Líderes dos países dos BRICS encontram-se em Nova Délhi, na Índia
Índia-Consta no capítulo número um de qualquer obra ou estudo econômico que, sempre após uma fase de explosão de crescimento de um país, é inevitável um período de desaceleração – ou até mesmo de contração da economia, em alguns casos.
Essa “ressaca” ocorre com mais força quando, durante o período de extrema bonança, os países não fazem as mudanças necessárias para permitir um crescimento sustentável da economia no futuro.
Esse destino implacável (e recorrente na história) parece ter sido esquecido por boa parte dos governantes dos Brics - e também pelo mercado global. Mas, ao que tudo indica, é chegada a hora de os mercados emergentes pagarem a factura pelos problemas que não solucionaram ao longo dos últimos anos.
Desde o final de 2011, Brasil, Rússia, Índia, China e a novata África do Sul assistiram a um esfriamento de sua pujança, puxado pela crise na Europa e pela dificuldade de recuperação da economia americana. Com exceção da Rússia, que manteve em 2011 o mesmo crescimento do ano anterior, todos os países do grupo tiveram desaceleração.
O primeiro trimestre deste ano não foi melhor, sobretudo para o Brasil, que, a despeito de inúmeras medidas de estímulo à indústria e ao consumo, cresceu apenas 0,2% no período – número abaixo das estimativas mais pessimistas.
Se, durante a crise financeira de 2008, os Brics eram vistos como a tábua de salvação da economia mundial, o economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs, e criador do termo BRIC, acredita que o cenário mudou. Em uma carta enviada aos investidores do banco no início da semana, O’Neill externou sua preocupação.
"É inegável que, com exceção da Rússia, os dados do primeiro trimestre dos BRICS foram desanimadores. O crescimento do Brasil e da Índia foi particularmente fraco e os dados de inflação na China acentuam a sensação de que as coisas não estão tão bem quanto os optimistas esperavam."