quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Bósnia-Herzegovina: Quase Uma Semana de Protestos e já com Eco em Sérvia


Bósnia-Herzegovina-Desde quarta-feira passada que a Bósnia-Herzegovina é palco de ruidosos protestos. Saturados das promessas de uma melhoria de vida, que há 20 anos é adiada, e com o desemprego a aumentar bem para lá dos 40 por cento da população, os bósnios saturaram-se da passividade do governo e entraram em rutura com o executivo.


As manifestações estenderam-se a muitas outras cidades desta antiga república da Jugoslávia. Mas é na capital que está, de momento, o principal foco dos protestos.



Na Sérvia, porém, o descontentamento bósnio fez eco. Um grupo organizou mesmo uma manifestação de solidariedade através de uma página de grupo criada no Facebook e intitulada “Support from Serbia to the People of Tuzla”, por referência à cidade no norte da Bósnia onde foram espoletados os protestos anti-governo.

Quase a completarem uma semana, as manifestações bósnias descontrolaram-se na sexta-feira quando, em resposta ao fogo posto em edifícios do governo, a polícia interveio em força. Dos confrontos resultaram centenas de feridos, grande parte deles polícias.

O clima de tensão na Bósnia faz lembrar o que há mais de dois meses se vive também em Kiev, na Ucrânia, onde protestos anti-governo transformaram o centro da cidade no que parece ser o cenário de uma guerrilha urbana. Os reponsáveis políticos das vizinhas Sérvia e Croácia receiam que o descontentamento bósnio alastre para lá das fronteiras.

Um antigo representante da União Europeia na Bósnia-Herzegovina, Carl Bildt, pôs, entretanto, o dedo nesta atual ferida da região dos Balcãs: “Os políticos, na Bósnia, têm-se focado demasiado em questões erradas como a constituição seminacionalista e outros assuntos. Eles têm ignorado os principais problemas do país como a necessidade reformas económicas fundamentais. Isso tem sido negligenciado.”

 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

África Perde 50 bilhões de Dólares Por ano Com Saída Ilegal de Dinheiro, Calcula ONU

África-O vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, e o ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, destacou na quinta-feira passda a necessidade de esforços globais para lidar com o problema dos fluxos financeiros ilícitos originários da África, que vêm prejudicando o desenvolvimento do continente nas últimas décadas.
 
Segundo estimativas das Nações Unidas, a África perde 50 bilhões de dólares por ano em fluxos ilícitos, o que ultrapassa os investimentos recebidos pelo continente.
 
Cerca de dois terços desses fluxos de saída têm origem em actividades de multinacionais, enquanto aproximadamente 30% vêm de actividades criminais, incluindo tráfico humano e do narcotráfico, assim como outras práticas corruptas. Segundo Mbeki, os países que recebem esse dinheiro são países desenvolvidos e paraísos fiscais.
 
“Se conseguirmos impedir que a África perca recursos em fluxos de saída ilícitos, esses fundos podem ser direcionados para atender as necessidades das pessoas no continente e permitir que elas tenham um futuro melhor”, afirmou Mbeki no Painel de Alto Nível sobre Fluxos Financeiros Ilícitos da África, na sede da ONU em Nova York.
 
O Painel, estabelecido pela Comissão Econômica da ONU para a África (UNECA) e pela União Africana (UA), foi inaugurado em fevereiro de 2012 e, além de ser presidido por Mbeki, conta com a participação de nove membros de dentro e fora do continente.
 
O relatório final do Painel, após a visita aos Estados Unidos, deve ser apresentado em Junho deste ano, incluindo observações sobre o problema e propostas detalhadas sobre como deve ser a resposta do continente e do resto do mundo.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Empresários Reunidos em Cabo Verde Dizem que não é o Momento para Investir em África

Negócio em África-O engenheiro e empresário Erik Charras, nomeado Jovem Líder Global pelo Fórum Económico Mundial, falava no painel dedicado aos casos de sucesso em África no domínio da inovação e empreendedorismo.
 
Erik Charras fundador do jornal “Verdade de Moçambique” explicou que um dos principais constrangimentos é o facto de os governos e investidores não colocarem dinheiro nos projectos empreendedores jovens.
 
"O que me faz realmente acreditar que o momento ainda não é o certo para a África e que os casos de sucesso são excepções, é que ainda não há um ambiente que conduz a essa realidade [de sucesso]. O nível de dificuldades que qualquer empreendedor enfrenta é enorme, desde a pessoa que quer vender chinelos a alguém que pensa em algo completamente novo" fundamentou.
 
Erik Charras é da opinião que alguns dos entraves têm a ver com o elevado nível de impostos, mas também porque os governos não estão interessados em colocar verbas na inovação e empreendedorismo jovem.
 
