Praia - O ministro da Justiça de Cabo Verde, José Carlos Semedo, está presente na Conferência Sub-regional para Harmonização da Legislação sobre Luta Contra a Droga e Avaliação do Programa de Apoio à Iniciativa em curso até quarta-feira em Dakar, no Senegal.
Esta conferência ministerial sobre tráfico de drogas reúne na capital senegalesa ministros titulares da Justiça de seis países da Comunidade Económica para o desenvolvimento dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), nomeadamente da Guiné-Bissau, da Guiné Conakry, da Gâmbia, do Mali, de Cabo Verde e do Senegal.
Ela é organizada pelo Comité Interministerial da Luta Contra Droga (CILD), organismo conjunto de combate ao narcotráfico coordenado pelo Senegal e criado na sequência duma outra conferência ministerial sub-regional sobre o tráfico ilícito de estupefaciente realizada em 2010, também em Dakar.
De acordo com os promotores da conferência iniciada segunda-feira em Dakar, o encontro pretende analisar e pôr em prática as recomendações da conferência de 2010.
Entre essas recomendações destacam-se a tomada de medidas para reforçar os mecanismos do CILD, reduzir o tráfico ilícito, reforçar os meios operacionais da luta, do dispositivo operacional de gestão de estratégias de prevenção e o apelo à comunidade internacional para aderir ao comité.
A reunião tem também como propósito tentar harmonizar a legislação em matéria do tráfico de droga nos seis países participantes.
Para além dos ministros da Justiça, o encontro na capital senegalesa conta ainda com a participação de representantes do Centro de Estudos Estratégicos dos Estados Unidos da América, da União Europeia, da Interpol, das Nações Unidas, de jornalistas e de juristas.
Este encontro ocorre numa altura em que especialistas de todo o mundo estão a considerar a África Ocidental não apenas como uma região de trânsito, mas igualmente que se transformou em produtora de droga.
O Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC) calcula que cerca de 50 porcento da droga traficada nas África Ocidental e Central permanece nessas sub-regiões.
Discursando na abertura de um seminário de apresentação pública do Programa Nacional Integrado contra Droga e Crime (PNIDC) para 2012/16, realizado no passado mês de julho na cidade da Praia, a coordenadora do UNODC em Cabo Verde, Cristina Andrade, revelou que "a África Ocidental, antes uma rota, é hoje o destino final da droga".
Ela apontou que em 2011 foram traficadas uma quantia estima em 30 toneladas de cocaína, o que corresponde a um lucro na ordem de 900 milhões de dólares americanos, numa zona onde existem cerca de 2,3 milhões de toxicodependentes.
"A África Ocidental representa para as Nações Unidas e para a UNODC um dos grandes desafios e uma das suas principais prioridades, enquanto sub-região mais instável do mundo, onde se regista um aumento do tráfico e do consumo da droga, sinais de produção, de pirataria e de insegurança", sustentou.