segunda-feira, 11 de março de 2013

União Africana Pressiona Guiné-Bissau Para Fixar Data de Eleições Gerais

Guiné-Bissau- - O representante especial da União Africana (UA) na Guiné-Bissau, Ovídio M.B Pequeno, exortou quinta-feira em Paris as autoridades de transição deste país a fixarem a data das eleições gerais, prometendo o apoio da comunidade internacional para a sua organização.
 
"Até ao momento, não há nenhuma data exata para a realização destas eleições. Ouve-se aqui e acolá que existem problemas para a sua organização. É preciso informarem-nos destas dificuldades", afirmou o responsável da UA durante uma entrevista à PANA.
 
O presidente de transição da Guiné-Bissau, Manuel Serifo Nhamadjo, declarou recentemente que "é impossível realizar as eleições gerais em Maio próximo, como prevê o calendário da transição".
 
"Para nós, o mais importante é encontrar uma data consensual. Um prazo aceite pela classe política e pela sociedade civil. Tratar-se-á depois de informar a comunidade internacional que vai financiar estas eleições", indicou o representante especial da UA na Guiné-Bissau.
 
"O essencial continua a ser, para nós, encontrar um verdadeiro consenso para que o país possa progredir e enfrentar os desafios de segurança e de desenvolvimento", insistiu.
 
Uma transição de 12 meses foi instaurada na Guiné-Bissau em Maio de 2012 pouco após o golpe de Estado militar de 12 de Abril, perpetrado entre a primeira e a segunda voltas das eleições presidenciais, organizadas após a morte em Paris do então presidente da República, Malam Bacai Sanha.

Sociedade Civil Guineense Promove Encontros Com Militares

Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau
Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau
Guiné-Bissau-A partir de agora e até 15 de Março o Movimento da sociedade civil da Guiné-Bissau organiza reuniões para promover o diálogo na sociedade guineense, nomeadamente com os militares.

O Movimento da sociedade civil guineense, que conta com mais de cem organizações, promove desde agora reuniões que vão juntar na mesma sala, militares, políticos, líderes religiosos e tradicionais, a juventude e as mulheres.Os encontros vão realizar-se até 15 de Março nas cidades de Buba, Mansoa, Bafatá e Bissau.

Governo da Guiné-Bissau Diz Que Empresa Angolana "Não Fez Nada" na Exploração de Bauxite

Bissau- O ministro dos Recursos Naturais do Governo de transição da Guiné-Bissau acusou a empresa angolana que devia explorar bauxite no leste do país de nada ter feito desde que assinou o contrato de exploração, há sete anos.
 
Entrevistado pela televisão pública, Daniel Gomes disse, nomeadamente, que a empresa Bauxite Angola não apresentou estudos de impacto ambiental e de viabilidade económica.
 
A posição do governante surge na mesma altura em que Ministério Público guineense considerou que o contrato assinado entre o Governo de Bissau e a empresa Bauxite Angola, em 2007, não está conforme as leis do país e que podia ser rescindido.
 
Daniel Gomes acusa ainda a administração da Bauxite Angola (uma empresa de capitais públicos angolanos) de ainda não ter respondido às solicitações que lhe fez, em Agosto passado, para que apresentasse "o rasto" de 13 milhões de dólares (9,9 milhões de euros) que deveriam ser pagos no momento da assinatura do contrato com o Estado guineense.
 
"Disse pessoalmente ao presidente do Conselho de Administração da Bauxite Angola, no encontro que mantive com ele, que me mostre as peças justificativas dessa suposta transferência, mas ele não me deu nada", disse Daniel Gomes, salientando ter informações de que esse dinheiro não deu entrada nos cofres da Guiné-Bissau.
 
O ministro disse também que a Bauxite Angola ainda não deu nenhuma resposta sobre a proposta da parte guineense no sentido da reformulação das quotas, passando a Guiné-Bissau a ter 85 por cento, envés dos atuais 10, e Angola 15 (atualmente detêm 90 por cento).
 
Daniel Gomes afirma ainda que a Bauxite Angola não delimitou a zona de exploração: "Os jazigos deviam ser balizados, porque estão numa zona fronteiriça com a Guiné-Conacri, mas nada disso também foi feito. Fizemos um cronograma de ações que a empresa devia fazer em 120 dias. Essa data expirou em Dezembro passado sem que nada fosse outra vez feito".

