quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Portugal Garante Num mês Financiamento que Vale Metade do Reembolso ao FMI

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Portugal-No espaço de um mês, o Estado conseguiu obter no mercado 6,75 mil milhões de euros de financiamento através da emissão de obrigações do Tesouro. O montante angariado é cerca de metade dos 14 mil milhões de euros que o governo se propõe a reembolsar antecipadamente ao FMI.

Apesar do ritmo acelerado a que o Estado se tem conseguido financiar - a meio de Fevereiro já cumpriu metade do plano de financiamento, o reembolso antecipado ao FMI deverá ser feito de forma faseada. O governo espera que esse pagamento seja feito no prazo de dois anos e meio e em várias tranches. O total da dívida ao FMI ascende a 26,9 mil milhões de euros.

A agência que gere o crédito público, o IGCP, definiu como objectivo para 2015 emitir entre 12 mil milhões e 14 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro. No entanto, esse plano de financiamento não contemplava os reembolsos antecipados ao FMI, sendo que aquela meta poderá ter de ser revista em alta.

"Portugal nunca pagou um juro tão baixo no mercado, o que é muito vantajoso para a intenção de amortizar antecipadamente o empréstimo do FMI", referiu Filipe Silva, director de gestão de activos do Banco Carregosa.

Na operação de hoje, o Estado comprometeu-se com uma taxa de 2,506% para se financiar a dez anos. A título de exemplo, a Grécia pagou o mesmo para conseguir financiamento a três meses.

O ritmo de emissões do Estado tem servido também para reforçar a almofada financeira. Portugal entrou em 2015 com 10,2 mil milhões de euros em caixa, valor que deverá ter sido reforçado com a operação de hoje e com a colocação de 5,5 mil milhões de euros de dívida a dez e a 30 anos a 13 de Janeiro. Além disto, também a procura do retalho por certificados em Janeiro poderá ter permitido reforçar a almofada financeira.

A situação favorável do mercado foi hoje salientada pelo Presidente da República. Cavaco Silva diferenciou Portugal da Grécia e assinalou a evolução das condições de mercado nos últimos tempos. "Quem diria há um ano que Portugal não precisava de um segundo resgate, que Portugal não precisava de um programa cautelar e quem se atrevia a antecipar que Portugal ia pagar antecipadamente ao FMI os empréstimos que foi obrigado a contrair", referiu à margem de um Congresso em Lisboa.

Alemanha é Melhor Que o FMI?

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Europa-O foco da Europa divide-se nesta altura entre a cimeira de Minsk, por causa da situação na Ucrânia, e a reunião do Eurogrupo em Bruxelas, focada na Grécia. Em ambos os casos, as expectativas de um final feliz a curto prazo são, na melhor das hipóteses, baixas.

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, apresenta esta tarde aos homólogos europeus o plano para dispensar a troika, apoiado na manutenção de parte das medidas já implementadas e na substituição de outras por reformas acordadas com a OCDE. Mas isso implica um "empréstimo ponte", que permita à Grécia aguentar-se sozinha durante alguns meses, quando o actual resgate terminar no final de Fevereiro.

Tal como o Económico explica, o plano parece chumbado à partida. A Europa não aceita um "empréstimo ponte", quer uma extensão técnica do actual programa, algo que é impossível de aceitar por Atenas. Em Bruxelas, acredita-se que a questão do nome não é impedimento e que, no limite, poderia haver um compromisso que soasse a um acordo novo para os gregos, e ao memorando antigo para os europeus.

O problema é que há questões de fundo pelo meio. Por um lado, é preciso saber se os gregos estão mesmo dispostos a aceitar manter a maior parte das medidas da troika e quais as reformas novas que querem fazer. E é também preciso saber o que fazer com o FMI, já que um acordo ponte excluiria sempre, na óptica de Atenas, a presença do Fundo.

Em Bruxelas, não se está intransigente com isso, mas em Berlim sim. Até por uma questão de simbolismo. E há quem diga que a Grécia está a escolher mal o inimigo, ao apontar o FMI, e que dispensar o Fundo vai sempre obrigar a negociar com a Alemanha e o Eurogrupo, o que poderá ser mais difícil. "O principal problema não é tanto a Comissão ou o FMI, são os Estados-membro, pelo menos alguns deles", frisa fonte comunitária.

