terça-feira, 27 de maio de 2014

Guiné-Bissau : Nuno Nabian Desmente Primeiro-ministro de Cabo-Verde

Guiné-Bissau-Nuno Nabian, candidato derrotado nas recentes presidenciais da Guiné-Bissau, desmente alegadas pretensões em matéria de funções ministeriais no  futuro Governo do país.     

Após ter contestado a vitória de José Mário Vaz nas últimas eleições presidenciais, Nuno Nabian desmentiu  ter exigido a pasta de vice-primeiro-ministro e a supervisão da reforma das forças armadas bissau-guineenses, bem como o ministério dos recursos naturais.

As revelações sobre as alegadas exigências do ex-candidato independente apoiado pelo PRS (Partido da Renovação Social),  foram feitas no passado dia 23 de Maio pelo  primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves.

O PRS descartou toda e qualquer ligação com as  exigências do candidato infeliz à magistratura suprema da Guiné Bissau, que confirmou ter aceitado os resultados do escrutínio presidencial em nome da paz e da estabilidade no país da África Ocidental, de 1,6 milhões de habitantes cuja história desde a sua  independência oficial em 1974, foi marcada por uma sucessão de golpes de Estado e por uma instabilidade política crónica.

A eleição presidencial vencida em 18 de Maio pelo candidato do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) José  Mário Vaz  com  61,9% dos sufrágios,  tem como objectivo restabelecer a normalidade política na conturbada ex-colónia portuguesa.

Nuno Nabian, que tinha negociado a aceitação dos resultados com o chefe da missão dos observadores da União Africana, o ex-presidente moçambicano, Joaquim Chissano e com os responsáveis da Comunidade Economica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) declarou nomeadamente, nesta segunda-feira, que não competia ao primeiro-ministro cabo-verdiano resolver os problemas internos da Guiné Bissau.

Missaão da OSCE Classifica Eleições da Ucrânia como Democráticas e Transparente

O novo Presidente da Ucrânia
 
Ucrânia-A missão de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) elogiou, segunda-feira última, as eleições presidenciais na Ucrânia.
 
O coordenador da missão, João Soares qualificou-as de democráticas e transparentes. De qualquer forma, registaram-se cerca de 700 irregularidades. Mas nada que se compare com os escrutínios de 2010 e 2012 onde a compra de votos era uma prática comum.
 
A maioria problemas ocorreu na região leste do país como destacou João Soares: “na cidade de Donetsk nenhuma mesa de voto foi aberta. Mas estes casos não retiram legitimidade a estas eleições uma vez que a afluência às urnas foi bastante maior que a das eleições europeias.”
O coordenador dos observadores destacou ainda a coragem da sociedade ucraniana, de autoridades, dos jornalistas e das organizações civis.
 
Em Kiev, lembra-se ainda que “os resultados oficiais das eleições presidenciais devem ser anunciados no dia 1 de Junho, nos 30 dias seguintes deve ocorrer a tomada de posse. Logo a seguir, novo chefe de Estado, Petro Poroshenko deve visitar Donbass, com uma prioridade: recuperar o controlo do leste do país.”

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Eleições Europeias: O Partido Popular Europeu Vence Eleições Mas Perde Assentos no Parlamento Europeu

O futuro Presidente da Comissão Europeia(Jean-Claude Juncker)

Eleições Europeias-O grupo do Partido Popular Europeu é o claro vencedor das Eleições Europeias mas, é também claro, que perde um número significativo de assentos no Parlamento Europeu.
 
O grupo dos Socialistas Europeus volta a não se superar, ainda que se mantenha como a segunda força no parlamento, mas perde também lugares. Quem ganha são as pequenas formações e os independentes que, em alguns casos, quadruplicaram os resultados.
 
A corrida para a presidência da Comissão Europeia está na reta final. Para o líder dos Populares Europeus a vitória está garantida:
“Suponho que vou ser escolhido porque o PPE foi o claro vencedor desta eleição, por isso tenho de negociar com outras forças políticas para garantir uma maioria”, afirmou Jean-Claude Juncker.
 
Martin Schulz, o candidato pelos socialistas europeus, não acredita na vitória de Juncker já que o PPE perde um número considerável de lugares no parlamento:
 
“Uma coisa é clara, o PPE vai perder sessenta lugares no parlamento. Mas há outra coisa que é clara, sem o acordo com o grupo dos Sociais-democratas, no parlamento, não é possível uma maioria.”
 