Água e Eletricidade Chegam a Aldeias Isoladas na Guiné-Bissau

Guné-Bissau, energia solar, aldeias isoladas
Guiné-Bissau-A 120 quilómetros de Bissau, em aldeias quase inacessíveis, decorre uma revolução silenciosa que está a mudar a vida de 15 mil pessoas. Energia solar leva luz a quem nunca teve, leva água perto a quem a tinha longe.

São tabancas (pequenas aldeias) como as de Culcunhe ou Unfarim, como Sansabato ou Maque, perto de Bissorã, região de Oio, que estão a beneficiar de um projeto concebido pela organização não governamental ADPP (Ajuda ao Desenvolvimento do Povo para Povo), financiado pela União Europeia e concretizado pela Impar, uma empresa da área da energia.
 
Uma união de esforços que começou em Novembro passado e que em quatro anos vai dar qualidade de vida a 24 aldeias de Oio, iluminando pouco a pouco escolas, centros de saúde e centros comunitários, e trazendo água para consumo e para rega através de furos, bombas e torres com depósitos.
 
É um pequeno painel solar a mudar a vida de pessoas como nenhuma mudança política em Bissau mudará, dando luz para aulas noturnas, para partos à noite, para bombear água, para ver televisão ou carregar telemóveis (para muitos o principal benefício).
 
É por isso que na tabanca de Sansabato o imã Quimo Safé não se cansa de agradecer. "Ficamos contentes com a vossa presença, os mais velhos viram o que vocês trouxeram e não temos palavras para agradecer". Fala para a ADPP, fala para a Impar.
 
"Os homens e as mulheres da tabanca vão sempre recebê-los de braços abertos. Os homens da tabanca não tinham forças para fazer este furo. Se vissem onde as nossas mulheres iam buscar água antes iam ter pena", diz o imã ao lado da torre de água no centro da aldeia onde já só falta montar os painéis solares que vão servir a bomba.
 
A mesquita já lá tem um e o benefício é visível mas também audível. "Antes gritávamos e ninguém ouvia, agora com o microfone as pessoas já podem ouvir as rezas".
 
E à entrada da aldeia, junto da escola, Braima Camará, responsável de tabanca, diz que o painel permite ter aulas à noite e acabar com o analfabetismo. Todas as noites 20 mulheres e 10 homens têm aulas, das 20:00 às 23:00.
 
"Estamos muito contentes porque antigamente não tínhamos luz mas neste momento a tabanca está feliz, toda a área, a mesquita, o centro de saúde, a escola, todos têm luz", diz Baima Camará.
 
A distância entre tabancas não é grande mas demora-se horas a percorre-la, por caminhos que na época das chuvas são ribeiros, quando o isolamento é maior. Ao lado de Sansabato, na aldeia de Maqué a ADPP (na Guiné-Bissau há 30 anos) e a Impar estão a montar bombas para tirar água e fazer um sistema de rega gota a gota, tudo no âmbito do mesmo projeto, chamado "Clube de Agricultores".
 
Félix Fresnadillo, responsável pela área de energia solar e água da ADPP, explica à Lusa, no meio da horta, que o projeto compreende a eletrificação de 11 escolas, nove mesquitas e sete centros de saúde, além de 48 fontes com bombas alimentas a energia solar, 24 de água para consumo e outras tantas de água para rega.
 
Paralelamente é ensinado aos agricultores novas técnicas de cultivo e a melhor forma de aproveitar a água. E a ADPP, diz Félix, vai também fazer sete centros de produção, para que alguns alimentos sejam processados (descasque de arroz, óleo de palma e de amendoim) e comercializados.
 
E Félix lembra ainda outra valência do projeto: "nos centros comunitários, local de encontro para jovens e para reuniões, vamos pôr televisões grandes, para que as pessoas possam ver o que se está a passar no mundo".
 
É um novo mundo "servido" por Patrício Ribeiro, um português diretor da Impar que há 25 anos instala painéis fotovoltaicos na Guiné-Bissau, mais de 600 instalações até hoje, em aldeias perdidas no país na maior parte dos casos. Deverá ser quem melhor conhece o interior da Guiné-Bissau, arquipélago dos Bijagós incluído.
 