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, já disse, aliás, que a Grécia ou segue as regras do jogo germânico, ou então vai à sua vida sozinha.

Dificilmente haverá hoje um acordo e o tema seguirá directamente para o próximo Eurogrupo, na segunda-feira, sem passar pelo Conselho Europeu de amanhã. É que a cimeira de chefes de Estado vai focar-se na situação na Ucrânia e no que fazer se a cimeira de Minsk terminar hoje sem um entendimento. Há quem admita que, caso tal aconteça, os líderes europeus poderão abrir a porta amanhã a um escalar das sanções económicas a Moscovo. Mas essa discussão não seria pacífica, avisam desde Bruxelas.

O sucesso da cimeira de Minsk pode também ele passar pela Alemanha, já que a chanceler alemã Angela Merkel vai estar presente, juntamente com o presidente francês, François Hollande.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Podemos Concordar em Discordar, ou Nem Por isso?

  
- Pago eu!
- Ora essa, eu é que pago!
- Nem pensar, deixe isso comigo!

Europa em Movimento-Era bom que fosse assim na Europa. Mas não é. A discussão é exatamente a contrária. E, se Tsipras e Varoufakis pareciam poder moderar o seu programa e cair nas graças da Europa, a decisão do BCE e o encontro do último com o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble fez as esperanças abanarem. Nem em discordar concordaram. No Expresso Diário, Ricardo Costa
explica como o alemão ficou com a razão formal; Pedro Santos Guerreiro, no Expresso Online explica, através da teoria dos jogos, como este é um jogo do cobarde. Para a semana, com a reunião dos ministros das Finanças do Eurogrupo (quarta-feira) e a reunião dos chefes de Governo (no dia seguinte, a primeira de Tsipras, onde de nada lhe vale a retórica que demonstra ter em Atenas ou as manifestações de desagravo na praça Syntagma), o jogo começa a sério.

Mas a Grécia é um dos problemas do mundo. Começamos por aí por um vício de perspetiva. Basta olhar 
o que se passa na Ucrânia e na irresponsabilidade de uma Rússia que a Europa tarda em compreender. Hollande, Merkel e o secretário de Estado americano John Kerry foram ontem a Kiev tentar uma solução de paz. Hoje estão todos em Moscovo para apresentar a mesma proposta. A situação está a deteriorar-se e não se sabe até que ponto Putin pode ceder. Para já, a guerra voltou à Europa. E a Ucrânia, diz o especialista do FT Philip Stephensé só uma parte do vasto plano de jogo do presidente russo.

O que vai pela Síria e pelo chamado 
Estado Islâmico e os desejos de vingança da Jordânia que bombardeou furiosamente várias posições do ISIS, é ainda pior. A lei de talião - olho por olho, dente por dente - não é retórica por aquelas bandas.

Ou saber que nos últimos 10 dias houve 
centenas de crianças libertadas de fábricas na Índia onde trabalhavam em condições desumanas, quase escravas… não tem descrição.

OUTRAS NOTÍCIAS

O Governo chegou a acordo, no final da noite de ontem para tratar 12 mil doentes com hepatite C em três anos. O tratamento fica abaixo dos 25 mil euros cada, cerca de metade do preço exigido pela farmacêutica no início das negociações, e a notícia faz a primeira página de vários jornais de hoje. Entretanto, no Expresso Diário publicado às 18 horas de ontem, pode saber quem é o homem, com um caso de hepatite C avançado, que pediu a Paulo Macedo no Parlamento que lhe salvasse a vida. Vai ser um dos salvos por este acordo e disse, esta manhã às televisões que pensa nisto como um milagre. Por outro lado, Jorge Coelho, na Quadratura do Círculo, acusou o Governo de andar a reboque da opinião pública.
Andrés Ortega
, um especialista espanhol, ligado ao Governo, acha que a Grécia tem uma dívida para com Espanha. Talvez Passos, que os intérpretes do Syriza em Lisboa (fazendo lembrar um pouco o universo soviético e os seus partidos-satélites) dizem que é dos mais duros, se reveja nesta posição ibérica.