Seja qual for o cenário, os candidatos têm de conseguir o apoio de 50% dos membros do Parlamento Europeu para chegarem à Presidência, o que significa que será necessário conseguirem acordos com outras forças políticas.

Financial Times diz que há Erros nos Dados do Economista Thomas Piketty

Financial Times-O Financial Times publicou sexta-feira última um longo artigo em que explica ter encontrado vários erros nas fórmulas e nos dados usados pelo economista Thomas Piketty no aclamado livro O Capital no Século XXI, que analisa a desigualdade de rendimentos e riqueza nos últimos 200 anos na Europa e nos EUA.
                   
As fontes e as folhas de cálculo usadas por Piketty foram disponibilizadas pelo próprio na Internet. O editor de economia do jornal britânico, Chris Giles, debruçou-se sobre aquele material e diz que Piketty se enganou a copiar alguns números, que fez ajustes às fórmulas para que os resultados sustentassem a tese do aumento da desigualdade, que recorreu a dados de anos errados para extrair conclusões e que apresentou gráficos com dados para períodos em relação aos quais não existe nenhuma fonte.
 
“Quando estava a escrever um artigo sobre a distribuição da riqueza no Reino Unido, notei uma discrepância séria entre a concentração de riqueza contemporânea descrita em O Capital no Século XXI e aquela que estava nas estatísticas oficiais do Reino Unido”, escreve o jornalista, explicando que isso o levou a analisar as contas do economista francês. “Descobri que as estimativas dele de desigualdade na riqueza – a peça central de O Capital no Século XXI – estão minadas por uma série de problemas e erros. Alguns assuntos são problemas de fontes e de definições. Alguns números parecem ser simplesmente tirados do ar”.
 
Numa resposta escrita ao jornal, que foi publicada na íntegra, Piketty começa por afirmar que colocou os ficheiros online porque quer “promover um debate aberto e transparente” e argumenta que se tivesse algo a esconder não teria disponibilizado aquela informação.
 
“Tal como escrevi claramente no livro, no apêndice online e nos muitos artigos técnicos que publiquei sobre este tópico, é preciso fazer uma série de ajustamentos às fontes de dados para as tornar mais homogéneas ao longo do tempo e entre países”, prossegue Piketty (cujo livro será tema de um trabalho na revista 2 deste domingo). “Tentei no contexto deste livro fazer as decisões e escolhas mais justificadas sobre as fontes de informação e ajustamentos”. O economista admite que as fontes de informação históricas existentes sobre riqueza precisam de ser melhoradas, mas diz que ficaria “muito surpreendido se alguma conclusão substantiva sobre a evolução de longo prazo das distribuições de riqueza fosse muito afectada por estes melhoramentos”.
 
Na resposta, Piketty remete também para um artigo científico recente de dois investigadores (um da Universidade de Berkeley e outro da London School of Economics) sobre a desigualdade de riqueza nos EUA. O autor nota que as conclusões a que este trabalho chega são semelhantes às que estão no livro.
 
Os erros a que o Financial Times se refere dizem respeito aos dados relativos à riqueza, sobre a qual o autor já tinha admitido haver menos fontes de informação. O livro analisa também a evolução do rendimento. A principal tese é a de que o retorno do capital é superior ao crescimento económico e que a riqueza tende a concentrar-se numa minoria. O livro tornou-se um best-seller, tendo recebido vários elogios de outros economistas, incluindo do Prémio Nobel Paul Krugman, embora também tenha sido alvo de várias reparos. O colunista do Financial Times Martin Wolf, por exemplo, tinha destacado a importância do livro, mas referido “fraquezas claras” em algumas das ideias do autor. No entanto, esta crítica não se referia às conclusões estatísticas.
 
Chris Giles aponta muitos pontos que considera errados nas folhas de cálculo de Piketty. Numa delas, os números sobre a concentração de riqueza nos EUA em 1908 não são os que estão na fonte indicada pelo próprio economista. O jornalista sugere que se tratou de um simples erro de transcrição, já que o valor é igual ao de outro ano na tabela original. Num outro caso, o jornalista observou ajustamentos "arbitrários" e não explicados nas fórmulas. Por exemplo, à fórmula para calcular a percentagem de riqueza detida pelo 1% de pessoas mais ricas dos EUA em 1970 foram somados dois pontos percentuais. Ainda numa outra das muitas falhas descritas, o jornal diz que Piketty usou dados de 1935 da Suécia como se fossem valores para o início daquela década, procedimento semelhante ao que fez para outros países e anos.

