quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Guiné-Bissau: Populações de Nhacra Agridem o Secretário de Segurança do Sector

Bissau - O confronto ocorreu terça-feira última, 26 de Fevereiro, entre a força de ordem e a população de Indam, tendo terminado com cinco feridos, alguns em estado grave, de entre os quais o Secretário de Segurança de Sector de Nhacra, Ensa Faty (Loubo).
 
Armados com catanas e paus, os habitantes de Indam reclamavam a libertação dos seus colegas detidos em Nhacra, na sequência da disputa pela posse da terra entre duas tabancas do mesmo sector.

A situação fez deslocar o ministro do Interior ao terreno, onde se encontravam duas viaturas das forças policiais retidas pela população de Indam, durante várias horas.

No local, a PNN registou palavras de jovens relativamente à detenção das viaturas policiais. «Loubo não sai daqui enquanto os nossos irmãos não forem libertados a partir de Nhacra» diziam, exibindo catanas e paus.

No interior das viaturas da polícia estavam Loubo e outros três indivíduos, que foram agredidos no confronto pela posse da terra.

Dirigindo-se aos presentes, o ministro do Interior, António Suca Ntchama, advertiu os jovens dizendo que as suas iniciativas já atingiram níveis de desordem. «O Estado tem o poder de agir para repor ordem em certas circunstâncias. Caso se coloquem frente a frente com as forças de ordem vão aguentar com os vossos paus», referiu António Suca Ntchama, alertando os moradores de Indam em relação aos seus comportamentos perante a comunidade internacional.

«Estamos perante a comunidade internacional, como é do vosso conhecimento, que não admite que sejam instigados para que o mundo possa concretizar os seus objetivos em relação a nós, como foi dito, que a Guiné-Bissau é um país de conflito», disse o governante numa clara alusão à presença da força da alerta da CEDEAO (ECOMIB) na Guiné-Bissau.

Ensa Faty, Secretário de Segurança do sector de Nhacra e uma das pessoas agredidas pelos populares, disse à PNN que se deslocou a Indam com um reforço de agentes, em perseguição de uma das pessoas, tendo sido agredido com paus mesmo na presença da Polícia da Intervenção Rápida.

«As pessoas que foram agredidas inicialmente apresentaram queixa no Comissariado do sector. Tomámos iniciativa em busca dos agressores e fui espancado», referiu Ensa Faty.

Durante o clima de desordem da população de Indam, foi confiscada a arma do Secretário de Segurança de Sector de Nhacra.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Papa Bento XVI Renuncia a 28 de Fevereiro: "Sinto o Peso do Cargo"

Santa Sé, Estado da Cidade do Vaticano-O Papa Bento XVI, de 85 anos, anunciou que renuncia à liderança da Igreja Católica, por se sentir "sem forças" para desempenhar o cargo. A saída acontecerá a 28 de Fevereiro.
 
“Sinto o peso do cargo”, disse Bento XVI, para justificar a renúncia, algo que não acontecia há quase seis séculos. O último Papa a renunciar foi Gregório XII (pontificado de 1406-1415), para acabar com o grande cisma do Ocidente, que tinha chegado ao ponto em que havia três pretendentes.
 
“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência perante Deus, cheguei à conclusão de que as minhas forças, devido a uma idade avançada, não são capazes de um adequado exercício do ministério de Pedro", disse o Papa, no discurso em que anunciou a sua surpreendente decisão.
 
“Por esta razão”, continuou Bento XVI, “e bem consciente da seriedade deste acto, com toda a liberdade declaro que renuncio.” A “28 de Fevereiro, às 20h, a Sé de Roma ficará vazia e um conclave para eleger o novo sumo pontífice será convocado pelos que para tal têm competência.”
 
"No mundo actual, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevância para a vida da, para governar a barca de S. Pedro e anunciar o Evangelho é necessário também vigor, tanto do corpo como do espírito. Vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de forma que tenho de reconhecer a minha incapacidade para exercer de boa forma o ministério que me foi encomendado", justificou o líder da Igreja Católica, que comunicou a sua decisão em latim, durante a canonização dos mártires de Otranto.
 
