segunda-feira, 9 de julho de 2012

América Latina, Merconsul e os Seus Fantasmas

São Paulo-De repente, a América Latina, palco de sangrentas ditaduras entre os anos 50 e 80 do século passado e atual continente democrático, vem sofrendo solavancos. O impeachment do presidente do Paraguai ensejou a interferência do caricato presidente venezuelano Hugo Chávez junto a militares do vizinho país e facilitou o acesso da Venezuela ao Mercosul, até então barrada pelo Paraguai, hoje suspenso da organização. O Uruguai protesta contra a presença dos venezuelanos e lamenta as posições favoráveis de Brasil e Argentina. O novo governo paraguaio faz de tudo para não romper com os vizinhos, apesar das retaliações que sofre. E agora, como mais um componente do quadro, a Argentina condena o ex-ditador Jorge Rafael Videla, de 86 anos, já condenado à prisão perpétua, a uma pirotécnica pena de 50 anos. No Brasil, instalam-se as Comissões da Verdade, com o objetivo de apurar e reescrever a época autoritária.

Num tempo em que aconteceu e até a suspensão do bloqueio econômico a Cuba, imposto há mais de meio século, é importante que os países da região se entendam e procurem fortalecer o bloco.É o que fazem a Europa, hoje em crise, os EUA e a China, que devem estar satisfeitos com a ameaça de desagregação que paira sobre o Mercosul. Se o processo continuar, melhor para os grandes e industrializados, que continuarão a comprar as matérias-primas latino-americano a preço acessível e  impôr os seus manufaturados com alto custo e sacrifício aos tecidos produtivo.

Depois de suspensão de bloqueio à Cuba que, com seu sonho revolucionário embalou muito latino-americano hoje no poder, em vez de constituir o motivo ideológico do passado, poderá ainda ser um grande parceiro. E todos nós devemos nos preparar para esse momento, não só pela entrada de Cuba, mas também pela nova ordem econômica mundial que se estabelecerá no pós-crise. Para isso, a união e a formação de blocos de interesses são fundamentais no enfrentamento às grandes economias. O Mercosul unido tem mais força do que qualquer de seus membros, é preciso nunca perder isso de vista.

Com a economia globalizada e as comunicações instantâneas, o mundo funciona em tempo real. Governos, instituições e até o próprio cidadão precisam estar atento e prontos para agir na hora certa e na justa medida. Se não o fizerem, perderão a oportunidade.

Os países do Mercosul têm de agir prioritariamente na defesa dos seus interesses comuns frente aos demais organismos e países do mundo. As questões locais e regionais devem ser discutidas e solucionadas com maturidade, mas sem tumultuar o principal. Os próprios países membros têm de saber que temos desafios do futuro para serem enfrentados no presente. O passado já produziu seus efeitos, tanto positivos quanto negativos. Não deve ser esquecido apenas para se evitar a repetição de erros. Mas seus fantasmas não podem e nem devem perturbar o presente, pois só servem para desviar o foco no trabalho que se tem de realizar no futuro.