terça-feira, 12 de agosto de 2014

Bruxelas Critica que a América Latina se Aproveite do Veto Russo à Europa

América Latina-A rapidez de vários Governos latino-americanos em se oferecerem como parceiros comerciais da Rússia não caiu nada bem em Bruxelas. A Comissão Europeia transmitirá aos representantes de “um grupo de países” do continente americano seu desacordo com a rápida reação depois das sanções russas aos produtos agrícolas dos EUA, Austrália, Canadá e Noruega, e começará a notificá-los para “reconsiderar” seus contratos em andamento com um parceiro “não fiável” como Moscou, segundo confirmaram fontes ligadas à UE na segunda-feira.
 
Com este movimento, a União Europeia procura chamar a atenção de um movimento que não considera leal, mesmo que seus 28 Estados membro não pretendam turvar suas boas relações diplomáticas e comerciais com países como Brasil ou Argentina.
 
“Podemos entender que produtores e exportadores, empresas privadas em última instância, busquem novas oportunidades. O que não compartilhamos é que haja Governos por trás disso”, afirmaram. Estas mesmas fontes enfatizaram que a UE não se imiscuirá em contratos privados, mas “lamentam” a atitude desse grupo de países e advertem da escassa integridade de Moscou como parceiro comercial. “Sacrificariam uma relação econômica em longo prazo por benefícios em curto prazo”.
 
Dessa atitude, Bruxelas recebeu na mesma segunda-feira outra boa mostra. Neste caso, de Buenos Aires: “A Argentina gerará as condições para que o sector privado, com o impulso do Estado, possa satisfazer a procura do mercado russo”, afirmou o chefe de gabinete do Governo argentino, Jorge Capitanich.
 
Com a assinatura desses acordos comerciais, a Rússia —o quinto maior importador de alimentos do mundo— procura suprir parte das carências que sua ruptura unilateral com a UE e os EUA poderia deixar em seu mercado interno. Apenas em 2013, as compras de alimentos europeus, agora vetadas, somaram 5,252 bilhões de euros (cerca de 16 bilhões de reais).
 
Em Bruxelas já havia caído especialmente mal que os embaixadores de Argentina, Chile, Equador e Uruguai em Moscou tenham se reunido com o maior responsável pelo Serviço de Inspeção Agrícola e Pecuária russo, Serguei Dankvert, poucas horas depois de o Kremlin decretar a proibição das importações.
 
Apesar do mal-estar, o Executivo europeu optará por uma queixa de perfil baixo. Nos próximos dias, representantes diplomáticos europeus transmitirão o protesto aos seus homólogos latino-americanos e, por enquanto, o aviso não ultrapassará o âmbito político. A UE estuda canalizar a mensagem por meio das delegações desses países nas instituições comunitárias ou pelos escritórios de representação da Comissão Europeia nas capitais latino-americanas.
 
O descontentamento europeu com as gestões de vários Governos latino-americanos com Moscou chega em um momento decisivo nas negociações para a assinatura de um tratado de livre comércio entre a EU e o Mercosul —o bloco regional que engloba Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Depois de quase duas décadas de conversações, os países latino-americanos esperam uma proposta europeia e os próximos meses, com a chegada de um novo Colégio de Comissários a Bruxelas, serão fundamentais. Mesmo que o Executivo comunitário prefira não relacionar o mal-estar da UE com o potencial acordo com o Mercosul, vários funcionários europeus contrastavam na segunda-feira sua atitude com a “lealdade manifesta” de países como Austrália, Canadá e Noruega, que fizeram suas as sanções contra a Rússia.
 
Bruxelas lida também com um mal-estar interno, o dos produtores agrícolas. Já está programada uma reunião para abordar o assunto, nesta quinta-feira, mas o comissário de Agricultura, Dacian Ciolos, afirmou na segunda-feira que, por enquanto, serão adotadas “medidas de apoio” aos produtores de pêssego e nectarina, que ao veto russo somam os efeitos de “condições meteorológicas adversas”.

Iraque: Primeiro-ministro Cessante Fala da Violação da Constituição

Resultado de imagem para Nuri al-Maliki
Iraque-Nuri al-Maliki acusa o chefe de Estado do Iraque de violar a Constituição. Em causa a nomeação de Haider al-Abadi para primeiro-ministro.
 
Vice-presidente do parlamento iraquiano foi escolhido pela coligação de partidos xiitas que sustentavam o anterior executivo e convidado depois pelo presidente para formar governo. O primeiro-ministro cessante contesta a decisão que considera ilegal e promete reparar o que qualifica de “erro.”
 