Igreja Católica em estado de "sede vacante"
A partir das 19h (hora de Lisboa) do próximo dia 28 de Fevereiro, a Igreja Católica fica em estado de "sede vacante", período que começa com a renúncia do Papa e durante o qual é feita a convocação do conclave e a eleição do seu sucessor. Até que seja conhecido o nome do futuro Papa, a direcção da Igreja Católica fica sob a responsabilidade do colégio cardinalício ou colégio dos cardeais.
 
As condições para a renúncia de um Papa estão previstas no Código de Direito Canónico, no cânone 332:"Se acontecer que o romano Pontífice renuncie ao cargo, para a validade requer-se que a renúncia seja feita livremente, e devidamente manifestada, mas não que seja aceite por alguém."
 
Colaboradores "incrédulos" com decisão tomada há quase um ano
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Vaticano admitiu que a decisão de Bento XVI apanhou todos de “surpresa” e revelou que mesmo os colaboradores mais próximos não sabiam. Ficaram "incrédulos", disse Federico Lombardi.O irmão do Papa, Georg Ratzinger, foi o único a dizer que já sabia “há alguns meses” que Bento XVI ponderava deixar a liderança da Igreja Católica.E Giovanni Maria Vian, director do Osservatore Romano, o jornal semi-oficial do Vaticano, escreveu mesmo segunda-feira que a decisão de Bento XVI estava tomada há quase um ano, desde Março de 2012.“A decisão foi tomada há muitos meses, após a viagem ao México e a Cuba, num segredo que ninguém foi capaz de quebrar”, escreveu o historiador Giovanni Maria Via, em editorial, citado pela AFP.
 
O porta-voz do Vaticano afirmou, por outro lado, que Joseph Ratzinger não participará no conclave para eleger o seu sucessor, um encontro que só se deverá realizar em Março. “Devemos ter um novo Papa na Páscoa [31 de Março]”, acrescentou Lombardi.Existia já alguma especulação sobre uma possível renúncia do alemão Joseph Ratzinger, de 85 anos. No ano passado, Bento XVI tinha já dito que estava “na última etapa da vida”.
 
Sucessão em aberto
Para a sucessão de Ratzinger, há vários candidatos, mas nenhum favorito como quando o alemão sucedeu em 2005 a João Paulo II, destaca a agência Reuters.As casas de apostas, no entanto, já lançaram a corrida, sugerindo nomes como o cardeal ganês Peter Turkson, o italiano Angelo Scola ou o canadiano Marc Ouellet.A escolha de um Papa envolve sempre uma grande dose de imprevisibilidade, mas os analistas voltam a destacar a possibilidade de ser pela primeira vez escolhido um não europeu na era moderna da Igreja Católica. África e América Latina lideram as hipóteses.
 
Bento XVI, de 85 anos, foi o 265.º Papa e o sexto alemão a liderar a Igreja Católica.Ratzinger tornou-se Papa a 19 de Abril de 2005, quando tinha 78 anos. Os seus quase oito anos de pontificado ficaram marcados não apenas por um declínio na participação religiosa dos católicos, mas também por escândalos de abusos sexuais na Igreja Católica e ainda por casos polémicos no Vaticano, onde o Papa teria dificuldades para controlar a Cúria.
 
Federico Lombardi, porém, negou que a saída de Bento XVI esteja relacionada com outras razões que não a idade avançada. O porta-voz do Vaticano afirmou que nem as dificuldades do papado, nem uma doença em particular justificaram a decisão tomada por Ratzinger nos últimos meses."O Papa sentiu as suas forças a diminuírem nestes últimos meses e reconheceu-o com lucidez", disse Lombardi.Segundo porta-voz do Vaticano, o Papa vai retirar-se de imediato para a residência de Verão, em Castel Gandolfo, e mais tarde para um mosteiro no Vaticano.Nascido a 16 de Abril de 1927, Joseph Ratzinger nasceu numa família católica da Baviera (Alemanha).