O preço do petróleo é daquelas variáveis boas (ou más, vá-se lá saber) que ninguém previa. A mais recente derrota das previsões económicas é interessante por isso mesmo. E é notícia porque
há 80 anos que os EUA não tinham tantas reservas, diz o Wall Street Journal.

A propósito de petróleo, o escândalo conhecido por ‘petrolão (o maior caso de corrupção no Brasil) levou à demissão da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Tem aqui uma 
biografia daquela que foi a empresária mais poderosa da América do Sul e que foi posta a andar pela sua amiga Dilma. A propósito de mulheres, que nem sempre são bons exemplos, recorde-se que o procurador argentino encontrado morto tinha, entre os seus papéis, um mandato de detenção da presidente argentina Cristina Fernandez (Kirchner) por ter encoberto uma ação terrorista iraniana contra um centro judaico, nos anos 90. Nas ruas acusa-se a presidente de crime político.

Quem não souber que o livro ‘Não matem a cotovia” (traduções mais recentes intitularam-se “Por favor, não matem a cotovia”, “Mataram a Cotovia” ou “O Sol é para todos”) de Harper Lee, uma senhora hoje com 88 anos, foi um livro tão importante para os direitos civis dos negros como o foi a “A Cabana do Pai Tomás” para a libertação dos escravos no séc. XIX, desconhece o essencial da literatura norte-americana. “To kill a mockingbird”, no original, venceu o Prémio Pullitzer em 1961. A notícia é que
foi descoberto outro livro da escritora (ela nunca mais escreveu, este é anterior ao sucesso e o seu original estava perdido). Chama-se Go set a watchman e tem a mesma personagem principal – Scout Finch. É lançado a 14 de Julho.

Selfies
contribuem para a piolheira. Pois é põe-se de cabecinha junta com o telemóvel à frente e o piolho aproveita. Eu sei que 92% (estimativa minha) dos jovens já leram esta notícia. Mas ainda assim, aqui a deixo como precaução de uma comichão e outras consequências dispensáveis.

E quanto ganhamos, tendo em conta o salário de Cristiano Ronaldo? Tenho aqui um simulador da BBC que diz que se ganharmos, por exemplo, 5000 euros/mês, o CR7 leva 37 minutos a ganhar tanto como nós numa semana; ou que nós tínhamos de ter começado a trabalhar em 1740 para ganhar o que ele ganha num ano – levamos 275 anos para lá chegar. Experimente, mas não fique invejoso. Afinal ele é um miúdo que fez ontem 30 anos…

FRASES

A Grécia não aceitará mais ordens, sobretudo ordens recebidas por email”, Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego referindo-se à decisão do BCE de não aceitar dívida pública grega. O facto de Tsipras dizer “sobretudo por email” não parece indicar que o BCE e outros organismos tenham de voltar ao fax e menos ainda que tenham de enviar alguém a Atenas para dar ordens… mas fica bem dizer.

O que tem sido a involução das posições do Syriza desde o início da campanha eleitoral até às eleições e das eleições até ao dia de hoje demonstra que temos sido bem avisados em não nos amarrarmos a uma única solução”, António Costa numa entrevista, ontem, ao ‘Público’. A ideia não seria dizer que o PS é um partido involutivo mas por alguma razão Costa evitou a palavra moderação.

"Quantos querem pagar a hipoteca do vizinho?" A pergunta retórica foi de Rick Santelli, um apresentador da cadeia CNBC, em 2009, e agora recuperada pelo NYT para explicar como o perdão da dívida ainda é um assunto explosivo na Europa. Na verdade, quem quer pagar o quê a quem parece ser o ponto crucial.

"Afastei amigas próximas (...) sabia que isso não era bom para mim. Tinha de as consolar, às vezes (...) sei que choravam sem ser à minha beira. Afastei-me disso tudo". Aura Ferreira, in Público.  Aura, 38 anos, venceu um cancro e entende que em parte deve-se à sua convicção e ao seu otimismo. É bom saber que há gente assim.


