África-O Sahel é uma faixa de território que margeia o Saara e integram-no quatro países: Mauritânia, Mali, Níger e Argélia, cujos chanceleres se reuniram em Nuakchot, a capital do primeiro, para discutir questões relacionadas com a luta para a erradicação do terrorismo, segundo definiram.
Ao encontro também foi o embaixador da Nigéria, outro dos Estados da África ocidental afetado pela violência extremista, o que o levou a tomar decisões severas, e inclusive arriscadas, para preservar sua segurança frente a um inimigo como a seita islâmica Boko Haram.
Sobre as diretrizes do evento, o ministro mauritano de Relações Exteriores e Cooperação, Hamadi uld Hamadi, precisou que o objetivo foi achar a forma de cooperar para enfrentar o grupo terrorista da Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), no Sahel e o Boko Haram, em solo nigeriano.
Esta reunião ocorreu no âmbito do chamado Fórum do Sahel, integrado pelos quatro Estados mencionados, onde opera AQMI, e abordou temas como o crime transfronteiriço, o sequestro de estrangeiros e o tráfico e a proliferação de armas.
As preocupações sobre a segurança sub-regional ampliaram-se quando o então Ministro malinês de Assuntos Exteriores, Soumeylou Boubeye Maiga, confirmou a existência de vínculos entre AQMI e a organização Boko Haram, que opera na Nigéria, outro contexto africano.
Segundo estudiosos dos assuntos de defesa, a área saheliana não pode ser considerada desvinculada do Magreb nem da África Ocidental. Entende-se que para decifrar os problemas da sub-região deve ser considerado o sistema como um todo, cujas partes se relacionam intrinsecamente e assim evoluem.
Para o coronel espanhol Julio Navas,"as ameaças que se desenvolvem nessa zona não são fenômenos isolados, mas criam um círculo vicioso de insegurança, cujo impacto se materializa principalmente sobre os africanos e cada vez com um impacto direto maior sobre a segurança da comunidade internacional"
Esse critério pode ser inexato, mas expõe a visão da Europa ocidental em relação a sua fronteira geo-estratégica imediata ao sul, uma faixa de atenção da qual suas antigas metrópoles não podem desentender-se, apesar das distorções que caracterizam os vínculos entre as duas partes, uma rica e desenvolvida, a outra pobre e dependente.
E no caso do Sahel, a dependência não é só um tema de segurança no quesito militar e em assuntos civis, senão também de sobrevivência biológica ante a crise alimentar que lhe afeta e constitui um elemento de extrema prioridade.
Mas uma análise valorativa da situação tem que incluir os mais recentes processos que gerou a falta de um poder real na Líbia, onde foi assassinado o chefe de Estado Muammar Gaddafi no curso de uma agressão respaldada pelo Ocidente, que votou a favor da subversão da ordem estabelecida.
"Um forte vazio de poder na Líbia poderia servir para que as redes criminosas e terroristas crescessem na Mauritânia, Mali, Argélia e Níger. A futura estratégia da União Europeia para o Sahel e as políticas relacionadas devem voltar com urgência a examinar as contingencias", aconselhou o articulista Oladiran Bello Manuel Manrique.
Ao encontro também foi o embaixador da Nigéria, outro dos Estados da África ocidental afetado pela violência extremista, o que o levou a tomar decisões severas, e inclusive arriscadas, para preservar sua segurança frente a um inimigo como a seita islâmica Boko Haram.
Sobre as diretrizes do evento, o ministro mauritano de Relações Exteriores e Cooperação, Hamadi uld Hamadi, precisou que o objetivo foi achar a forma de cooperar para enfrentar o grupo terrorista da Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), no Sahel e o Boko Haram, em solo nigeriano.
Esta reunião ocorreu no âmbito do chamado Fórum do Sahel, integrado pelos quatro Estados mencionados, onde opera AQMI, e abordou temas como o crime transfronteiriço, o sequestro de estrangeiros e o tráfico e a proliferação de armas.
As preocupações sobre a segurança sub-regional ampliaram-se quando o então Ministro malinês de Assuntos Exteriores, Soumeylou Boubeye Maiga, confirmou a existência de vínculos entre AQMI e a organização Boko Haram, que opera na Nigéria, outro contexto africano.
Segundo estudiosos dos assuntos de defesa, a área saheliana não pode ser considerada desvinculada do Magreb nem da África Ocidental. Entende-se que para decifrar os problemas da sub-região deve ser considerado o sistema como um todo, cujas partes se relacionam intrinsecamente e assim evoluem.