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ONU Renovou Mandato na Guiné-Bissau Por Mais Três Meses

Nova York - O Conselho de Segurança da ONU anunciou a renovação do mandato de um Escritório Integrado na Guiné-Bissau.A resolução 2092, adotada por unanimidade na última sexta-feira, dá mais três meses de funcionamento da presença da ONU na nação de língua portuguesa, do oeste da África. A renovação foi recomendada pelo Secretário-Geral, Ban Ki-moon, no relatório sobre a situação do país, em Janeiro. O fim do atual mandato tinha sido previsto para 28 de Fevereiro.
 
A Guiné-Bissau vive um impasse político desde o golpe de 12 de Abril que deu início a um governo de transição. Ainda este mês, o novo chefe do Escritório da ONU em Bissau, José Ramos Horta, chegou ao país para ajudar nos esforços de paz e estabilização.Numa entrevista à Rádio ONU, o embaixador da União Africana junto às Nações Unidas, Téte António, falou do impacto da renovação do mandato.
 
"É uma continuação e, é importante que as Nações Unidas estejam no terreno tal como nós estamos. Temos uma parceria nesta questão, tivemos uma missão conjunta com a CEDEAO, a Comunidade Econômica para o Desenvolvimento dos Estados da África Ocidental, União Europeia e a ONU. A missão foi a Bissau e, continua a trabalhar nesse sentido com a União Africana.Portanto, temos que ter este parceiro no terreno para solidificar este esforço que estamos a fazer".
 
No informe, Ban justificou a proposta com o que chamou de "complexos desafios da Guiné-Bissau".Um outro fator apresentado pelo chefe da ONU foi a nomeação do seu representante especial na Guiné-Bissau, José Ramos Horta. O ex-presidente de Timor-Leste e Prêmio Nobel da Paz deve agora "avaliar a situação no país e, com base nela, fazer recomendações a respeito do mandato da missão", como explicou Ban Ki-moon.

Tropas Francesas Bombardeiam Base de Um Grupo Armado

Bamako - Quatro pessoas ficaram feridas domingo passado durante os bombardeamentos francês sobre uma base do Movimento árabe de Azawad (MAA), que teve de enfrentar os rebeldes tuareg no nordeste do Mali,perto da Argélia, soube à AFP (segunda-feira) junto de uma fonte de segurança na região.

"Quatro combatentes do MAA ficaram feridos no bombardeamento do exército francês contra a nossa base de Infara", uma cidade localizada a 30 km da fronteira argelina, declarou Boubacar Ould Taleb, um dos responsáveis do movimento, contactado por telefone a partir de Bamako.

"São aviões franceses (...), que bombardearam a nossa base. Cinco veículos pertencentes ao nosso movimento também foram destruídos", acrescentou denunciando o "apoio aberto" da França à rebelião touareg do Movimento Nacional de libertação de Azawad (MNLA) acusado de ter “saqueado bens dos nossos parentes e "violarem as nossas filhas e "

Uma fonte da segurança regional confirmou os bombardeamentos: "aviões militares franceses bombardearam domingo as posições do MAA ao largo da principal fronteira da Argélia."

A localidade maliana de Infara onde os atentados ocorreram, situa-se a 30 km de In-Khalil, uma outra onde os combates do MAA e MNLA aconteceram sábado.

Mohamed Ibrahim Ag Assaleh, responsável do MNLA, com sede em Ouagadougou, afirmou sábado que o seu movimento tinha sido atacado por "terroristas", liderado por Omar Ould Hamaha, do Movimento para a unicidade e a Jihad na África Ocidental (Mujao), um dos grupos islamistas que ocuparam norte do Mali em 2012, mas também "o MAA e Ansar al-Charia(edine)," uma dissidente do "Mujao."

Evocou "nove prisioneiros" nas mãos do MNLA "seis que se alegam do Mujao e três de Ansar Al-Charia".

O MAA, movimento autonomista criado em Março de 2012, havia confirmado ter atacado sábado por volta das 04H00 (locais e TMG) o MNLA em represálias as violências contra os árabes na zona.



Países da África Assinam Plano Para Estabilizar o Congo

Joseph Kabila, presidente do Congo

República Democrática de Congo-Onze países africanos assinaram um acordo de paz elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) domingo último para estabilizar o Congo, problemático país do centro da África, onde rebeldes apoiados alegadamente por países vizinhos ameaçaram no ano passado derrubar o governo.

