segunda-feira, 8 de abril de 2013

Leia o Discurso de Obama na Íntegra

Estados Unidos da Ámérica-O presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, fez segunda-feira (21 de Março) um apelo pela união dos Estados Unidos, em seu discurso de posse para o segundo mandato.
 
Em discurso nas escadarias do Capitólio, o democrata reiterou o compromisso norte-americano com a liberdade e protegeu, em seu segundo governo, proteger os mais vulneráveis.
 
Leia abaixo a íntegra do discurso em português e em inglês, ou assista no vídeo acima:
 
"Vice-presidente (Joseph Robinette “Joe”) Biden, presidente do Supremo Tribunal, membros do Congresso dos Estados Unidos, distintos convidados e meus concidadãos:

Toda vez que nos reunimos para a posse de um presidente, damos o testemunho da força duradoura de nossa Constituição. Nós confirmarmos a promessa de nossa democracia. Nós recordamos que o que mantém esta nação unida não é a cor de nossa pele nem os dogmas de nossa fé nem as origens de nossos nomes. O que nos torna excepcionais – o que nos faz norte-americanos – é a nossa fidelidade a uma ideia, articulada em uma declaração proferida há mais de dois séculos:

'Nós consideramos estas verdades autoexplicativas: que todos os homens são iguais, que eles são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis e que, entre estes direitos, estão a vida, a liberdade e a busca pela felicidade'.

Hoje nós damos prosseguimento a uma jornada sem fim para aproximar o significado dessas palavras à realidade de nosso tempo. Pois a história nos diz que, embora essas verdades possam ser autoexplicativas, elas nunca se realizam por si mesmas; que embora a liberdade seja um dom de Deus, ela deve ser garantida por Seu povo aqui na Terra. Os patriotas de 1776 não lutaram para substituir a tirania de um rei pelos privilégios de poucos nem pelo governo de uma multidão. Eles nos deram uma República, um governo do povo, pelo povo e para o povo, e confiaram que cada geração manteria o credo de nossa fundação em segurança.

E, por mais de 200 anos, nós temos mantido esse credo em segurança.

Por meio do sangue derramado pelo chicote e do sangue derramado pela espada, nós aprendemos que nenhuma união fundada sobre os princípios da liberdade e da igualdade poderia sobreviver na semi-escravidão e na semiliberdade. Nós nos renovamos mais uma vez e prometemos avançar juntos.

Juntos, estabelecemos que uma economia moderna exige ferrovias e rodovias para acelerar as viagens e o comércio, além de escolas e faculdades para educar nossos trabalhadores.

Juntos, descobrimos que um mercado livre só prospera quando há regras para garantir a concorrência e o jogo limpo.

Juntos, decidimos que uma grande nação deve tomar conta dos mais vulneráveis e proteger seu povo dos piores riscos e infortúnios da vida.
 
E, durante tudo isso, nós nunca abandonamos nosso ceticismo em relação à autoridade central nem sucumbimos à ficção de que todos os males da sociedade podem ser curados apenas por meio do governo. Nossa celebração da iniciativa e do espírito empreendedor e nossa insistência no trabalho duro e na responsabilidade individual são constantes em nosso caráter.

Mas sempre compreendemos que, quando os tempos mudam, nós também precisamos mudar; que a fidelidade aos princípios de nossos fundadores exige novas respostas para novos desafios; que a preservação de nossas liberdades individuais requer, em última análise, uma ação coletiva. Pois o povo norte-americano não é capaz de atender às demandas do mundo atual agindo sozinho – assim como os soldados norte-americanos não teriam sido capazes de enfrentar as forças do fascismo ou do comunismo armados apenas com mosquetes e organizados em milícias. Uma única pessoa não é capaz de treinar todos os professores de matemática ou de ciências de que vamos precisar para preparar nossas crianças para o futuro nem construir as estradas e redes e os laboratórios de pesquisa que irão trazer novos postos de trabalho e negócios para dentro de nossas fronteiras. Agora, mais do que nunca, temos que fazer essas coisas juntos, como uma só nação e como um só povo.
 