O Acordo entre Rússia e China

Rússia e China-O editorial de quinta-feira, 22 de Maio do Financial Times afirma que o acordo de 400 bilhões de dólares, prevendo o fornecimento de 30 bilhões de metros cúbicos de gás anualmente, durante 30 anos, da Rússia para a China, “sublinha a fraqueza” do primeiro parceiro desta dupla.

Chega ao ponto de, ao final, dizer que a Rússia torna-se assim o “junior partner” da China, como fornecedora da matérias primas, e que, portanto, a situação é “humilhante” para o povo russo.

Entretanto, a assinatura deste acordo mostrou, no fundo, a fragilidade de algumas análises que ora abundam no periódico britânico, porta-voz oficioso da City londrina. Dias atrás, em sua coluna/blog a múltiplas mãos, FT Alphaville, de comentários sobre os mercados mundiais (mais precisamente na segunda-feira, 19 de Maio) aparecera o vaticínio peremptório de que Vladimir Putin, nesta sua visita à China, sairia de mãos abanar, sem conseguir a assinatura do acordo, que já demorava dez anos. O comentário era vigoroso; faltou no entanto combinar a profecia, cheia de “wishful thinking” com os presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping.

O acordo abre uma nova era não só nas relações entre os dois países – mais complicadas sob o comunismo e a Guerra Fria do que agora, no triunfo do capitalismo – mas também nas relações dos dois com os Estados Unidos. Se este país e a Europa brincam com fogo na questão ucraniana, a Rússia também se mostra disposta a brincar – não invadindo a Ucrânia (pelo menos até agora), ao contrário do que vaticinam todos os dias as bruxas de Macbeth da mídia ocidental – mas anunciando manobras militares conjuntas com a China perto das ilhas Senkaku, o arquipélago em disputa entre esta e o Japão, que tem o apoio ostensivo dos Estados Unidos.

Há outros aspectos ainda a considerar nas bordas do acordo do gás – entre a Gazprom russa e a CNPC chinesa. Haverá a construção de um gasoduto de 4 mil quilômetros, por Vladivostok, em que a Rússia investirá 55 bilhões de dólares e a China, 20. Este gasoduto poderá ser o primeiro passo para novos acordos de fornecimento de gás russo para, por exemplo, o Japão, Vietnã, e outros países da Ásia. Além disso, outros analistas britânicos ressaltam que o próprio acordo com a China poderá ser ampliado nas décadas vindouras.

O Financial Times insinua que a Rússia erra ao privilegiar a China ao invés de seu diálogo com o Oeste e a Europa, porque, entre outras coisas, o fornecimento de gás àquele país será apenas de 25% do que a primeira fornece ao continente europeu, que continuará assim sendo o principal parceiro da “estagnada” economia russa na questão do gás. Entretanto, outros analistas na capital londrina e em outros países da Europa já exalam o temor de que o acordo com os chineses venha a encarecer ainda mais o fornecimento de gás para a combalida... economia europeia, que depende entre 25% e 30% (os números variam de acordo com a fonte) para seu consumo de energia da Gazprom.

Nisto tudo, manifesta-se uma constante que vem progredindo de modo alarmante em toda a mídia europeia. Tradicionalmente, esta mídia se mostrava sempre mais equilibrada e plural do que a nossa velha mídia oligárquica brasileira e latino-americana de um modo geral. Entretanto nos últimos tempos vem proliferando a contaminação daquela mídia por práticas comuns da nossa.

Dois exemplos ilustram a contaminação

No caso da Ucrânia, o renascimento da Guerra Fria reativou um padrão de editorializar matérias e comentários em cores maniqueístas, demonizando a Rússia e Putin, e fazendo vista grossa para a presença dos neofascistas nas hostes de Kiev. Ainda assim, continua a haver espaço para relatos de repórteres in loco que vez por outra relativizam esta simplória atitude editorial.