Na abertura da reunião para assinatura do acordo na sede da União Africana em Addis Ababa, na Etiópia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a estrutura de paz, segurança e cooperação para o Congo traria estabilidade para a região.

"A cerimônia de assinatura é significativa. Mas é apenas o início de uma abordagem abrangente, que vai exigir um engajamento sustentável. A estrutura diante de você descreve compromissos e mecanismos de fiscalização que tem o objetivo de abordar as principais questões nacionais e regionais", disse Ban em seu discurso.

Congo, Ruanda, Burundi, República Central Africana, Angola, Uganda, Sudão do Sul, África do Sul, Tanzânia e República do Congo assinaram o acordo.

Os países vizinhos do Congo prometeram coletivamente não interferir em assuntos internos da nação. Eles também concordaram em não tolerar ou apoiar grupos armados. Um relatório da ONU do ano passado disse que Ruanda e Uganda ajudaram rebeldes do M23 dentro do Congo. Os dois países negaram as alegações.

A ONU diz que o Congo sofre de violência persistente por grupos armados locais e estrangeiros que usam o estupro como arma. O conflito desalojou quase 2 milhão de pessoas. A ONU disse que vai realizar uma revisão da sua força de paz no Congo, conhecida como Monusco, para ajudar melhor o governo do país a lidar com os desafios de segurança. Ban disse que vai emitir um relatório especial sobre o Congo e a região dos Grandes Lagos, nos próximos dias.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, elogiou a proposta de enviar mais soldados para o Congo, Mas ele afirmou que o governo do Congo precisa implementar "reformas de longo alcance" para uma solução duradoura. Sob o novo acordo, o governo concordou em implementar uma rápida reforma do setor, particularmente dentro de seu exército e da polícia, e a consolidar a autoridade estatal no leste do país. Além disso, o governo prometeu evitar que grupos armados de países desestabilizem países vizinhos.

O presidente do Congo, Joseph Kabila, prometeu também avançar com a descentralização e expandir os serviços sociais através do país. O acordo prevê que Kabila coloque em prática em breve um mecanismo de supervisão nacional, a fim de fiscalizar a implementação dos compromissos.

A União Europeia recebeu positivamente a assinatura do acordo."Esses são passos importantes para encontrar soluções políticas sustentáveis para os problemas estruturais nos âmbitos doméstico e regional", afirmou a diretora de política externa da UE, Catherine Ashton, e o comissário do bloco para Desenvolvimento, Andris Piebalgs, em um comunicado conjunto.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Protesto na Turquia Contra Mísseis da NATO(OTAN)

Turquia-A chegada de mísseis Patriot ao sul da Turquia é marcada por manifestações contra a colaboração entre Ancara e a NATO face a uma possível ameaça síria.
 
Dezenas de manifestantes envolveram-se em confrontos com a polícia em Incirlik, no sudeste do país. O protesto ocorre num momento em que começam a chegar ao porto de Iskenderum as seis baterias de mísseis provenientes da Holanda, Alemanha e Estados Unidos.
 
Os manifestantes, convocados pelo partido comunista turco, protestam igualmente contra a mobilização dos mil soldados estrangeiros que vão operar o sistema anti-míssil.
 
O envio dos mísseis de interceção, no quadro da NATO, ocorre depois de Ancara ter solicitado a intervenção da Aliança Atlântica para reforçar as defesas anti-aéreas do país, na sequência da queda de vários mísseis, junto à fronteira com a Síria.

Eleição é Decisiva Para o Futuro da Itália

Italia-Itália vai às urnas e Europa aposta na possibilidade de formação de um governo estável no país, apesar de todas as dificuldades.Com dois dias de votação, as eleições na Itália chamam a atenção de toda a Europa. Trata-se de um dos pleitos nacionais observados com maior atenção, tendo em vista que o governo eleito terá como tarefa tirar a Itália da recessão, contribuindo também para solucionar a crise econômica que afeta a zona do euro como um todo.
 
As urnas permanecem abertas domingo e  segunda-feira, com resultados a serem divulgados na manhã da terça-feira. Aproximadamente 51 milhões de italianos estão convocados a votar. No domingo último, o número de eleitores se manteve baixo, sobretudo no norte do país, devido ao mau tempo, com neve e chuvas.
 