Para o coronel espanhol Julio Navas,"as ameaças que se desenvolvem nessa zona não são fenômenos isolados, mas criam um círculo vicioso de insegurança, cujo impacto se materializa principalmente sobre os africanos e cada vez com um impacto direto maior sobre a segurança da comunidade internacional"
Esse critério pode ser inexato, mas expõe a visão da Europa ocidental em relação a sua fronteira geo-estratégica imediata ao sul, uma faixa de atenção da qual suas antigas metrópoles não podem desentender-se, apesar das distorções que caracterizam os vínculos entre as duas partes, uma rica e desenvolvida, a outra pobre e dependente.
E no caso do Sahel, a dependência não é só um tema de segurança no quesito militar e em assuntos civis, senão também de sobrevivência biológica ante a crise alimentar que lhe afeta e constitui um elemento de extrema prioridade.
Mas uma análise valorativa da situação tem que incluir os mais recentes processos que gerou a falta de um poder real na Líbia, onde foi assassinado o chefe de Estado Muammar Gaddafi no curso de uma agressão respaldada pelo Ocidente, que votou a favor da subversão da ordem estabelecida.
"Um forte vazio de poder na Líbia poderia servir para que as redes criminosas e terroristas crescessem na Mauritânia, Mali, Argélia e Níger. A futura estratégia da União Europeia para o Sahel e as políticas relacionadas devem voltar com urgência a examinar as contingencias", aconselhou o articulista Oladiran Bello Manuel Manrique.
No final do ano passado um fórum de especialistas analisou na capital argelina aspectos da luta contra o terrorismo no Sahel como parte da segurança global e contra os delitos multinacionais, evento que atraiu o interesse das instituições da sub-região e de representantes dos Estados Unidos e Canadá, entre outros.
Essa reunião foi parte do Fórum Global de Luta contra o Terrorismo (FGLT) criado em setembro de 2011 na cidade de Nova York.
"Devemos ser conscientes de que não estaremos sempre de acordo sobre cada um dos temas, mas todos os presentes aqui reconhecem que há necessidades urgentes e desafios não superados", disse Daniel Benjamín, coordenador estadunidense responsável pela luta contraterrorista no Departamento de Estado, na abertura da reunião.
Esse debate -segundo ponderou- deve abordar cinco temas: a segurança das fronteiras, a cooperação entre os corpos do setor, a luta contra o financiamento do terrorismo, o fator judicial e o reforço jurídico e os compromissos coletivos.
Benjamín tratou de dissipar os reparos dos países do Sahel sobre o incremento de armas e combatentes na sub-região, o que poderia ser um arco do círculo vicioso sobre o que se fez referência anteriormente, ao esboçar a situação de instabilidade a que conduziu a evolução do processo líbio.
O servidor público não pôde convencer ao auditório, pela inabarcável e a indomável realidade política da zona saheliana, onde se presencia a emergência do Movimento de Libertação Nacional de Azawad (MLNA), de guerrilheiros tuareg que se projetam pela secessão de um território ao norte no Mali, o que afeta vários países.
A anunciada separação de um território que reclamam os tuareg (menos de 2,2 milhões de pessoas) como seu assento originário agora parte de quatro países: Argélia, Líbia, Níger e Mali e acrescenta fogo a problemas que incendeiam também outros Estados da zona, direta ou indiretamente.
Por exemplo, são de citar os confrontos entre granjeiros Dogon (malineses) e pastores nômades Fulani, pelo controle de pastos para a pecuária, que resultaram em pouco mais de 30 mortos e mil deslocados. Combates que ocorreram no que se identifica como a região saheliana de Burkina Faso, fronteiriça com o Mali.
Não obstante, neste desenvolvimento da trama sub-regional um espaço aparte tem o AQMI, uma rede que as autoridades da área definem como terrorista e que ao que parece foi um desprendimento do Grupo Salafita para a Predicação e o Combate, que operou na Argélia e que em 2006 foi relacionado a Osama Bin Laden.
A Al Qaeda no Magreb Islâmico porta essa denominação desde 2007 e sua agenda internacional supõe a atuação em várias direções, uma é a do oeste (noroeste argelino e fronteira marroquina), a do leste (centro e nordeste argelinos e a Kabilia) e parte do sul, mais extensa e inóspita, onde opera na Mauritânia, Mali e Níger.
Há muitas versões sobre seu modo de operar e seus encaixes com outros elementos radicais de confissão islâmica, como Ansar Dine, e em seu momento lhe chamou de componente bélico afim ao MLNA, durante sua ofensiva contra o exército do Mali no norte de país, um vínculo que negaram os guerrilheiros separatistas, sem muitos esclarecimentos.