"Um dos exemplos que dou sempre é que Mark Zuckerberg nunca poderia ter desenvolvido algo como o Facebook em África. Porque aqui quando alguém tem uma ideia, não tem pessoas dispostas a investir e correr o risco de perder dinheiro. Outra questão é que lá [nos EUA] as finanças não vão atrás deles antes de começarem a ganhar dinheiro".
 
"Em África, já na fase da ideia, lá estão as finanças a cobrar impostos. Nenhum governo dá fundos de inovação. Tudo o que há nesta matéria são negócios de Organizações Não Governamentais (ONG), das Nações Unidas. Há dinheiro para workshops, mas para o empreendedor não", garantiu.
 
A questão da concorrência que a elite política faz ao empresariado também foi abordado por Eric Charras que aponta a corrupção em África como outro dos grandes entraves a inovação no sector empresarial.
 
Já o empresário do Gana, Herman Chinery-Hess, acusou alguns governos africanos de serem "inimigos" do empresariado e do negócio, acrescentando que não se pode falar de inovação nesse continente se os Governos não apoiam os empreendedores.
 
"O Governo é inimigo de empresariado e do negócio. Deste modo, nós não podemos falar da inovação e empreendedorismo em África se o Governo não apoiar, por isso devemos pressioná-los para que possam mudar de postura", disse o empresário da área de informática.
 
No entender de Herman Chinery-Hess, há países em África que funcionam como "empresas privadas" pertencentes aos políticos, já que segundo ele, "em muitos casos" quando os empreendedores apresentam uma ideia ao Governo, o mesmo copia essa ideia e faz a sua implementação como se fosse criado pelo referido executivo.
 
"Os problemas do continente africano acabam com a criação de oportunidades de negócio, por isso deve dar-se oportunidade aos jovens empreendedores de inovar e criar coisas novas, mas em África as pessoas que trabalham no Governo e que deviam ajudar, não fazem isso", adiantou.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Christie´s Cancela Venda de Quadro de Miró do Estado Português


Portugal-A leiloeira Christie’s cancelou a venda dos 85 quadros do pintor catalão, Joan Miró, que o governo português pretendia vender para encaixar 36 milhões de euros. As obras são provenientes da coleção do antigo BPN, nacionalizado pelo Estado.
 
A decisão foi tomada depois do Ministério Público português ter entregado, no Tribunal Administrativo de Lisboa, uma providência cautelar sobre a venda dos quadros. Esta instância já se pronunciou, considerando a venda aceitável, ainda assim as incertezas jurídicas fizeram a leiloeira recuar.
 
Para o executivo de Passos Coelho a coleção Miró não é uma prioridade. O Secretário de Estado da cultura afirmou que a cultura tem de ser solidária com a redução da despesa do Estado e que, os quadros pertencem a duas sociedades anónimas e têm um papel a cumprir na compensação do buraco do BPN.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Mulher de Nino Vieira Candidata-se às Eleições Presidenciais


Guiné-Bissau - Nazaré Vieira, a mulher do ex-Presidente da República Nino Vieira, anunciou a sua candidatura ao cargo de Presidente da República nas eleições Gerais agendadas para 16 de Março.

Falando a partir de França, onde nos próximos dias vai decorrer a cerimónia da apresentação pública da intenção, Nazaré Vieira disse que a sua candidatura é a resposta ao apelo que tem sido lançado pelo povo da Guiné-Bissau.

"A minha candidatura ao mais alto cargo da magistratura guineense é uma resposta ao apelo que me tem sido lançado pelo martirizado povo guineense", disse a mulher do antigo Presidente Nino Vieira.

A candidata disse ainda que, enquanto mãe guineense, a sua candidatura pode constituir uma esperança de amor e fraternidade, para o que os guineenses têm sofrido ao longo dos anos.

"Ao longo dos anos, com a instabilidade crónica, com os sofrimentos do povo, a minha presença como candidata só pode constituir uma força de reconstrução de esperança e amor, harmonia e solidariedade, pois estes valores estão em crise na actual conjuntura da Guiné-Bissau" citou.

Nazaré Vieira falou de justiça e reconciliação entre os guineenses, deixando a mensagem de uma linguagem de paz para os candidatos ao mais alto cargo da nação.

"Para que haja paz, desenvolvimento e a reconciliação nacional, temos que lutar pela justiça e para que os políticos possam ter uma linguagem da paz, quando falo do objectivo de desenvolvimento socioeconómico do nosso país, o progresso que temos todos a obrigação de alcançar", adiantou a candidata à Presidência.


 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Opinião: Cúpula Reafirma Celac Como Força Coesiva na América Latina


Celac-Reunião em Havana enfatiza status conquistado pela comunidade em apenas três anos de existência. Apoio a Cuba foi sinal inequívoco para os EUA, mas Raúl Castro precisa arrumar a própria casa, opina Marc Koch.
 