Esta geração de norte-americanos foi testada por crises que endureceram nossa determinação e colocaram à prova nossa capacidade de resistência. Uma década de guerra está terminando agora. A recuperação econômica já começou. As possibilidades que se apresentam para os Estados Unidos são ilimitadas, pois nós temos todas as qualidades que este mundo sem fronteiras exige: juventude e dinamismo, diversidade e abertura, uma capacidade infinita para assumir riscos e o dom da reinvenção. Meus compatriotas norte-americanos: nós fomos feitos para este momento, e vamos aproveitá-lo – desde que nós o aproveitemos juntos.
 
Pois nós, o povo, compreendemos que nosso país não pode ser bem-sucedido quando um número cada vez menor de pessoas vai muito bem e um contingente crescente de cidadãos mal consegue sobreviver.

Nós acreditamos que a prosperidade dos Estados Unidos deve repousar sobre os ombros largos de uma classe média em ascensão. Nós sabemos que os Estados Unidos prosperam quando cada pessoa é capaz de encontrar independência e orgulho em seu trabalho, quando os salários pagos pelo trabalho honesto libertem as famílias da beira da miséria.

Nós nos mostramos fiéis às nossas crenças quando uma menininha nascida na pobreza mais desalentadora sabe que tem as mesmas chances de ser bem-sucedida na vida quanto qualquer outra pessoa, pois ela é norte-americana, ela é livre e ela é igual aos outros – e não apenas diante dos olhos de Deus, mas também diante dos nossos olhos.

Nós compreendemos que programas antiquados são inadequados para as necessidades do nosso tempo. Portanto, temos que aproveitar novas ideias e novas tecnologias para refazer nosso governo, reformular nosso código fiscal, reformar nossas escolas e capacitar nossos cidadãos com as habilidades de que eles necessitam para trabalhar duro e aprender mais e, assim, ir mais além.

Mas, embora os meios mudem, nosso propósito se mantém o mesmo. Uma nação que recompensa o esforço e a determinação de cada norte-americano – isso é o que este momento exige. Isso é o que dará um sentido real às nossas crenças.

Nós, o povo, ainda acreditamos que todo cidadão merece o mínimo necessário em termos de segurança e dignidade. Nós temos que fazer as escolhas difíceis para reduzir os custos relacionados à assistência médica e à dimensão de nosso déficit.

Mas nós rejeitamos a crença de que os Estados Unidos têm que optar entre cuidar da geração que construiu este país ou investir na geração que irá construir nosso futuro.

Pois nós nos lembramos das lições de nosso passado, quando muitos passavam seus últimos anos na pobreza e quando os pais de crianças com deficiência não tinham a quem recorrer. Nós não acreditamos que, neste país, a liberdade esteja reservada para os mais sortudos nem que a felicidade se destine a alguns poucos. Nós reconhecemos que, independentemente do quão responsáveis sejamos ao vivermos nossas vidas, qualquer um de nós, a qualquer momento, pode enfrentar a perda do emprego ou uma doença repentina ou pode ter a casa arruinada por uma terrível tempestade. Os compromissos que assumimos uns com os outros por meio do Medicare e da Previdência Social não enfraquecem a nossa iniciativa.

Eles nos fortalecem.

Eles não nos transformam em uma nação de pessoas que aproveitam as oportunidades. Eles nos libertam para assumir os riscos que fazem deste um grande país.
 
Nós, o povo, ainda acreditamos que, como norte-americanos, nossas obrigações não são apenas com nós mesmos, mas também com a toda a posteridade. Nós responderemos à ameaça das mudanças climáticas, pois sabemos que, se não o fizermos, estaremos traindo nossos filhos e as gerações futuras.

Alguns ainda podem negar o irrefutável veredicto da ciência, mas ninguém pode evitar o impacto devastador dos incêndios intensos e das secas incapacitantes, além da incidência de tempestades mais fortes. O caminho para a adoção de fontes de energia sustentáveis será longo e, por vezes, difícil. Mas os norte-americanos não podem resistir a essa transição. Nós devemos liderá-la.