A substituição promete acentuar as divisões internas, em tempos de crise política. Desde logo, porque o homem escolhido para formar governo é, tal como Nuri al-Maliki, xiita. A população iraquiana ainda não reagiu, ao contrário dos Estados Unidos. Washington já felicitou o sucessor de Al-Maliki.
 
Barack Obama reconhece que a tarefa do novo chefe de governo não se adivinha fácil. O presidente norte-americano acredita que al-Abadi pode ganhar a confiança dos iraquianos através de um governo que dê voz aos diferentes grupos e etnias. Obama garante que os Estados Unidos vão apoiar um executivo que responda às necessidades de todos os iraquianos.
 
Os Estados Unidos têm em marcha uma ofensiva no norte do Iraque contra os fundamentalistas do Estado Islâmico. Esta segunda-feira, Washington fez um balanço positivo do ataque aéreo efetuado no domingo contra posições dos extremistas. Excluída está para já a hipótese de serem feitos novos ataques para além dos que estão em curso no norte do país.
 
Em junho, os extremistas proclamaram a criação de um estado islâmico, nas zonas conquistadas no Iraque e na Síria.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

BCE Matém Taxa de Juro e Alerta para Riscos Geopolíticos

Zona do Euro-Tal como esperado, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juro diretora em 0,15%, um valor mínimo histórico estabelecido em junho.
 
Na altura foram também anunciadas duas injeções de capital para estimular a banca a conceder crédito às empresas e às famílias, sendo a primeira já em setembro.
 
Mas a anémica recuperação económica da zona euro enfrenta nova ameaça face à crise militar russo-ucraniana, a que aludiu o presidente do BCE.
 
“Os riscos geopolíticos bem como desenvolvimentos nas economias dos mercado emergentes e nos mercados financeiros globais têm potencial para afectar negativamente as condições económicas, inclusive com efeitos nos preços da energia e na procura mundial dos produtos da zona euro”, disse Mario Draghi.
 
Os desenvolvimentos mencionados por Draghi incluem o anúncio do governo russo de banir a importação, por um ano, de produtos alimentares da União Europeia e de outras potências ocidentais.
 
Os analistas consideram cada vez mais forte a possibilidade do BCE seguir o exemplo de outros bancos centrais, nomeadamente o norte-americano, de lançar um programa de impressão de dinheiro para comprar ativos, tais como títulos do governo.
 
Tal poderá ocorrer no início de 2015, depois do BCE fazer a segunda injeção de liquidez nos bancos, em dezembro.

Financial Times BES Mostrou os "Muitos Pecados" da Vida Empresarial

Portugal-“O Banco Espírito Santo mostrou recentemente, e de forma incrível, como muitos pecados do passado permanecem na vida empresarial portuguesa”, lê-se num texto publicado no blogue ‘Alphaville’ do Financial Times que destaca os vários swaps contraídos por empresas públicas de transporte e que ameaçaram causar um rombo nas contas nacionais.
 
‘Derivados e entidades públicas: não seja um perdedor logo ao primeiro dia’ é o título do artigo e como exemplo é dado um swap da Metro do Porto, que deveria proteger o financiamento da empresa das variações das taxas de juro mas que, tal como sucedeu em outras empresas públicas, representou elevadas perdas.
 
Em causa, refere o texto, está concretamente o swap assinado em 2008 entre a Metro do Porto e o Goldman Sachs, apresentada como “uma das transações de derivados mais desnecessariamente complicada de sempre”, em que as perdas de um trimestre se acumulavam com os anteriores.
 
“No dia um das transações [os encargos que a empresa teria caso, no primeiro dia, quisesse cancelar o contrato], a Metro do Porto tinha – em termos de valor de mercado do swap – uma perda de 40 milhões de euros”, diz o artigo, sublinhando que os administradores da empresa à data “tinham consciência do que havia sido assinado”.
 
Na altura, Ricardo Oliveira era o presidente executivo da empresa que já ouvido na comissão de inquérito aos swaps, passou a ‘batata quente’ ao Governo, acusando-o de obrigar a investimentos sem que houvesse dinheiro para tal e obrigando a Metro do Porto a subscrever derivados que alegadamente melhoravam as contas no curto prazo.
 
“Parece haver uma lição óbvia a retirar, que se aplica além de Portugal. Se dirige uma empresa pública que obtém um swap para conseguir um crédito, analise as perdas iniciais”, aconselha o artigo.

