quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Acordo UE-Ucrânia: Celebrado em Kiev; Lamentado em Moscovo

Ucrânia-Dia histórico em Kiev e reações amargas em Moscovo após a ratificação pelo parlamento ucraniano do Acordo de Associação com a União Europeia. Uma cerimónia “sem precedentes” realizada em simultâneo com a votação no Parlamento Europeu.
 
Em Kiev, os 355 deputados presentes votaram a favor da ratificação do acordo e a alegria tomou conta das bancadas.
 
Em Moscovo, nas fileiras dos apoiantes do presidente russo não há surpresa. O deputado Nicolai Valuyev, do partido Rússia Unida, afirma: “Estávamos todos preparados para isto. A Rússia esperava até ao último momento que a Ucrânia não quisesse destruir a base económica em que vive, mas a julgar pelos sinais provenientes de Kiev não há lógica nas decisões que tomam”.
 
Franz Klintsevich, do mesmo partido, constata: “Assim que esses acordos forem aprovados seremos forçados a fechar as nossas fronteiras para muitas mercadorias, porque entendemos claramente que os produtos de alta qualidade e baratos da Europa não serão capazes de competir com os produtos ucranianos ou russos.”
 
Apesar da ratificação do acordo, a entrada em vigor de uma das suas cláusulas mais importantes foi adiada para Janeiro de 2016. A decisão de adiar a parte do acordo sobre o comércio livre entre a Ucrânia e os países da União Europeia foi tomada em conjunto com a Rússia, no final da semana passada.

Portugal Entre os Quatro Países com Taxa de vagas de Trabalho mais Baixa da União Europeia

Portugal-0,6% dos postos de trabalho existentes em Portugal estavam vagos no segundo trimestre do ano. É a mesma percentagem dos três meses anteriores. E é uma das mais baixas da União Europeia, onde a média se situa nos 1,6%.
 
Primeiro, Letónia. Depois Polónia. Seguem-se Espanha e Portugal. São estes os quatro países da União Europeia em que as vagas no mercado de trabalho representam a percentagem mais baixa face a todos os postos de trabalho existentes (vagos ou ocupados).
 
A taxa portuguesa fixou-se em 0,6% no segundo trimestre do ano, idêntica à dos primeiros três meses, segundo dados do gabinete de estatísticas europeu. Na comparação com o mesmo período do ano passado, há já uma melhoria: o número de postos de trabalho vagos aumentou de 0,4% para os referidos 0,6%.
 
A taxa de posto de trabalho vago expressa-se através da divisão do número de postos de trabalho vagos sobre o número de postos de trabalho ocupados somados ao número de postos de trabalho vagos.
 
Portugal apresenta então, neste campo, um dos números mais reduzidos no segundo trimestre. A percentagem mais baixa é a da Letónia, com 0,4%. A da Polónia é de 0,5% no primeiro trimestre, dado que valores do período entre Abril e Junho são confidenciais. Portugal e Espanha têm 0,6% dos postos de trabalho de toda a economia vagos. A média comunitária é de 1,6%, a da Zona Euro é de 1,7%. A Alemanha, com 2,8%, e a Bélgica, com 2,4%, são as economias em que há mais postos de trabalho disponíveis, de acordo com o Eurostat.
 
A taxa de "ocupação" dos postos de trabalho subiu em Portugal na comparação homóloga, pelo que o país acompanhou a evolução da média comunitária na transição entre estes períodos. "A taxa subiu em 15 países, permaneceu estável em quatro e caiu em sete comparativamente com o segundo trimestre de 2013", escreve o Eurostat. A média de 1,7% na Zona Euro é a mais elevada dos dois últimos anos, ainda que não tenha chegado aos valores anteriores a 2007, antes da crise financeira global que teve um forte impacto no mercado de trabalho.
 