Não podemos ceder a outros países as tecnologias que alimentarão a criação de novos empregos e de novos setores da economia. Devemos reivindicar para nós mesmos a promessa que essas tecnologias representam. É assim que vamos manter a nossa vitalidade econômica e nosso tesouro nacional, nossas florestas e cursos de água, nossas terras agrícolas e nossos picos cobertos de neve. É assim que vamos preservar nosso planeta, que foi entregue aos nossos cuidados por Deus. Isso é o que vai dar sentido às crenças declaradas por nossos fundadores.

Nós, o povo, ainda acreditamos que a segurança permanente e a paz duradoura não necessitam de uma guerra perpétua.

Os nossos bravos homens e mulheres de uniforme que foram forjados pelas chamas da batalha são incomparáveis em habilidade e coragem.

Nossos cidadãos, marcados pela memória daqueles que perdemos, sabem muito bem o preço que é pago pela liberdade. O conhecimento de seu sacrifício vai nos manter para sempre vigilantes contra aqueles que poderiam nos fazer mal. Mas também somos herdeiros daqueles que estabeleceram a paz, e não apenas a guerra. Daqueles que transformaram inimigos jurados nos amigos mais ternos. E nós também temos que carregar essas lições para os tempos atuais. Vamos defender o nosso povo e os nossos valores por meio da força das armas e do Estado de direito.

Vamos demonstrar a coragem de tentar resolver pacificamente nossas diferenças com outras nações. Não porque somos ingênuos em relação aos perigos que enfrentamos, mas porque os compromissos são capazes de erradicar as suspeitas de maneira mais duradoura do que a desconfiança e o medo.

Os Estados Unidos continuarão a ser a âncora de fortes alianças em todos os cantos do mundo. E vamos renovar as instituições que ampliam a nossa capacidade de gerenciar crises no exterior. Pois ninguém tem uma participação maior em um mundo pacífico do que o país mais poderoso do planeta. Vamos apoiar a democracia – da Ásia à África, das Américas ao Oriente Médio – porque os nossos interesses e nossa consciência nos obrigam a agir em nome daqueles que anseiam por liberdade. E temos que ser uma fonte de esperança para os pobres, os doentes, os marginalizados, as vítimas de preconceito.

Não por mera caridade, mas porque a paz em nosso tempo exige o avanço constante desses princípios que nossas crenças comuns descrevem; tolerância e oportunidade, dignidade humana e justiça. Nós, o povo, declaramos hoje que a mais evidente verdade, a de que todos nós somos iguais, é a estrela que ainda nos guia, assim como guiou nossos antepassados através de Seneca Falls e Selma e Stonewall; assim como guiou todos os homens e mulheres, celebrados e não celebrados, que deixaram pegadas por esse longo caminho para ouvir um pregador dizer que não podemos andar sozinhos, para ouvir um rei proclamar que a nossa liberdade individual está intrinsecamente ligada à liberdade de cada alma da Terra.

Agora, é tarefa de nossa geração continuar o que aqueles pioneiros começaram, pois nossa jornada não estará completa até que nossas esposas, nossas mães e filhas puderem ganhar a vida de acordo com a medida justa de seus esforços.

Nossa jornada não estará completa até que os nossos irmãos e irmãs gays forem tratados como qualquer outra pessoa perante a lei, pois se realmente fomos criados como iguais, certamente o amor que atribuímos uns aos outros deve ser igual também.

Nossa jornada não estará completa até que nenhum cidadão seja obrigado a esperar durante horas para exercer seu direito de voto.

Nossa jornada não estará completa até que encontremos uma maneira melhor de acolher os esforçados e esperançosos imigrantes que ainda veem os estados Unidos como uma terra de oportunidades, até que jovens e brilhantes estudantes e engenheiros sejam incorporados em nossa força de trabalho, em vez de expulsos de nosso país.

Nossa jornada não estará completa até que todas as nossas crianças, das ruas de Detroit até as montanhas dos Apalaches e as pacatas alamedas de Newtown, saibam que elas são cuidadas e amadas e que estarão sempre seguras contra qualquer perigo.

Obama: Essa é a tarefa de nossa geração – transformar esses esforços, esses direitos, esses valores de vida e liberdade e a busca verdadeira pela felicidade em algo real para todos os norte-americanos.