China e Estados Unidos Trocam Acusações sobre Investimentos em África


China-O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, pediu em um comunicado quinta-feira, 7, que o governo dos Estados Unidos faça uma avaliação mais "racional e objectiva" dos investimentos chineses em África. O pedido de retratação veio depois de Barack Obama ter dito durante a Cimeira dos Líderes Africanos que os Estados Unidos não olhavam África apenas pelos seus recursos naturais, uma crítica que analistas interpretaram como sendo dirigida a Pequim.
A resposta veio na sequência: "a política da China em África foi sempre realizada sob os princípios da sinceridade, amizade, tratamento equitativo e benefício mútuo", rebate em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
 
Obama disse ainda que os norte-americanos não pretendiam apenas retirar os minerais africanos, mas também "construir associações que criem postos de trabalho e oportunidades para todo o mundo".
 
Em resposta, Hua Chunying garantiu que na relação com África, Pequim não procura apenas o lucro para as suas empresas, mas também melhorias económicas e sociais para o continente. E ainda manifestou o desejo da China de que os "Estados Unidos, o país mais desenvolvido do mundo, possa assumir um papel de maior apoio ao crescimento das nações africanas".

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

União Europeia Reserva o Direito de Responder as Sanções Russas

Resultado de imagem para união europeia
União Europeia-Inversão de marcha para as exportações agro-alimentares europeias com destino à Rússia. Moscovo baniu a importação de produtos alimentares da União Europeia, da Noruega, Estados Unidos, Canadá e Austrália, em resposta às sanções contra o Kremlin pelo alegado papel na crise do leste ucraniano. Bruxelas reagiu ao anunciar que reserva o direito de responder contra uma medida que diz ser “claramente política”.
 
A Alemanha desdramatiza o impacto da retaliação económica russa. O ministro alemão da Agricultura Christian Schmidt afirmou que “a Rússia tem sido um cliente ágil e infelizmente os números das exportações de carne e no setor do leite já estavam numa grande queda”.
 
Mas as palavras do ministro alemão contrastam com as do ministro italiano do Trabalho e das Políticas Sociais, Giuliano Poletti, que garantiu que a medida vai ter grandes consequências na Itália, país bastante afectado pela crise, e noutros países europeus.
 
Na Grécia, alguns vendedores de fruta dizem não recear pois acreditam que “a consequente maior oferta de produtos agrícolas no mercado interno vai provocar uma queda nos preços, apesar dos produtores lucrarem menos”.
 
De acordo com um estudo russo, baseado no Eurostat e em dados nacionais, a Rússia importa 43% dos produtos alimentares consumidos no país.
 
Alguns consumidores russos apoiam a decisão do Kremlin e dizem que os produtores precisam agora de trabalhar para fazer com que os produtos fiquem disponíveis no mercado interno.
 
Se as sanções russas podem afetar a já débil economia europeia, a medida pode também levar à penúria de alimentos nas prateleiras dos supermercados russos, mas Moscovo tem como alternativa a importação de produtos oriundos da América do Sul.

África do Sul: Winnie Mandela, Reivindica o Direito de Propriedade da Casa de Qunu

África do Sul-Winnie Madikizela-Mandela, segunda esposa de Nelson Mandela, está a contestar o testamento deixado pelo primeiro Presidente negro da África do Sul ao reivindicar o direito de propriedade da casa de Qunu, na Província do Eastern Cape.
 
O advogado de Winnie, Mvuyo Notyesi, terá endereçado há duas semanas atrás, uma carta reivindicativa ao vice-juiz Presidente Dikgang Moseneke, um dos co-executores do testamento de Mandela.
 
Na carta, Notyesi, argumenta que os costumes do clã AbaThembu, ditam que o direito de propriedade sejam conferidos a sua cliente Winnie e aos seus descendentes. “Este direito é conferido a esposa divorciada como não,” lê-se da carta do advogado Notyesi.
 
Segundo o advogado, é na propriedade de Qunu, que os filhos e netos da senhora Madikizela-Mandela, podem praticar os seus rituais ou custumes tradicionais.
 
Como suporte a esta reivindicação, outras cartas foram enviadas pelos anciãos do clã AbaThembo, pelo rei Buyelekhaya Dalindyebo entre outros.
 
De acordo com a carta de reivindicação, não se tratava de um desafio, mas sim de um arranjo com base nos costumes e nos direitos tradicionais.
 
O vice-juiz Presidente do Tribunal Constitucional e um dos executores do testamento de Mandela, Dikgang Moseneke, já confirmou a recepção da carta reivindicativa e defendeu que esta seria analisada nesta quinta-feira.
 
Winnie Madikizela-Mandela, que foi esposa de Nelson Mandela por 38 anos, não foi contemplada no testamento deixado pelo ícon da luta contra a segregação racial na África do Sul. Este testamento foi tornado público em Fevereiro último, após a morte de Mandela a 5 de Dezembro de 2013.