E há o caso do Brasil, onde as críticas se sucedem sem que haja contraditório visível. Multiplicam-se os ataques ao Brasil, inclusive por brasileiros que conseguem espaço nesta cada vez mais também “velha mídia”europeia, como foi o caso recente de Paulo Coelho, Ney Matogrosso e Luiz Ruffato. Foi coincidência, por certo, a saída da revista alemã Der Spiegel, com a capa abstrusa onde uma bola de fogo cai sobre o Rio de Janeiro, externando os vaticínios de que o circo irá pegar fogo no Brasil (leia-se Rio de Janeiro) durante a Copa, no dia em que aconteceu o ataque a pedradas contra a Embaixada do Brasil em Berlim. Foi coincidência, mas sabemos que de coincidências o inferno está cheio, porque elas são no mais das vezes significativas.

Não se trata de cercear críticas, mas de reivindicar o direito ao contraditório com igual destaque, sobretudo no caso de reportagens. Ou até mesmo de informações mais completas. No último dia em que houve manifestações anti-Copa no Brasil, consideradas um fracasso pela própria velha mídia anti-governo do Brasil, mais uma vez a torcida dos Gaviões da Fiel foi convocada para “proteger o Itaquerão”, em São Paulo. Mas isto não saiu aqui em lugar nenhum. A cobertura restringiu-se às tradicionais cenas de coquetéis Molotov e ao “bate-bola” violento que termina acontecendo com a polícia.

É pena. Para parte da velha mídia do Velho Continente, a bússola do bom jornalismo trincou.            

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Ucrânia: Os Separatistas Pró-russos Causaram Pesadas Baixas ao Exército Governamental

Ucrânia-O exército ucraniano sofreu quinta-feira última as mais pesadas baixas desde o início da operação para retomar aos separatistas pró-russos o controlo do leste do país.
 
Segundo o ministério ucraniano da Saúde 16 soldados foram mortos na cidade de Volnovakha e um na região de Lugansk e pelo menos 36 foram hospitalizados.
 
“Ajudei o mais que pude. Desde que tudo começou transportei os feridos prestei primeiros socorros e ajudei no que pude. Foi a minha filha que me telefonou a dizer que a guerra tinha começado. Vim a correr para aqui para ajudar”, disse um habitante da região.
 
Entretanto os separatistas mostraram armas que alegaram ter apreendido ao exército ucraniano na cidade de Horlivka.
 
Um dos separatistas referiu-se de forma sarcástica ao estado do armamento apreendido.“Vejam a qualidade das armas ucranianas”, afirmou.
 
Estas baixas no exército ucraniano surgem três dias antes das eleições presidenciais, um escrutínio essencial para o futuro do país após seis meses de crise política que quase conduziu a uma guerra civil.

Rebelde Tomam Controlo de cidades no Nordeste no Mali

Mali-Kidal e Menaka são duas de várias do nordeste do Mali que foram tomadas por rebeldes tuaregues após violentos combates com o exército maliano. Vários mortos e reféns entre os militares, são reclamados pelos rebeldes, mas não confirmados pelo governo.
 
A região tem vindo a ser palco de um braço de ferro violento entre grupos rebeldes de tuaregues, com suspeitas de ligação à Al-Qaida, e militares às ordens do governo do Mali. O executivo maliano já admitiu, aliás, o recuo das tropas face à forte resposta armada dos rebeldes, em particular na quarta-feira em Kidal, onde o exército tentou investir com armamento pesado sobre os tuaregues.
 
Os combates na região intensificaram-se no sábado, após a visita a Kidal do primeiro-ministro do Mali, Moussa Mara, em apoio aos militares malianos ali estacionados. Nesse dia, um grupo de rebeldes tuaregues investiu sobre a cidade e tomou o controlo de postos estratégicos, sequestrando no processo cerca de trinta pessoas, a maioria funcionários públicos. Os reféns viriam a ser libertados após intervenção da Minusuma, a força de paz das Nações Unidas presente no Mali.
 
A França tem cerca de 1600 militares no país, mas o embaixador gaulês na capital Bamaco garantiu que os militares franceses não estiveram envolvidos na missão militar no nordeste, da qual garante nem ter sido informado pelo governo maliano.
 
Os rebeldes islâmicos em actividade no norte do país estão associados ao Movimento Nacional pela Libertação de Azawad (MNLA), que reclama a independência de uma parte do norte do país face ao Mali. Há dois anos, uma revolta dos tuaregues despoletou um golpe de Estado, mas a ordem civil viria a ser resposta no país no ano passado após a intervenção militar francesa. O conflito, porém, está de novo a agravar-se.