Quando dizemos que somos fiéis aos escritos originais de nossos fundadores não estamos necessariamente obrigados a concordar sobre todos os aspectos da vida. Isso não significa que todos nós definimos a liberdade exatamente da mesma maneira, ou que seguimos o mesmo e idêntico caminho para a felicidade.

O progresso não nos obriga a resolver para sempre debates que se prolongam há um século a respeito do papel do governo, mas ele exige que nós tomemos uma decisão em nosso tempo.

Por agora, as decisões estão em nossas mãos e nós não podemos nos dar ao luxo de permitir atrasos. Nós não podemos confundir o absolutismo com um princípio nem substituir a política pelo espetáculo ou tratar xingamentos como debates bem fundamentados.

Temos que agir. Temos que agir sabendo que o nosso trabalho será imperfeito. Temos que agir sabendo que as vitórias de hoje serão apenas parciais, e que, portanto, ficará a cargo daqueles que estarão aqui em quatro anos, em 40 anos e em 400 anos fazer avançar o espírito atemporal outrora conferido a nós em um salão vago da Filadélfia.
Meus compatriotas norte-americanos, o juramento que fiz diante de vocês hoje, da mesma forma que os juramentos proferidos pelos outros que prestam serviços neste Capitólio [prédio do Congresso dos EUA], foi um juramento a Deus e ao país, e não a um partido ou facção.

E devemos cumprir fielmente essa promessa durante o nosso tempo de serviço. Mas as palavras que pronunciei hoje não são tão diferentes das palavras que constam do juramento feito sempre que um soldado se alista para o serviço ou que uma imigrante realiza seu sonho.

Meu juramento não foi tão diferente da promessa que todos nós fazemos diante da bandeira que tremula acima de nossas cabeças e que enche nossos corações de orgulho. Essas foram as palavras de cidadãos, e elas representam a nossa maior esperança. Você e eu, como cidadãos, temos o poder de definir o rumo deste país. Você e eu, como cidadãos, temos a obrigação de moldar os debates de nosso tempo, não apenas com nossos votos, mas com as vozes que levantamos em defesa dos nossos valores mais antigos e das nossas ideias mais duradouras.

Que agora cada um de nós abrace com dever solene e incrível alegria o que é nosso direito de nascença permanente. Com esforço e propósito comuns, com paixão e dedicação, vamos atender ao chamado da história e carregar pelo futuro incerto aquela luz preciosa da liberdade.

Acusação Contra Bubo Na Tchuto Liga Guiné-Bissau às FARC na Colômbia

JOSÉ AMÉRICO BUBO NA TCHUTO
Guiné-Bissau-A missão secreta montada pelos Estados Unidos que levou à prisão do almirante da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, em alto mar, junto à zona marítima de Cabo Verde, está relacionada com uma outra, realizada em Bogotá na Colômbia, e que permitiu prender dois colombianos – Rafael Antonio Garavito-Garcia e Gustavo Perez-Garcia.
 
Uma e outra decorreram na semana passada e resultaram de uma missão de combate ao narcotráfico, iniciada em Bissau em Junho de 2012, por elementos da Divisão Especial de Operações da Drug Enforcement Agency (DEA). A missão envolveu também as representações desta agência em Bogotá e Lisboa além do Departamento de Justiça e do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
 
Em causa, para Washington, estavam "riscos consideráveis para os Estados Unidos e os seus interesses", lê-se no comunicado disponível na página do Departamento de Justiça: uma rede estava a ser montada para usar a Guiné-Bissau como ponto de passagem de "várias toneladas" de cocaína para ser vendida nos Estados Unidos em benefício das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) – classificado pelos EUA como grupo terrorista.
 
No centro da conspiração: um país, a Guiné-Bissau, e um influente militar que cumpria o papel de anfitrião, o almirante Bubo Na Tchuto, ex-chefe do Estado-Maior da Marinha entre 2003 e 2008.Na Tchuto estava desde 2010 indiciado, pelos Estados Unidos, por ligações ao narcotráfico juntamente com o ainda chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Ibraima Papa Camará.
 
A reconstituição da operação da DEA, exposta no mesmo comunicado, revela o papel da Guiné-Bissau como ponto de passagem idealizado pelos traficantes. Mas não só. O país foi também, durante vários meses, palco discreto de reuniões e contactos entre os narcotraficantes e agentes infiltrados da DEA que se apresentavam como representantes ou associados das FARC.
 