Em Portugal, a recuperação desta taxa no último ano aconteceu depois de muitos empregos terem sido destruídos na sequência das medidas de austeridade impostas na sequência do resgate financeiro. A taxa de desemprego também tem vindo a cair nos últimos meses, depois de ter alcançado máximos. A recuperação económica que se sentiu no mesmo período poderá ter dado aos empregadores uma maior disponibilidade para contratar em 2014 do que no arranque de 2013, ainda que sem grandes euforias, dada a baixa taxa.

Grandes Empresas Europeias Agarram-se Firme ao Seu Dinheiro

Empresas Europeias-A tradição já não é o que era. Para investir não recorrem aos bancos, mas também não usam capitais próprios. As empresas europeias estão a amealhar todo o dinheiro que podem e no último ano as suas reservas aumentaram perto de 50 mil milhões de euros, apesar de a economia na região estar a dar alguns sinais de recuperação.

"Guardar o dinheiro em vez de o investir é uma mudança radical desde a crise económico-financeira e é um comportamento que parece ter vindo para ficar", disse Chris Gentle, responsável da Deloitte em Londres para a Europa, Médio Oriente e África, ao "Financial Times".

Segundo o jornal britânico, que fundamenta o artigo num estudo da consultora, as empresas cotadas na Europa, Médio Oriente e África têm nos seus balanços quase um bilião em cash, quando antes da crise, em 2007, tinham perto de 700 mil milhões.

Nos últimos doze meses, as cerca de 1200 companhias listadas nos principais índices da Europa, Médio Oriente e África acrescentaram mais 47 mil milhões de euros aos seus balanços.

"As empresas aumentaram claramente a média dos seus fundos próprios", disse Gareth Williams, economista chefe da Standard & Poor's, citado pelo "Financial Times". "Alguma coisa de estrutural aconteceu. Se as condições mudarem e voltarem a ficar complicadas, os bancos não estarão lá como têm estado historicamente para apoiar a liquidez financeira das empresas."

endividamento:  esta situação reflecte também a flexibilização de condições para empresas do mercado de obrigações, onde os custos dos empréstimos atingiram mínimos históricos e grandes empresas europeias puderem aceder a financiamentos baratos. Estas companhias estão também entres as mais endividadas.

Uma parte significativa dos balanços das empresas está concentrada em apenas algumas áreas de negócios. Mais de um terço no sector da manufactura.

A questão da dívida sugere que os negócios europeus continuam pouco dispostos a financiar os seus investimentos com recurso a capitais próprios - este é, aliás, um dos grandes problemas do sector empresarial português e faz parte de uma das mais recentes chamadas de atenção dos relatórios da troika.

Segundo a Deloitte, escreve o "Financial Times", 59% das 271 empresas contactadas directamente que planeiam investir para crescer no próximo ano, apenas um terço pretende fazê--lo com recurso a capitais próprios.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Rússia Olha para Angola para Compensar Sanções do Ocidente

Rússia-A Rússia olha para Angola como uma das formas de compensar as sanções aplicadas pelo Ocidente devido à intervenção na Ucrânia, e Angola pretende capitalizar a liquidez russa para equilibrar o orçamento deficitário, escreve a Economist Intelligence Unit (EIU).

De acordo com a unidade de análise económica da revista britânica The Economist, o empréstimo de 1,5 mil milhões de dólares feito pelo banco russo VTB Capital, "um dos maiores créditos isolados que Angola recebeu nos últimos anos, é um indicador não só da solidez das relações entre os dois países, mas também do impacto que as receitas petrolíferas abaixo do previsto estão a ter nas contas de Angola".

Na nota de análise distribuída aos investidores, os peritos da EIU lembram que este valor é maior que a totalidade do acordo assinado com o Fundo Monetário Internacional em 2009 para fazer face à falta de liquidez que se seguiu à queda dos preços do petróleo nessa altura.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

União Europeia Preocupada com Falta de Fiscalização da Pesca na Guiné-Bissau

Bruxelas-Bruxelas manifestou preocupação com a falta de fiscalização de atividade de pesca na Zona Económica Exclusiva da Guiné-Bissau, um facto reconhecido pelo secretário de Estado das Pescas, Ildefonso de Barros.
 