O QUE EU ANDO A LER

Leio a boa reportagem da ‘Visão’ sobre o enigmático Armando Pereira o sócio português da Altice, de que o Martim  Silva já falou aqui ontem. Mas estou cheio de gripe pelo que uso um remédio fabuloso: ler poesia. Não só nos afasta da realidade ranhosa da nossa condição, como nos permite passar o tempo em associações de ideias fantásticas. O meu poeta gripal é Antonio Machado (1875-1939), um andaluz que deu o nome e as letras ao século de ouro da poesia espanhola. Para um português, apesar das boas traduções existentes, é bom lê-lo no original. É um poeta que fala de coisas banais, triviais (caminante no hay camino, se hace camino al andar – Caminhante não há caminho, faz-se caminho a andar), embora com uma sensível profundidade, tão simples que apenas os sábios a conseguem. Olhem estes versos retirados do poema 'Las Moscas'

"Moscas de todas las horas
de infancia y adolescencia,
de mi juventud dorada;
Desta segunda inocencia
Que da en no creer en nada"

(Ou seja, numa tradução minha e não boa: “Moscas de todas as horas / da infância e adolescência / da minha juventude dourada; / Desta segunda inocência / que resulta em não crer em nada”)

Pois são as moscas que mudam, sabemos isso quando já não acreditamos em nada, ou quase. E, ainda assim, não resistimos a uma boa informação, a uma notícia estrondosa. Lá vamos às seis da tarde ver o Expresso Diário e amanhã a edição semanal. Segunda, cedo, o Expresso Curto volta tirado por Pedro Candeias, o nosso especialista em desporto que dissecará o Sporting-Benfica de domingo, único tema que destrona todos os outros da abertura dos noticiários.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Grécia, Sinais de Fogo


Grécia-Decisões unilaterais ou vontade de negociar? Foi assim que entrámos no fim de semana, sempre a pensar na Grécia, e foi assim que saímos do fim de semana, ainda sem saber o que pensar da Grécia. É verdade que há mais coisas para contar e até houve Super Bowl esta madrugada (já lá vamos), mas as teorias sobre o que se vai passar no braço de ferro entre Atenas e o eixo Berlim-Bruxelas-Frankfurt são mais que muitas. Devemos acreditar no falcão Varoufakis que humilhou o presidente do Eurogrupo ou na pomba Varoufakis que ontem pousou em Paris? E o verdadeiro Tsipras é o que entrou a matar no primeiro Conselho de Ministros ou o que fez uma declaração à Bloomberg para acalmar os mercados e hoje anda em périplo europeu?

Os sinais são muitos e vão encher as nossas agendas até dia 28 de fevereiro, quando – tic tac tic tac – se acaba o prazo do programa de resgate grego, que Atenas não quer prorrogar. Enquanto ameaça por um lado, por outro a Grécia contratou o banco norte-americano Lazard para a assessorar em negociações. Em Bruxelas ninguém percebe muito bem como é que a Grécia vai gerir a negociação, quando, na melhor das hipóteses, em Junho fica sem dinheiro nos cofres e, na pior, os seus bancos vivem um cenário tipo Chipre dentro de poucas semanas. Hoje o El Pais garante que Bruxelas pode mesmo desmantelar oficialmente a troika, se a Grécia quiser negociar de forma construtiva. Aconselho a ir espreitando o Expresso Online ao longo do dia e assentar ideias no Expresso Diário, já com opinião sobre estes dias de brasa.

OUTRAS NOTÍCIAS

As ondas de choque da Grécia não são só financeiras. Em Espanha, o Podemos fez uma prova de força com uma grande manifestação no sábado. No Domingo, o PSOE respondeu na sua convenção. O próximo grande teste são as eleições autonómicas na Andaluzia.

No noticiário internacional, a guerra civil na Ucrânia vai perdendo espaço, mas não por falta de trágicos acontecimentos. Este foi mais um fim de semana de confrontos e vítimas a assinalar.

O Egito libertou um dos jornalistas da Al Jazeera que estava preso há 13 meses no Cairo por alegadamente fazer reportagens favoráveis à Irmandade Muçulmana. Peter Greste é 
aguardado pela família na Austrália.

As milícias do Estado Islâmico decapitaram o segundo refém japonês e atenção vira-se agora para a dramática negociação de um piloto jordano, capturado há algum tempo. A Jordânia está disposta a trocar prisioneiros, 
mas exige provas de que o piloto está vivo.

