória foi saudada com tiros para o ar em Mogadíscio.
"Agradeço a todos que participaram deste processo histórico (...) Espero que a Somália caminhe agora para o melhor e que todos os nossos problemas fiquem no passado", declarou o novo presidente.
Vinte e cinco candidatos apresentaram-se na primeira volta desta eleição, na qual votaram os membros do novo Parlamento somali, eleitos por antigos representantes dos clãs.
Hassan Cheikh Mohamoud é filiado ao partido Al Islah, considerado o equivalente somalí da Irmandade Muçulmana.Professor sem actuação política radical, Mohamoud não tem ligação com qualquer das facções implicadas na interminável guerra civil que assola a Somália desde a queda do presidente Siad Barre, em 1991.
Considerado um moderado e fundador de uma universidade em Mogadíscio, o novo presidente trabalhou em várias organizações internacionais na Somália, mas é um "desconhecido" para a comunidade internacional, revelou um diplomata à AFP.
A eleição conclui um longo e complexo processo político apoiado pelas Nações Unidas e destinado a dotar a Somália de instituições sólidas e de um autêntico governo central, após uma sucessão de autoridades de transição a partir do ano 2000.
Diante dos persistentes combates contra os rebeldes islâmicos e da falta de estrutura estatal, a população somali ficou de fora do processo de reconstrução política.Os rebeldes islâmicos que combatem o governo somali perderam terreno no último ano diante da força da União Africana e dos contingentes enviados à Somália pelo Quénia e a Etiópia, mas ainda controlam boa parte do sul e centro do país.