sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Cabo-Verde, Escravidão e Independência

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Havana- Na história do arquipélago de Cabo Verde, localizada no Oceano Atlântico ao longo da costa oeste da África, destaca-se a partir do século XV, a resistência dos escravos - procedentes de regiões continentais - contra os abusos de traficantes portugueses e de outras nações.

O território de Cabo Verde está constituído por dez ilhas principais e várias ilhéus vulcânicos divididos em dois grupos conhecidos como Barlavento (Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Boa Vista e Sal) e Sotavento (Maio, Santiago, Fogo e Brava.) O navegador Português Diego Gomez descobriu as ilhas em 1456.No entanto, algumas fontes históricas dizem que foram descobertas por outros velejadores em torno de 1445, logo após a expedição do navegador Nuno Tristão, também português, pela foz do rio Senegal.

Alguns historiadores tentaram apresentar como inabitável a maioria das ilhas, fazendo esforço para minimizar as inscrições rupestres encontradas na ilha de Santiago, onde fica Praia, a capital.

Outros estimam que existiam certos grupos africanos chamados Leboue e Felopes que tinham se estabelecido aí muito antes da chegada dos colonizadores lusitanos, atraídos pela riqueza da pesca e de sal.Logo depois da chegada dos portugueses às ilhas, foram trazidas algumas famílias do sul de Portugal. O clima severo e a necessidade de estabelecer um sistema de plantações com trabalho abundante e barato fez com que os portugueses mantivessem um mercado de escravos cruel no litoral Africano.

Os primeiros escravos trazidos para as ilhas no final do século XV eram fundamentalmente balantas, pissages, feloupes e onalofes, quase todos grupos étnicos existentes em Guiné-Bissau e em diversas proporções, assim como outras etnias representadas no mosaico de povos do arquipélago.

Depois dos portugueses inaugurarem o comércio de escravos, vieram os holandeses, espanhóis, britânicos e de outros nacionalidades. As ilhas se tornaram um armazém de escravos capturados em todas as regiões da África Ocidental.Escravos foram vendidos a proprietários de plantações de açucar no Brasil, colônia portuguesa a partir do século XV, no resto da América e no Caribe. Os comerciantes não contavam com a revolta dos africanos. As revoltas dos nativos foram derrotadas pela superioridade de armamento dos europeus.

Os navios negreiros de Cabo-Verde ficavam atrás apenas para os da Ilha de Gorée, Senegal, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe.Neste último país houveram grandes rebeliões de escravos contra os portugueses. Nos séculos XVI e XVII o comércio de escravos cresceu.

No final do século XVIII, os portugueses desenvolveram plantações de café, milho, sementes oleaginosas e fixaram uma certa quantidade de escravos em Cabo-Verde. Devido à vantajosa produção brasileira, Portugal substituiu o cultivo de café pelo de cana-de-açúcar.

MUDANÇA DA  ÉPOCA


Em 1834 a Coroa Britânica decretou a proibição do tráfico em suas colônias e implementou o castigo para infratores, medida que foi rejeitada pelos donos de plantações e traficantes. Os cabo-verdianos se tornaram arrendatários que tinham que pagar para trabalhar na terra que não lhes pertencia. Durante séculos de colonização portuguesa das ilhas, a situação permaneceu a mesma.

A agricultura não se modernizou, nem foram criadas bases para uma infraestrutura produtiva industrial. Devido à exploração descontrolada, o arquipélago foi testemunha da transformação de sua ilha com uma rica ecologia em um deserto flutuante.

A situação foi agravada pelos longos anos de seca contínua. As autoridades coloniais promoveram uma migração em massa para a metrópole, onde trabalhavam na mineração, construção e serviços, assim como outros trabalhos de baixa remuneração. Outros foram para São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Angola e Estados Unidos.

Aqueles que não puderam escolher o caminho da emigração, padeceram das grandes crises de fome. A história registra sete crises entre 1901 e 1959, resultando na morte de 290 mil cabo-verdianos.

Historicamente, a importância de Cabo-Verde reside na sua posição geográfica estratégica. Primeiro, foi para os portugueses estação para o comércio com a África, Índia e Brasil; depois, dominou a rota do Atlântico, seguido de petroleiros que navegam para a Europa a vindos do Golfo Pérsico.

A INDEPENDÊNCIA


Com a ascensão do Partido para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), fundado em 1956 por Amílcar Cabral, fundiu-se a luta pela libertação de ambas as colônias do jugo Português.

A atividade do PAIGC em Cabo-Verde teve como primeiro objetivo estabelecer, através de um trabalho clandestino de mobilização e organização, as condições mínimas necessárias para garantir a luta política no arquipélago.

A vitória conquistada pelos combatentes do PAIGC contra o exército colonial de Portugal em 1974, possibilitou que Guiné-Bissau se erguesse como um estado independente.

Começou uma nova fase de luta. O governo de Lisboa foi forçado a aceitar o PAIGC como representante legítimo do povo cabo-verdiano como o de Guiné-Bissau e, portanto, tinha que liderar o governo de transição formado no início de 1975.

A transição durou apenas seis meses. Em 05 de julho do mesmo ano foi criada a República de Cabo Verde com um governo liderado pelo PAIGC. Acabavam cinco séculos de presença portuguesa no país.