Por cá, a PGR confirmou que há investigações a correr sobre jiadistas nacionais. O 
comunicado oficial é de ontem, 24 horas depois do Expresso ter revelado que pelo menos dez jiadistas britânicos estiveram refugiados em Lisboa antes de seguirem para a Síria. A nossa investigação está a ser seguida com atenção em Londres – O Times escreveu ontem um artigo em joint venture com o Expresso – e hoje divulgamos a nossa história integral em inglês no Expresso Online.

Os ventos de Angola andam menos ricos nestes dias. Na sexta, o Expresso noticiou as fortes 
restrições de Luanda às importações. Hoje o Público revela que as remessas de Angola já tinham caído 14% em 2014, ainda antes da descida acentuada do preço do petróleo.

Grande notícia na arte mundial: foram 
descobertas duas esculturas de Michelangelo em bronze, um facto extraordinário, já que não se conhecia nenhuma obra do genial escultor nesta liga metálica.

No futebol nacional não há nada de relevante a assinalar. Benfica, Porto e Sporting partem com a mesma distância para uma jornada em que a equipa de Jesus vai a Alvalade. É domingo à noite.

FRASES

"O meu maior receio é transformar-me num político". Yanis Varoufakisministro das Finanças da Grécia
(Se a Grécia sair do euro) os investidores perguntavam de imediato se Portugal era seguro”. Wolfgang Munchau no Financial Times
Não temos nenhuma informação sobre o lançamento do próximo livro”. Comunicado da editora HarperCollins sobre a data de publicação do próximo livro da Guerra dos Tronos, cuja trama será pela primeira vez ultrapassada pelo andamento da série da HBO
Parental advisory. Explicit content”. Frase impressa na t-shirt de Kim Sears, namorada de Andy Murray na final do Open da Austrália, depois dos seus palavrões terem provocado uma enorme polémica na eliminatória anterior

O QUE EU ANDO A LER

Hoje vou aligeirar esta parte. Nunca percebi como é que há gente que chega ao escritório na manhã seguinte ao Super Bowl (é hoje) e sabe tudo sobre futebol americano. Pois bem, pus-me a ler umas coisas e aqui vão meia dúzia de dicas e links úteis para quem quiser humilhar colegas: a) o jogo foi mesmo emocionante e tudo se resolveu na última jogada porque os Seattle Seahwks resolveram fazer um passe em vez de correrem sempre em frente; b) o erro dos Seahwaks deu uma oportunidade de ouro a um jogador pouco conhecido dos New England Patriots de intercetar a bola e ficar famoso; c) apesar desta loucura final, as estatísticas do desporto americano dizem que esta final foi apenas a 12ª mais excitante de sempre; d) ganhou a equipa de Tom Brady, marido de Gisele Bundchen, um dos melhores jogadores de sempre do futebol americano; e) o concerto de Katy Perry tinha pessoas vestidas de tubarões a dançar e deu todo um novo sentido ao kitsh; f) a NBC resolveu disponibilizar a transmissão em streaming e foi arrasada nas redes sociais porque tinha um atraso de 50 segundos em relação à televisão; g) a Budweiser provou que não há nada como fazer anúncios de televisão em que a história gira em torno da amizade de um cachorro e de um cavalo; h) os anúncios do Super Bowl são os mais caros do mundo, cerca de 4 milhões de euros por 30 segundos; i)  os spots são quase todos disponibilizados antes no youtube e no facebook numa espécie de concurso paralelo ao jogo, com dezenas de milhões de visualizações; j) coisas sérias, o melhor anúncio da noite foi da própria Liga de Futebol Americano (NFL), era sobre violência doméstica, crime em que se envolveu um jogador este ano para embaraço da organização. Vale muito a pena ver.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Economist: Moeda angolana vai continuar a desvalorizar-se até 104,2 por Dólar em 2019

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Angola-A Economist Intelligence Unit (EIU) prevê que a moeda nacional angola se continue a desvalorizar até 1 dólar valer 104,2 kwanzas em 2019, mas alerta que uma nova descida nos preços do petróleo pode agravar a situação.
 
De acordo com uma nota enviada aos investidores pela unidade de análise económica da revista britânica The Economist, a que o Cirilo João Vieira teve acesso, os analistas da EIU consideram que "esperam que a moeda perca valor face ao dólar, não só pela tendência da balança corrente (que esperamos entre em défice a partir de 2015), mas também pelo fim dos estímulos à economia por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos, o que vai fortalecer o dólar".
 