Nos encontros, o influente almirante Bubo Na Tchuto, que terá ajudado o actual chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) António Indjai a consolidar o poder, depois de este o libertar na sequência de uma acção militar em que foi preso, apresentava as condições – suas e do país – para permitir a passagem de droga e de armas.
 
A cocaína, que entraria na Guiné antes de seguir para os EUA, seria escondida em caixas de uniformes militares. Uma parte da droga seria entregue, a troca do favor, a responsáveis do poder guineense.Bubo Na Tchuto, que cobrava um milhão de dólares (cerca de 800 mil euros) por cada tonelada que entrava em território guineense, chegou a dizer num desses encontros com os agentes secretos da DEA, que a fragilidade do Governo guineense e das instituições no pós-golpe de Estado de 12 de Abril tornava o momento oportuno para o negócio proposto.
 
"Ligações assustadoras"
Com o reforço do controlo das fronteiras americanas que se seguiu ao 11 de Setembro de 2001, as grandes redes do tráfico foram desviadas para o continente africano para fazer chegar a droga à Europa ou reenviá-la para o outro lado do Atlântico, para ser vendida nos EUA. O tráfico de droga aumentou então muito na África Ocidental.
 
Um dos pontos mais vulneráveis é a Guiné-Bissau, onde as instituições são frágeis, o poder volátil, os meios da Polícia Judiciária e dos Serviços de Fronteiras praticamente inexistentes e os postos de controlo no mar ou em terra nulos ou controlados pelos militares. O caso da África Ocidental em geral tem sido referido para ilustrar o risco de o tráfico financiar as redes terroristas ligadas à Al-Qaeda que ganham terreno em África. A operação desmontada agora pelos Estados Unidos dizia respeito a receios semelhantes mas apenas referentes às FARC no continente americano.
 
O relato dos acontecimentos, feito pela acusação do Ministério Público em Washington, que se pode ler no comunicado, refere a presença de "um representante militar" ou de "um oficial militar" guineense nos preparativos para a operação, este último empenhado em dar pistas para a passagem pelo país não apenas de droga mas também de armas e em referir o benefício que daí poderia advir para o poder em Bissau.
 
Para Michele Leonhart, administradora da Drug Enforcement Agency (DEA), este caso ilustra "as ligações assustadoras entre o tráfico de droga global e o financiamento das redes terroristas". A responsável, citada no mesmo comunicado na página do Departamento de Justiça, refere-se a estes "alegados narcotraficantes" como estando "entre os criminosos mais violentos e mais brutais" do mundo.
 
Entre eles, Bubo Na Tchuto, que as autoridades de Bissau, no poder desde o golpe de 12 de Abril de 2012, dizem agora defender.Na descrição que faz da missão para deter os traficantes, montada desde o Verão de 2012, a DEA divide-a em duas partes e três momentos diferentes.
 
Na primeira parte, Bubo Na Tchuto e outros quatro elementos – Papis Djeme, Tchamy Yala, Manuel Mamadi Mané e Saliu Sisse – foram presos e extraditados para os EUA. Tchuto, Djeme e Yala foram detidos a bordo de um navio nas águas internacionais ao largo de Cabo Verde, na noite de terça para quarta-feira passadas, enquanto Mané e Sisse foram detidos num país da África Ocidental, lê-se na exposição das autoridades dos Estados Unidos do caso, sem que seja referido o país em que essa prisão foi possível.
 
Na segunda parte, Rafael Antonio Garavito-Garcia e Gustavo Perez-Garcia foram presos em Bogotá, no mesmo dia, sexta-feira, em que Na Tchuto era presente a um juiz.
 
Prisão perpétua?
No total, sete pessoas estão indiciadas nos Estados Unidos. José Américo Bubo Na Tchuto, ex-chefe de Estado-Maior da Marinha da Guiné-Bissau, será de novo presente ao juiz a 15 de Abril enquanto os dois colombianos aguardam a decisão sobre a extradição para os EUA.
 