Em Cawal, junto de uma escola onde o professor Ângelo Gomes agora dá aulas noturnas a 45 alunos, Patrício Ribeiro frisa à Lusa que nas tabancas não havia nenhuma energia e que agora têm lâmpadas que ficam acesas toda a noite e que as mulheres e meninas podem aprender a ler (porque de dia têm de trabalhar).
 
O pequeno painel não precisa de manutenção e permite três horas de aulas por dia. No caso de Cawal está previsto também montar uma televisão com leitor de CD para cursos de alfabetização, explica.
 
Boné na cabeça e muitos papeis nas mãos, Patrício Ribeiro percorre tabanca a tabanca por caminhos inexistentes, mede terrenos, dá indicações. "Procuramos sempre comprar materiais fabricados na União Europeia e os fabricantes dão 20 anos de garantia", diz.
 
"A Impar já deu luz a muitos milhares de pessoas, estamos em mais de 100 centros de saúde e hospitais, em sítios onde ninguém chega a não ser as populações", garante.
 
Nas tabancas de Oio, entre Bissorã e Mansabá, é ele, com Félix Fresnadillo, a face visível de uma revolução que só não é mais silenciosa porque dá luz aos microfones das mesquitas. Quimo Safé reza por eles todos os dias.

Nelson Mandela é Hospitalizado na África do Sul

África do Sul-O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela foi hospitalizado para um exame médico de rotina, segundo autoridades do país.

Segundo um porta-voz do presidente Jacob Zuma, os médicos tratam Mandela de doenças preexistentes.

O ex-presidente tem 94 anos e passou 18 dias internado em Dezembro de 2012 recebendo tratamento nos pulmões e devido a cálculos biliares.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Carne de Cavalo: Análises Sobre Presença de Anti-inflamatório Estão Prontas Dentro de Semanas


Portugal-As análises pedidas pela DECO sobre a presença do anti-inflamatório fenilbutazona nos produtos detectados com vestígios de cavalo deverão estar prontas dentro de duas a três semanas, disse uma dos responsáveis da associação.
 
A associação portuguesa para a Defesa dos Consumidores (DECO) foi ouvida na comissão de Agricultura e Mar, no parlamento, no âmbito de um requerimento do grupo parlamentar do PCP, aprovado por unanimidade.
 
Durante a audição, a DECO apontou o estudo, divulgado na segunda-feira, onde foram detectados três produtos com ADN de cavalo.
 
"Detectámos vestígios inferiores a 1% em hambúrgueres da Auchan e almôndegas do Polegar. Já na lasanha do El Corte Inglês a presença de ADN era superior: entre 1% e 5%", refere o estudo da DECO.
 
"Foram trinta amostras só na região de Lisboa. O problema é saber se podemos sossegar em termos de saúde pública", afirmou a responsável da DECO Sílvia Machado, durante a audição.
 
"Ainda não temos os resultados do anti-inflamatório que é dado aos cavalos de desporto, teremos resultados dentro de duas a três semanas", adiantou.
 
No final da audição, Sílvia Machado esclareceu que as "análises de detecção do ADN [de cavalo] foi feito em Portugal", mas as de fenilbutazona estão a ser feitos fora do país, mas a responsável escusou-se a adiantar o local.
 
"A escolha do laboratório é critério da DECO" e as análises, que visam identificar presença daquele anti-inflamatório, não estão a ser feitas em Portugal "porque não identificámos nenhum laboratório que o fizesse", acrescentou.
 
Sílvia Machado apenas confirmou que o laboratório fica na União Europeia.A responsável da DECO explicou que comer carne de cavalo até "é nutritivo", mas resta saber "que cavalo entrou neste circuito": "se for normal seguiu as inspecções normais", tal como acontece com os bovinos ou suínos, caso tenha sido um animal de corridas, pode haver a presença de anti-inflamatórios.
 
Caso não se detecte vestígios de fenilbutazona, é sinal que se trata apenas de fraude económica, caso contrário, poderá tratar-se de um caso de saúde pública, pelo que a responsável disse que o melhor é aguardar os resultados.
 
Questionada sobre se a ASAE - Autoridade de Segurança Alimentar e Económica está a fazer o mesmo tipo de análises, Sílvia Machado disse achar que sim.
 
"Acho que [a ASAE] está a fazer detecção do ADN do cavalo e também o controlo de fenilbutazona. O importante é que depois de estar na posse dos dados os transmita de forma transparente, que é isso que os consumidores neste querem".
 