Assim, concluem, "prevemos que o kwanza se vá depreciar de uma média de 99,1 para 1 dólar, no ano passado, para 104,2 por 1 dólar em 2019".
 
A nota aos investidores alerta, no entanto, que a situação pode agravar-se caso haja problemas na produção de petróleo em Angola, que representa mais de 75% das receitas fiscais e a esmagadora maioria das exportações do país, o que aliás já parece estar a acontecer: na sexta-feira, a taxa oficial do BNA era de 104,42 kwanzas para um dólar.
 
"Qualquer descida abrupta e sustentada nos preços do petróleo e nas receitas fiscais podem levar a uma depreciação súbita e mais agravada, bem como pressões inflacionárias", acrescenta o documento.
 
Para os analistas da EIU, a capacidade do Banco Nacional de Angola (BNA), sob a nova liderança de José Pedro de Morais Júnior, de sustentar a queda do kwanza "vai depender do nível de reservas em moeda estrangeira".
 
Nos últimos dias, as notícias sobre a falta de dólares nos bancos e as dificuldades em aceder à moeda de referência mundial saltaram para as páginas dos jornais, mas no final da semana passada o novo banqueiro central angolano rejeitou que tivessem sido dado ordens expressas aos bancos para limitarem o levantamento de dólares ou os câmbios.
 
Na sexta-feira, depois de ter sido empossado pelo Presidente da República enquanto governador do BNA, o antigo ministro das Finanças salientou que os "fundamentos macroeconómicos" do país "mantêm-se sólidos e sob controlo", mas reconheceu as dificuldades colocadas pela queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais, que caíram mais de 50% desde Junho, fazendo também com que se reduzam as divisas que entraram em Angola, o que fez a moeda nacional começar a desvalorizar-se em Novembro.
 
 "É verdade que o momento é particularmente difícil. O que tenho a dizer é que os fundamentos macroeconómicos do nosso país mantêm-se sólidos e sob controlo", mas "é evidente o momento de dificuldade", disse o governador, salientando a necessidade de encontrar "afinar instrumentos" para combater a provável recessão este ano.
 
"É justamente isso que o senhor Presidente da República tem vindo a fazer nas últimas semanas. Estamos todos confiantes e gostaria já de deixar uma recomendação a todos os agentes do sistema financeiro nacional para assumirem as suas responsabilidades e, com serenidade, tentarmos levar a cabo e ultrapassar o mais depressa possível este pequeno momento", declarou.
 
Na semana passada, as vendas de divisas do Banco Nacional de Angola (BNA) aos bancos comerciais desceram para menos de metade, com a taxa de câmbio a renovar máximos de vários meses.
 
De acordo com o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, divulgado na segunda-feira pelo BNA, o banco central vendeu 159 milhões de dólares (137 milhões de euros) em divisas, entre 12 e 16 de Janeiro.
 
Estas vendas à banca comercial angolana foram realizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 103,995 kwanzas (87 cêntimos de euro) por cada dólar, que desde Novembro não para de subir.
 
Na semana anterior, as mesmas vendas tinham-se cifrado em 350 milhões de dólares (300 milhões de euros).

Grécia: Quem é o Parceiro de Direita do Governo de Extrema-esquerda?

Grécia-O que têm o Syriza e os Gregos Independentes em comum? Talvez apenas uma política anti-troika. Em tudo o resto parecem defender posições opostas.
 
Os Gregos Independentes (ANEL) são um partido de direita, nacionalista e opositor às medidas impostas pela troika. Na semana passada, o seu líder, Panos Kammenos, defendeu que a dívida grega deve ser auditada e a parte "má" simplesmente considerada impagável, quer os credores gostem ou não. A Europa, acrescentou Kammenos, está a ser governada por "alemães neonazis".
 
Alguns membros do partido são eurocépticos, insistem nos temas da soberania nacional e exigem à Alemanha uma indemnização pela invasão e ocupação da Grécia durante a II Guerra Mundial.
 
O partido foi formado em 2012 por Panos Kammenos, até então deputado da dos conservadores Nova Democracia, mas que acabou por ser expulso do partido por se opor a algumas das suas políticas-chave.
 
Nas eleições de Junho de 2012, os Gregos Independentes conseguiram uma votação melhor do que a alcançada ontem: elegeram 20 deputados.
 
