terça-feira, 19 de junho de 2012

Mais de Meio Milhão Recebe Salário Mínimo

Portugal-O número de trabalhadores em Portugal que recebe o salário mínimo nacional duplicou em quatro anos. Actualmente há mais de meio milhão - 605 mil pessoas - que ganham a retribuição mínima legal, número que tem crescido a par da crise que se abate sobre o País.

Segundo as estatísticas mais recentes da Segurança Social, do final de Abril do ano passado, um em cada onze trabalhadores recebia 485 euros por mês: 10,9% da população activa. Este valor é isento de IRS mas sujeito a um desconto de 11% para a Segurança Social, logo corresponde a um ordenado líquido de 431,65 euros. Tendo em conta que no final do 1º trimestre desse ano estava contabilizada uma massa laboral de 5,5 milhões de pessoas, isto significa que mais de 605 mil contam apenas com o salário mínimo nacional.

Antes da crise, em 2007, os trabalhadores que auferiam a retribuição mínima garantida não ultrapassavam os 5,5% do total. Feitas as contas, das 5,1 milhões de pessoas que faziam parte da população activa do País no primeiro trimestre desse ano, só 282 mil recebiam o valor mínimo legal. À época, o salário mínimo estava no patamar dos 403 euros mensais.

Entre 2007 e 2011, a quantidade de trabalhadores - por conta própria ou outrem - a ganhar o salário mínimo subiu praticamente 115%, aumentando a uma média de mais de 80 mil pessoas por ano.

Quando toca a definir salários, as mulheres sãos mais prejudicadas pelas fracas condições de retribuição salarial: 14,9% das trabalhadores do sexo feminino recebem 485 euros mensais, contra os 8,1% dos homens.

Num estudo recente, o economista Eugénio Rosa concluiu que o salário médio dos trabalhadores por conta de outrem, em 2010, não ultrapassava os 777 euros líquidos. Segundo o economista, existiam nesse ano mais de 2,5 milhões de pessoas a ganhar menos de 900 euros líquidos.

Para Eugénio Rosa, "as empresas estão a aproveitar-se da crise" para oferecer aos trabalhadores condições remuneratórias mais penalizadoras. Por um lado, especifica, "pagam ordenados mais baixos aos recém-contratados, ainda que com elevada formação", e, por outro lado, "cortam as regalias e congelam os salários" de quem já está no activo.