Segundo depoimentos gráficos, a Al Qaeda no Magreb Islâmico participou na ocupação militar da cidade de Tombuctú, declarada patrimônio da humanidade pelas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Se houver coerência na análise integral do palco saheliano deve ser valorizado um tópico transcendente e imprescindível, a crise humanitária que ameaça toda a vida nessa região africana, onde se calcula que cerca de 20 milhões de pessoas sofrem no meio dessa situação de desamparo.
A volatilidade do Sahel também deve ser medida com essa perspectiva, pois a ONU informou que cerca de 18 milhões de pessoas nessa zona africana precisam ajuda alimentar urgente como consequência da seca, das más colheitas e do aumento do preço dos víveres, que açoita à região.
Sem dúvida alguma, esse aspecto medular junto com a calamidade dos conflitos armados, faz pensar que o drama do Sahel só está começando.
Essa reunião foi parte do Fórum Global de Luta contra o Terrorismo (FGLT) criado em setembro de 2011 na cidade de Nova York.
"Devemos ser conscientes de que não estaremos sempre de acordo sobre cada um dos temas, mas todos os presentes aqui reconhecem que há necessidades urgentes e desafios não superados", disse Daniel Benjamín, coordenador estadunidense responsável pela luta contraterrorista no Departamento de Estado, na abertura da reunião.
Esse debate -segundo ponderou- deve abordar cinco temas: a segurança das fronteiras, a cooperação entre os corpos do setor, a luta contra o financiamento do terrorismo, o fator judicial e o reforço jurídico e os compromissos coletivos.
Benjamín tratou de dissipar os reparos dos países do Sahel sobre o incremento de armas e combatentes na sub-região, o que poderia ser um arco do círculo vicioso sobre o que se fez referência anteriormente, ao esboçar a situação de instabilidade a que conduziu a evolução do processo líbio.
O servidor público não pôde convencer ao auditório, pela inabarcável e a indomável realidade política da zona saheliana, onde se presencia a emergência do Movimento de Libertação Nacional de Azawad (MLNA), de guerrilheiros tuareg que se projetam pela secessão de um território ao norte no Mali, o que afeta vários países.
A anunciada separação de um território que reclamam os tuareg (menos de 2,2 milhões de pessoas) como seu assento originário agora parte de quatro países: Argélia, Líbia, Níger e Mali e acrescenta fogo a problemas que incendeiam também outros Estados da zona, direta ou indiretamente.
Por exemplo, são de citar os confrontos entre granjeiros Dogon (malineses) e pastores nômades Fulani, pelo controle de pastos para a pecuária, que resultaram em pouco mais de 30 mortos e mil deslocados. Combates que ocorreram no que se identifica como a região saheliana de Burkina Faso, fronteiriça com o Mali.
Não obstante, neste desenvolvimento da trama sub-regional um espaço aparte tem o AQMI, uma rede que as autoridades da área definem como terrorista e que ao que parece foi um desprendimento do Grupo Salafita para a Predicação e o Combate, que operou na Argélia e que em 2006 foi relacionado a Osama Bin Laden.
A Al Qaeda no Magreb Islâmico porta essa denominação desde 2007 e sua agenda internacional supõe a atuação em várias direções, uma é a do oeste (noroeste argelino e fronteira marroquina), a do leste (centro e nordeste argelinos e a Kabilia) e parte do sul, mais extensa e inóspita, onde opera na Mauritânia, Mali e Níger.
Há muitas versões sobre seu modo de operar e seus encaixes com outros elementos radicais de confissão islâmica, como Ansar Dine, e em seu momento lhe chamou de componente bélico afim ao MLNA, durante sua ofensiva contra o exército do Mali no norte de país, um vínculo que negaram os guerrilheiros separatistas, sem muitos esclarecimentos.
Segundo depoimentos gráficos, a Al Qaeda no Magreb Islâmico participou na ocupação militar da cidade de Tombuctú, declarada patrimônio da humanidade pelas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Se houver coerência na análise integral do palco saheliano deve ser valorizado um tópico transcendente e imprescindível, a crise humanitária que ameaça toda a vida nessa região africana, onde se calcula que cerca de 20 milhões de pessoas sofrem no meio dessa situação de desamparo.
A volatilidade do Sahel também deve ser medida com essa perspectiva, pois a ONU informou que cerca de 18 milhões de pessoas nessa zona africana precisam ajuda alimentar urgente como consequência da seca, das más colheitas e do aumento do preço dos víveres, que açoita à região.
Sem dúvida alguma, esse aspecto medular junto com a calamidade dos conflitos armados, faz pensar que o drama do Sahel só está começando.