Defendeu ainda que a ASAE deveria ser mais proactiva na comunicação, no âmbito do caso da carne de equídeo em produtos rotulados como sendo de bovino, considerando que esta deveria divulgar as marcas e as entidades fiscalizadas, em vez de avançar com dados vagos.

quinta-feira, 7 de março de 2013

ONU: Guiné-Bissau e Moçambique Com 'Sérios Problemas' de Tráfico de Droga

Guiné-Bissau e Moçambique-são os países lusófonos que apresentam problemas mais sérios com o tráfico de drogas, indicou hoje o relatório anual da Agência Internacional de Controlo de Drogas (International Narcotics Control Board - INCB), da ONU.
 
A África Ocidental, nos últimos dez anos, tem sido a porta de entrada da cocaína da América do Sul com destino à Europa, mas desde 2007 o seu peso tem sido a diminuir até porque o tráfico de droga continua a usar o circuito de contentores , a partir do Brasil.
 
No entanto, o relatório indica que o golpe de Estado na Guiné-Bissau em Abril de 2012 provocou mudanças que podem afectar a luta contra o tráfico de drogas naquela zona do mundo, devido á instabilidade do país.
 
Segundo o INCB, a Guiné-Bissau tem atraído mais a atenção dos traficantes, constituindo já o centro do comércio da cocaína nesta sub-região.
 
O Escritório das Nações Unidas para as Drogas e Crimes (UNDOC) presta assistência aos países sobre os problemas do consumo e o combate do tráfico de drogas através dos seus programas nacionais.
 
Cabo Verde actualizou o seu programa nacional de fiscalização de drogas em 2012, mas a execução do programa análogo na Guiné-Bissau foi suspenso em consequência do golpe de Estado.
 
Uma quantidade considerável de cocaína é também transportada da África Ocidental para a África do Sul, seja directamente ou através de Angola ou da Namíbia.
 
Por outro lado, Moçambique tem apresentado algumas melhorias, mas tem de aumentar os seus esforços no combate contra as drogas, recomenda a agência da ONU.
 
Moçambique tem surgido como o ponto central do trânsito de drogas ilícitas, como resina de canábis, canábis, cocaína e heroína destinadas à Europa, e de metaqualona (um medicamento sedativo e hipnótico, Mandrax) para a África do Sul.
 
O país da África austral também é apontado como ponto de passagem para o tráfico de metanfetaminas em África e outras regiões.
 
Em 2011, as autoridades moçambicanas apreenderam 41 quilos de efedrina e em 2012 foi suspenso um carregamento de 1.970 quilos de 1-fenil-2-propanona que vinha da Índia e não tinha a autorização necessária.
 
Em 2011, as autoridades moçambicanas apreenderam 12 remessas de cocaína no aeroporto internacional de Maputo, num total de 65 quilos, que vinha da Índia e que já havia passado pela Etiópia.
 
Já no Brasil, as autoridades têm aumentado os recursos gastos na luta contra o narcotráfico e os programas de prevenção, reconheceu hoje a INCB.
 
“Ainda que o Brasil permaneça como um dos principais países de trânsito da cocaína produzida nos países vizinhos (Bolívia, Peru, Colômbia), o INCB constatou que o Governo adoptou medidas importantes para fortalecer sua capacidade de fazer cumprir as leis, em particular com a implantação de aeronaves de vigilância teledirigidas, scanners de contentores e o estabelecimento de um laboratório de análises de drogas”, referiu o relatório.
 
A agência indicou o investimento nos programas de prevenção no consumo de drogas e a criação de uma rede de tratamento e reabilitação, recomendando ao país a extensão destes programas à população carcerária.
 
As apreensões de cocaína caíram em 2011 (dados mais recentes indicados no estudo) no Brasil para as 24,5 toneladas, quase 10% menos do que o ano anterior, mas aumentaram as apreensões de cannabis, 174 toneladas, cerca de 12% mais do que em 2010.
 
Em 2011, Cabo Verde apreendeu 2,6 toneladas de canábis e também registou o consumo de estimulante do tipo anfetaminas no país. Em Outubro do mesmo ano, ocorreu uma apreensão, sem precedentes, de 1,5 toneladas de cocaína no país.
 
Timor-Leste é citado no relatório por não ter ratificado três convenções sobre o tráfico de estupefacientes (de 1961, 1971 e 1988) da ONU.