Bubo Na Tchuto é acusado de conspirar para importar droga para os Estados Unidos. O mesmo acontece com Djeme e Yala. Os três incorrem numa pena máxima que pode ser prisão perpétua. Entre os restantes quatro – Mané, Sisse, Garavito-Garcia e Perez-Garcia – também indiciados por conspirarem com o mesmo fim de trasportar droga para os EUA, os três primeiros estão também indiciados por tráfico de armas para acções de protecção das operações de processamento da cocaína das FARC contra forças dos Estados Unidos.
 
Preet Bharara, procurador dos EUA para o distrito de Manhattan nomeado em 2009 pelo Presidente Barack Obama, apontou esta alegada conspiração de narcoterrorismo como a prova do "perigo que é susceptível de aumentar em lugares distantes onde circunstâncias infelizes podem permitir aos traficantes de droga e apoiantes do terrorismo negociarem na sombra acarretando grandes perigos para os Estados Unidos e os seus interesses." E decretou: "O elo que liga os traficantes aos terroristas, os seus financiadores e apoiantes, tem de ser quebrado onde quer que seja encontrado."

quinta-feira, 28 de março de 2013

François Bozizé, Um ex-rebelde Deposto Por Rebeldes na República Centro-Africana


República Centro Africana-Chegou ao poder pelas armas e foi apanhado pelas armas, que marcaram a sua vida: filho de um polícia, o presidente François Bozizé foi militar, rebelde e líder de uma República Centro-Africana insegura e violenta há décadas.

O guerreiro respeitado “Boz”, como é muitas vezes chamado, foi abandonado pelo seu exército, que nunca opôs verdadeira resistência à ofensiva iniciada em Dezembro pela coligação rebelde Seleka, indo de derrota em derrota.

Silencioso, François Bozizé é um orador pobre, mesmo sabendo mobilizar multidões, sobretudo quando fala em Sango, a língua nacional. Às palavras prefere os atos, repetiu nas últimas eleições em 2011, que mais uma vez o levaram ao poder, com 64% dos votos, apesar das críticas da oposição.

Nascido em Mouila, no Gabão, a 14 de outubro de 1946, François Bozizé abraçou a carreira militar e rapidamente subiu na hierarquia.
Tendo sido assessor do imperador Jean-Bedel Bokassa, Bozizé tornou-se no mais jovem general do exército, com 32 anos.

Com a queda de Bokassa em 1979, Bozizé perdeu influência, mas voltou ao jogo político em 1981, quando o general André Kolingba derrubou o sucessor de Bokassa.

Tornou-se ministro da Informação, mas, não contente, tentou dois anos depois derrubar Kolingba, em favor de Ange Félix Patassé, o ex-primeiro-ministro de Bokassa.

Após esta derrota, fugiu para o Benin, de onde foi extraditado em 1989. Preso durante dois anos, em 1990 conseguiu escapar por pouco de uma tentativa de assassinato na sua cela.

Apresentou-se às presidenciais de 1993, mas conseguiu pouco mais do que 1% dos votos e em 1997 reintegrou o exército, apoiando Patassé, e tornou-se chefe de gabinete.

Em outubro de 2001, falhou um golpe de Estado contra o presidente e trocou então Bangui pelo Chade e depois pela França, antes de voltar ao norte da República Centro-Africana para lançar a revolta dos “patriotas”.

Em Março de 2003, assumiu o controlo com um golpe e instalou um governo de transição, até que em 2005 foi eleito presidente.

Em 2010 um grupo de rebeldes lançou um ataque em Birao, forçando as tropas do Governo a recuar, mas Bozizé consegui manter-se no poder, graças à ajuda do seu aliado de longa data, o Chade, cujo exército lhe forneceu guarda-costas e o ajudou a livrar-se dos rebeldes.

“Boz” tentou a paz através do “diálogo político inclusivo”, que juntou à mesma mesa o poder a sociedade civil, a oposição e os rebeldes, e assinou um acordo de paz com os rebeldes em 2007 e 2012, que incluía a sua integração.Mas o seu regime, assolado pela corrupção, nunca cumpriu as promessas.