A União Europeia é uma das principais parceiras no sector das pescas da Guiné-Bissau e esta semana enviou uma equipa técnica para avaliar as medidas em curso para a fiscalização no sector.
 
De forma ainda preliminar a missão, chefiada por Louize Hill, da direção-geral do Mar na Comissão Europeia, concluiu que a fiscalização é deficitária.
 
“Há uma falta de controlo da pesca nas águas nacionais (da Guiné-Bissau), a União Europeia nas conversações que tem com as autoridades, fez uma avaliação onde constatou que há muito trabalho para fazer”, destacou Louize Hill.
 
O secretário de Estado das Pescas da Guiné-Bissau, Ildefonso de Barros também reconheceu que nos últimos anos, sobretudo durante o período em que o país foi dirigido por um Governo de transição, a fiscalização praticamente deixou de existir.
 
O responsável admitiu que a Guiné-Bissau quase deixou de ter a sua frota de controlo da actividade de pesca ilegal, não regulamentada ou pesca não declarada.
 
“A missão veio avaliar, no fundo, todo o nosso sistema de controlo e fiscalização da actividade de pesca, os registos dos navios, a forma como controlamos a emissão de licenças e o esforço de pesca na nossa ZEE”, notou Ildefonso de Barros.
 
O relatório final sobre a avaliação da União Europeia deve ser conhecido após o regresso da equipa, mas Louize Hill destacou que já foram transmitidas “algumas recomendações” às autoridades guineenses sobre o que é preciso corrigir.
 
Medidas devem ser tomadas ao nível da emissão de licenças, retoma da fiscalização, registo de navios e ainda no domínio da legislação do setcor, disse o secretário de Estado das Pescas guineense.
 
Totalizando mais de 60 navios, a União Europeia (Espanha, França, Grécia, Itália e Portugal) tem um acordo de pesca com a Guiné-Bissau em vigor desde 1980, mas na sequência do golpe de Estado militar de Abril de 2012 os barcos europeus deixaram de pescar nas águas guineenses.
 
O secretário de Estado das Pescas disse acreditar que brevemente os navios europeus voltaram a pescar na ZEE guineense.

Livro Sugere que Sékou Touré Mandou Matar Amílcar Cabral

A Morte de Amílcar Cabral-O investigador e professor universitário cabo-verdiano Daniel Santos lança sexta-feira, na Cidade da Praia, o livro "Amílcar Cabral - Um Novo Olhar", defendendo que Sékou Touré, antigo presidente da Guiné-Conacri, terá sido o "provável mandante" do assassinato.


"O livro veio confirmar que os portugueses nada têm a ver com a morte de Amílcar Cabral. Pelos dados que reúnem, tudo se encaminha para que tenha sido Sékou Touré, antigo presidente da Guiné-Conacri, o mais provável mandante do crime", revelou Daniel dos Santos, indicando que a obra será apresentada pelo antigo ministro das Infra-estruturas de Transportes cabo-verdiano, Armindo Ferreira.
 
O investigador recordou que no dia em que o "pai" das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde foi assassinado, Sékou Touré preparou um jantar no seu gabinete para os "40 cabecilhas" que estiveram envolvidos na morte de Cabral, a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri.
 
"As pessoas já estão identificadas. Só falta oficializar quem mandou matar Amílcar Cabral", prosseguiu o investigador cabo-verdiano, dizendo que a obra, de 600 páginas e sem prefácio, serve para "reavivar a memória" e fazer uma "rotura" de tudo o que já se escreveu sobre Cabral.
 
A morte de Cabral nunca foi devidamente esclarecida, havendo dúvidas sobre os mandantes do crime que o vitimou, reinando também o silêncio dos antigos companheiros no Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), cuja sede durante a luta de libertação (1963/74) estava precisamente em Conacri.
 