No final da conferência de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) certamente ganhará lugar de honra no escritório de Raúl Castro: 32 chefes de Estado e a presidente eleita do Chile se reuniram em Havana para a ocasião. Algo que o presidente cubano tem todo o direito de considerar uma consagração diplomática.

Isso, embora ninguém possa afirmar que Castro tenha realizado qualquer feito notável durante seu um ano na presidência da Celac. Ele se concentrou mais em assuntos internos, trabalhando pela cautelosa abertura econômica do país. Agora, os cubanos podem alugar apartamentos, comprar imóveis e carros, e até mesmo trabalhar como autônomos.

Essas eram medidas para as quais não havia alternativa, em se tratando de pelo menos manter a desolada economia nacional em movimento – especialmente quando a expectativa é que os milhões de petrodólares da Venezuela, nação socialista irmã, vão deixar de fluir com tanta generosidade.

Do ponto de vista político, por outro lado, a mensagem é: nada de novo na ilha. O regime segue reprimindo qualquer esboço de oposição, qualquer sopro de democracia, toda expressão livre de opinião. Para poder celebrar sua cúpula sem ser perturbado, Castro mandou prender dezenas de dissidentes, sem mais delongas. Nem mesmo as Damas de Blanco – movimento das esposas e familiares de presos políticos – foram poupadas das medidas de repressão.

É escandaloso que ninguém, entre os políticos de ponta latino-americanos presentes, tenha sequer tentado chegar perto de uma organização oposicionista: nem os chefes de Estado mais conservadores, como o chileno e o mexicano, nem as presidentes esquerdistas do Brasil e da Argentina, procuraram esse diálogo – e muito menos interpelaram Castro quanto às violações dos direitos humanos de sua ditadura.

O facto é especialmente embaraçoso para a presidente argentina, Cristina Kirchner, que não se cansa de enfatizar como os direitos humanos são o fundamento da política externa de seu país. A ironia dessas afirmativas deve ter sido especialmente dolorosa para os oposicionistas cubanos. Pelo menos Costa Rica – próximo país a assumir a presidência rotativa da Celac – teve a piedade de conversar com alguns dissidentes, em nível diplomático baixo e na sala dos fundos de uma embaixada.

Entretanto, a forma de tratar com o regime cubano mostra quão importante a comunidade se tornou para a região, apenas três anos após sua fundação: aquilo que começou como uma das usuais ideias antiamericanas do irado Hugo Chávez é hoje talvez a maior força coesiva da América Latina.

O continente – cujas maiores potências se reuniram em duas coalizões econômicas opostas: o protecionista Mercosul e a Aliança do Pacífico, voltada para a economia de mercado – encontrou na Celac um fórum para a aproximação recíproca, para resolver problemas em conjunto e demonstrar sua autoconfiança perante a Europa e a América do Norte. Não é comum o presidente do México, Enrique Peña Nieto, e a da Argentina partilharem uma opinião, mas ambos descrevem a Celac como um sonho tornado realidade.

Dessa postura faz parte, para os Estados latino-americanos, sinalizar que a política dos Estados Unidos fracassou fragorosamente, e que a comunidade não está disposta a continuar aceitando esse tratamento a um de seus parceiros. Para eles, o embargo que já dura mais de 50 anos é um anacronismo humilhante para toda uma região. Também por isso, todos foram a Cuba, como manifestação de apoio a Castro.

O sinal foi recebido. Ao declarar, agora, a comunidade como "zona de paz", onde conflitos se resolvem com diálogo e negociações, Raúl Castro, enquanto presidente da Celac em fim de mandato, deve cuidar para que actos acompanhem suas belas palavras. De preferência, a começar por sua própria casa.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Ucrânia: O Parlamento Aprova Amnistia Com Condições


Ucrânia-O parlamento ucraniano aprovou quarta-feira última, a lei que amnistia os contestatários detidos durante as manifestações dos últimos meses.
 
A lei foi aprovada com os votos do partido do governo e a abstenção da oposição, pois o texto condiciona a amnistia à saída, no espaço de 15 dias, de todos os manifestantes dos edifícios administrativos ocupados.
 
“Podem manter-se nas praças Maidan, Khreshchatyk, com as tendas e na Casa dos Sindicatos. A única coisa que precisamos é das administrações para trabalhar, pois as cidades e as regiões precisam de vida para continuar”, adverte Yuri Miroshnichenko, do Partido das Regiões.
 
Várias horas após a votação o texto da lei foi publicado. De acordo com alguns analistas, o texto autoriza o governo de Viktor Ianukovitch a exigir o fim das barricadas caso considere que os protestos são violentos.
 
A oposição ucraniana vai mais longe e exige uma revisão constitucional, como afirma Arseny Yatsenyuk: “Se resolvermos outra questão crucial, relacionada com as emendas constitucionais.
 
O fator chave dessas emendas é mudar de uma república Presidencial para uma a república parlamentar-presidencial. Isso poderia, mesmo, acalmar a situação na Ucrânia”.