A República Centro-Africana, cuja capital, Bangui, foi hoje ocupada por rebeldes que exigem o cumprimento daqueles acordos, é um dos países mais pobres do mundo e é conhecido pela sua história de golpes e motins militares.

Esta antiga colónia francesa situa-se no coração da África Equatorial, faz fronteira com o Chade, o Sudão, o Congo, a República Democrática do Congo e os Camarões, tem cerca de 4,5 milhões de habitantes e duas línguas, o sango e o francês.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Rockets Sobre Israel Durante visita de Obama

Israel-Militantes palestinianos de Gaza lançaram rockets sobre o sul de Israel, no dia em que o presidente dos EUA manteve um encontro com o presidente da Autoridade Palestiniana para reforçar a importância de alcançar um acordo de paz entre israelitas e palestinianos.
 
Obama visitou o Museu Nacional de Israel e o West Bank para reafirmar aos plasetiniamos que a criação de um Estado da Palestina continua a ser uma prioridade do seu Executivo.
 
Obama não levou para o Médio Oriente um plano novo para relançar o diálogo de paz, mas no encontro com Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana e num discurso a alunos israelitas ao final do dia, o presidente americano vai apelar a ambos os lados do conflito para que parem com acções unilaterais que dificultam o processo de paz.
 
Entre estas acções encontram-se o estabelecimento de bairros judeus em terrenos reivindicados pelos palestinianos e os repetidos esforços da Palestina para conquistar o reconhecimento da ONU, mesmo sem acordo de paz.
 
Os palestinianos afirmam que não podem negociar uma fronteira entre Israel e uma futura Palestina enquanto os israelitas estabelecerem essa fronteira de forma unilateral através da construção apressada de bairros.

Sarkozy Acusado por Abuso de Confiança no Âmbito do Caso Bettencourt

França-O antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy foi acusado por abuso de confiança no chamado caso Bettencourt após ter sido ouvido por um tribunal de Bordéus.
 
A informação foi dada à agência AFP pelo advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, que anunciou a intenção de recorrer “imediatamente” da decisão tomada pelo juiz de instrução Jean-Michel, após a acareação entre Sarkozy e o mordomo da multimilionária Liliane Bettencourt, herdeira do império L’Oréal.O advogado classificou ainda a decisão como "injusta e incoerente do ponto de vista jurídico".
 
O antigo Presidente estava a ser ouvido sob o estatuto de “testemunha assistente” do processo – na ordem jurídica francesa, corresponde a um meio-termo entre simples testemunha e arguido.A acareação com o mordomo e outros três funcionários da casa dos Bettencourt tinha o objectivo de esclarecer o número de vezes que Sarkozy visitou o casal Bettencourt na sua residência de Paris, no decurso da campanha.
 
O político conservador alega que se encontrou com a herdeira da L’Oréal uma única vez, mas vários funcionários de Bettencourt contrariaram essa informação em anteriores depoimentos. O marido de Bettencourt terá entregue vários envelopes de dinheiro para financiar – à margem da lei – a campanha eleitoral da UMP em 2007.
 
A informação é pertinente para a investigação por financiamento partidário ilegal que corre desde que a antiga contabilista de Bettencourt, Claire Thibout, confirmou à polícia ter entregue vários envelopes com dinheiro a Patrice de Maistre, um homem de confiança da proprietária da L’Oréal. Segundo a contabilista, esse dinheiro destinava-se ao tesoureiro do partido de Sarkozy, Eric Woerth, que depois foi também ministro do Orçamento.
 
Os investigadores estimam que cerca de quatro milhões de euros tenham chegado por essa via à campanha de reeleição do Presidente Sarkozy, numa clara violação da lei que estabelece limites às contribuições financeiras para partidos políticos.
 
Além disso, os investigadores consideram que o caso configura um abuso de confiança de uma pessoa enfraquecida pela doença: desde 2006 que Liliane Bettencourt não está na posse de todas as suas faculdades.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Parlamento de Chipre Rejeita plano de Resgate

Chipre – O Parlamento Cipriota rejeitou o plano de resgate dos credores internacionais que previa a aplicação de um imposto sobre depósitos bancários superiores a 20 mil euros. O plano de resgate financeiro foi rejeitado com 36 votos e nenhum voto favorável ao plano. Foram 19 abstenções.