Vários livros já deram pistas sobre o contexto que levou à morte de Cabral, como os do jornalista e investigador português José Pedro Castanheira, do historiador guineense Julião Soares Sousa, dos escritores são-tomense Tomás Medeiros e angolano António Tomás, mas todos são inconclusivos sobre um envolvimento de Portugal ou do PAIGC.
 
Sabe-se apenas que o autor dos disparos que o vitimaram foi Inocêncio Kani, guerrilheiro do PAIGC entretanto falecido, alegadamente a mando de outro alto dirigente do então movimento independentista, Morno Touré, em conluio com Mamadou Ndjai, chefe da guarda de Cabral.
 
Daniel Santos recordou que o livro lhe ocorreu em 2001, quando começou a pensar em escrever uma dissertação de mestrado, que veio a coincidir com Amílcar Cabral e tinha como título "A Questão Colonial - O Contributo de Amílcar Cabral".
 
"Quando fui defender a minha dissertação de mestrado, dei conta que havia a necessidade de se fazer um livro como este, porque todo o debate que se centrou durante a arguição da tese foi sobre a vida de Amílcar Cabral. Houve a necessidade de se aprofundar mais", indicou, dizendo, porém, que o livro, escrito há dois anos, tem pouco a ver com a dissertação de mestrado.
 
Segundo Daniel Santos, a obra é diferente de tudo o que já se escreveu sobre Cabral e, em termos de metodologia, faz uma "rotura completa", uma vez que se afasta do "individualismo metodológico" para se centrar no "pluralismo metodológico", ou seja, cruza várias fontes, deixando o público tirar as suas próprias conclusões.
 
Para o investigador, que reivindicou ser o primeiro cabo-verdiano a escrever um livro sobre Amílcar Cabral, a obra servirá também para promover um "debate cívico, franco, pedagógico, académico, muito humilde e sem amarras" sobre Cabral, sem perder de vista o contexto em que viveu e se moveu.
 
"Valeu a pena fazer esta caminhada e apresentar aos cabo-verdianos, partidos políticos, investigadores, jornalistas e professores um livro que não foi feito a pensar em agradar a este ou aquele, mas que seja útil a quem o leia", mostrou.
 
Para o autor, Amílcar Cabral continua uma "figura marcante e emblemática" na história da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, uma pessoa com "defeitos e virtudes", defendendo ser necessário colocá-lo "no lugar que conquistou por mérito próprio".
 
O investigador cabo-verdiano diz que tem "muitas coisas na gaveta" e que já escreveu 90% de outro livro sobre a história das ideias políticas do fundador do Partido Africano para a Independência de Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
 
Daniel dos Santos, 57 anos, nasceu na Cidade da Praia, é jornalista - não está em exercício -, politólogo e professor nas universidades Lusófona de Lisboa, Jean Piaget e Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais (ISCJS), as duas últimas em Cabo Verde.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Amnistia Internacional Alerta Para Limpeza Étnica no Iraque

Iraque-A Amnistia Internacional alerta que o grupo armado do “Estado Islâmico” está a proceder a uma limpeza étnica no norte do Iraque.
 
De acordo com um relatório da organização, publicado terça-feira, estão a verificar-se vários crimes de guerra na região, como execuções em massa de membros de minorias étnicas e religiosas.
 
A situação humanitária no Iraque preocupa a comunidade internacional. O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas vai enviar uma missão ao país para investigar as violações cometidas pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante e, identificar os responsáveis ​​pelos crimes, com vista a levá-los à justiça.
 
“As actividades terroristas do Estado Islâmico são inaceitáveis à luz dos direitos humanos internacionais e da lei humanitária internacional”, afirma o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
 
Mais de 1 400 pessoas foram mortas e mais de 1 300 feridas em combates e outros incidentes violentos em Agosto no Iraque. Um balanço feito pela missão da ONU em Bagdade (UNAMI).
 
Combatentes do Estado Islâmico tomaram o controlo de vastas zonas no norte do pais, fazendo recuar as forças curdas e forçando milhares de pessoas a fugir. Os “jihadistas’” raptaram e recrutaram, ainda, crianças como combatentes.