Panos Kammenos nasceu em Atenas em 1965, estudou Economia e Psicologia na Suíça. Chegou a ser vice-ministro de Marina Mercante no governo de Costas Karamanlis (Nova Democracia) entre Janeiro e Outubro de 2009.
 
"Quero dizer, basicamente, que a partir deste momento já há Governo. Os Gregos Independentes vão dar um voto de confiança ao primeiro-ministro Alexis Tsipras", afirmou Kammenos esta manhã, à saída da reunião com Tsipras. "O primeiro-ministro vai falar com o Presidente e o novo Governo deverá ser anunciado em breve. O objectivo para todos os gregos é embarcar num novo dia, uma nova realidade, com plena soberania.
 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Comprar Dívida Soberana é a Jogada Certa no Momento Certo?

Zona do Euro-É um dia histórico para a política monetária na zona euro. Pressionado pelos riscos de deflação e pela demora na retoma económica, o BCE prepara-se para avançar com o ‘quantitative easing'. A instituição liderada por Mario Draghi poderá injectar cerca de um bilião de euros no sistema financeiro nos próximos dois anos.
 
Os mercados têm antecipado o programa com grande expectativa, mas há também quem alerte para os riscos de não funcionar. O Cirilo João Vieira falou com seis economistas portugueses, de vários sectores, que aplaudem a medida, mas não acreditam em milagres.
 
"Não tenho dificuldade em aceitar que se diga que é a medida certa na altura certa", diz Daniel Bessa, director-geral da Cotec e ex-ministro da Economia. No entanto, avisa, é preciso "muita prudência no que se refere à eficácia destas medidas". "Podemos levar a água, leia-se o dinheiro, à boca do cavalo, mas não podemos obriga-lo a beber", sublinha.
 
É que, para estimular a economia real, é preciso que os bancos passem para os agentes económicos o dinheiro que vão receber das vendas ao BCE, algo que está longe de estar garantido. Samuel da Rocha Lopes, professor da Universidade Nova e antigo economista do BCE, diz que esse risco aumenta "se o programa for pequeno e pouco agressivo". Se assim for, frisa, o ‘quantitative easing' "vai apenas funcionar através dos mercados financeiros, sendo apenas uma medida de liquidez como todas as anteriores". Rocha Lopes concorda ainda que "é a medida certa", mas "a altura é tardia".
 
Paula Carvalho, economista do BPI, afirma que ser ou não a medida certa "depende dos montantes que o BCE vier a comprar e da forma como o mercado interpretar". E lembra que, apesar de o programa ter funcionado nos Estados Unidos, isso não é garantia que funcione na Europa, porque os sistemas financeiros são diferentes e "não se pode estabelecer paralelos" entre os dois.
 
Depois, há ainda o problema de o BCE não poder fazer tudo sozinho. A zona euro, os Estados-membros e a outras instituições como a Comissão Europeia têm de fazer a sua parte para superar a crise. É esse o alerta de Nuno de Sousa Pereira, presidente da Porto Business School, que admite que o ‘quantitative easing' "é a única medida de política monetária que ainda por ter algum impacto", mas não terá sucesso sozinha. "É também necessário alterar as expectativas dos agentes quanto à evolução futura da procura e da solidez do projecto europeu". É que "uma Europa sem estratégia para o investimento" e isso "não está nas mãos do BCE".
 
"Precisamos reconstruir o mercado de trabalho, revalorizar o trabalho e criar confiança na economia", concretiza José Reis, economista da Universidade de Coimbra, para quem o programa do BCE não será suficiente "para resolver uma crise de procura" como se vive no euro. Ainda menos se, para satisfazer a Alemanha, Mario Draghi obrigar cada banco central nacional a assumir o risco dos títulos soberanos do respectivo Estado-membro. Nesse caso, garante, "vai ser um balde de água fria".
 
De qualquer forma, nota Francisco Veloso, director da Faculdade de Economia da Católica, no que diz respeito a combater a ameaça de deflação que paira sobre a zona euro - que arrisca agravar a crise de dívida, tornando-a mais difícil que seja paga -, o ‘quantitative easing' "parece mesmo ser uma das únicas medidas potencialmente eficazes no actual contexto".