No início do debate, o presidente do Parlamento, Yiannakis Omirou, tinha já apelado aos deputados para votarem contra a “chantagem” do acordo negociado com a Troika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).

O desafio de Yiannakis Omirou teve uma imediata aceitação entre deputados de várias formações políticas, a insurgirem-se contra a sugestão de um imposto sobre os depósitos bancários, enquanto milhares de pessoas manifestavam no exterior do edifício pela rejeição do acordo anunciado no sábado pelos credores internacionais.

“Apenas existe uma resposta: não à chantagem”, considerou Omirou, do Partido Socialista Edek. “A nossa exigência é que este acordo deve ser renegociado. Se este imposto for aprovado, nenhum investidor estrangeiro manterá aqui o seu dinheiro”, avisou.

Os deputados do partido do presidente conservador Nicos Anastasiades, o Disy, decidiram por unanimidade não participar da votação, uma posição que “reforçará a posição da República de Chipre durante as negociações”, disse um representante do partido.

Milhares de pessoas concentraram-se em frente ao Parlamento para exigir a rejeição do plano, e avisar que a sua aprovação poderá implicar a medidas idênticas a de outros países da zona do euro, como a Espanha e a Itália.

Após uma contestação generalizada e o adiamento por duas vezes do debate parlamentar, a mais recente proposta do plano de resgate prevê a aplicação de um imposto de 6,75% para os depósitos entre 20 mil e 100 mil euros, e de 9,9% acima desse montante, ficando os depósitos inferiores a 20 mil euros isentos de qualquer taxa.

Há quatro dias que os bancos permanecem fechados na República de Chipre (a parte grega da ilha mediterrânica, cerca de dois terços do território e reconhecida internacionalmente), enquanto a Bolsa de valores cipriota decidiu suspender até hoje as transações.

Guiné-Bissau Tem Regundo Regime Mais Autoritário do Mundo - Estudo

Guiné-Bissau tem segundo regime mais autoritário do mundo - estudo

Guiné-Bissau-A Guiné-Bissau tem o segundo regime mais autoritário do mundo, a seguir à Coreia do Norte, tendo em 2012 caído nove posições no índice da Democracia publicado pela revista norte-americana The Economist.

Na quinta edição do estudo, realizado pela Economist Intelligence Unit e divulgado, a Guiné-Bissau ocupa o 166º lugar entre 167 países e territórios analisados com a classificação de regime autoritário.
 
O índice avalia as democracias de 165 estados independentes e dois territórios, classificando-os como democracias plenas, democracias com falhas, regimes híbridos ou regimes autoritários.
 
Processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do governo, participação política, cultura política e liberdades cívicas são os critérios analisados.
 
Em 10 pontos possíveis, a Guiné-Bissau recolhe apenas 1,43, surgindo atrás de países como a Síria, o Chade ou o Turquemenistão.
 
Na edição de 2011 do índice, o país ocupava o 157º lugar com 1,99 pontos à frente da Síria, Irão, Chade e Guiné-Equatorial.
 
A Guiné-Bissau vive desde Maio do ano passado um período de transição na sequência de um golpe de Estado, em Abril, que derrubou os dirigentes eleitos. A maior parte da comunidade internacional não reconhece as autoridades de transição e cancelou os apoios
 
Moçambique e Timor-Leste são outros países lusófonos que no ano passado registaram retrocessos em matéria de democracia, tendo caído respetivamente dois e um lugares no índice.
 
Moçambique passou do 100º para 102º lugar, mantendo a classificação de regime híbrido, enquanto Timor-Leste passou do 42º para 43º lugar e continua classificado como democracia com falhas, a mesma categoria do Brasil que subiu uma posição, passado de 45º para 44º país mais democrático do mundo.Angola (133º) e Cabo Verde (26º) mantiveram as respetivas posições.
 
Angola surge classificado como regime autoritário, enquanto Cabo Verde é considerado uma democracia com falhas, mas muito próxima da fronteira para as democracias plenas.
 
Na mesma posição que Cabo Verde, aparece Portugal, que regressou ao 26º lugar, depois de no índice de 2011 ter caído uma posição.