A lei eleitoral na Itália tem um nome sui generis: "Porcellum", que significa algo como "porcaria". O nome não foi cunhado por eleitores decepcionados, mas sim por cientistas e políticos, quando a lei foi criada, quase dez anos atrás. A "porcaria" referida é a sua complexidade: quase ninguém é capaz de compreender de imediato o sistema de divisão de cadeiras nas duas câmaras do Parlamento.
 
Na Câmara dos Deputados, o partido mais forte recebe automaticamente uma maioria absoluta de cadeiras, mesmo que tenha apenas 30% dos votos. No Senado, os assentos são divididos por listas regionais. "Há uma maioria muito confortável graças a esse Porcellumna primeira Câmara, o que não vale de forma alguma para a segunda, ou seja, para o Senado. E isso pode exercer uma influência muito grande sobre a capacidade de governar do vencedor", explica Lutz Klinkhammer, especialista em assuntos italianos do Instituto Histórico Alemão em Roma.
 
Caso no Senado a maioria política seja diferente da da Câmara, o futuro chefe de governo terá que enfrentar uma coalizão com diversos pequenos partidos. Como no Parlamento haverá representação de até 20 facções, o resultado pode ser uma aliança bem pouco estável. Seja como for, uma estabilidade como a ansiada pela União Europeia e pelos mercados financeiros para a altamente endividada Itália, é muito pouco provável.
Silvio Berlusconi: insistência eleitoral
 
O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, por sua vez, já demonstrou sua habilidade de comunicador na campanha eleitoral.Dezesseis meses atrás, aos 76 anos, ele foi obrigado a deixar o governo do país e entregá-lo a Mario Monti, uma vez que não estava conseguindo manter a crise econômica e de endividamento sob controle.
 
Agora, Berlusconi usa peças publicitárias sóbrias para se apresentar como estadista, que defende a restituição dos impostos recém-criados ao bolso do contribuinte. Dependendo dos resultados do pleito, Berlusconi poderá se unir à Liga Norte, de extrema direita, e, com maioria no Senado, trazer dores de cabeça ao próximo governo.
 
Como Beppe Grillo obteve muito sucesso com seu "movimento", Berlusconi declarou que seu partido assume a partir de agora também o status de movimento – no caso, um bastião contra a arbitrariedade do sistema judicial italiano. Um bastião do qual o próprio Berlusconi pode precisar, pois se sente "perseguido pela Justiça" do país, que move três processos contra ele. Depois das eleições, deverá ser declarado o veredicto de um deles, onde é acusado de ter tido relações sexuais com uma menor.
 
Os delitos de Berlusconi causam repúdio sumário no exterior, mas não necessariamente dentro da Itália, analisa o especialista Klinkhammer. "Ele incorpora o sonho italiano do "self-made" mane do sedutor. Ele ainda pode fazer pontos. Um ano de governo Monti já bastou para fazer com que a população esquecesse o que foram os anteriores dez anos de governo Berlusconi", acrescenta.
 
"Culpa de Merkel"
A primeira-ministra alemã Angela Merkel
 
E uma coisa Berlusconi e Grillo têm em comum, apesar de se rejeitarem mutuamente: eles delegam a Bruxelas e à Alemanha, especialmente à chanceler federal Angela Merkel, a culpa pela crise de endividamento e pela recessão na Itália. Segundo Berlusconi, foi a chefe de governo alemã que deu ordens a Mario Monti para apertar o cinto.
 
"A Alemanha exerce um papel importante nessa campanha eleitoral. No caso, como bode expiatório. Quando se ouve o que Berlusconi tem a dizer, a conclusão é a de que tudo o que é ruim vem do norte. Também com Beppe Grillo se pode ler isso, nas entrelinhas", diz Lutz Klinkhammer.
 
Facto é que todos os políticos italianos rejeitam conselhos de Bruxelas ou de Berlim. Supostas declarações da primeir-ministra alemã a respeito de uma predileção de Berlim por Monti no cargo de chefe de governo na Itália renderam manchetes no país durante dias a fio. "Isso é compreendido como uma interferência na política interna italiana. Não tem muita influência sobre a campanha eleitoral, mas não beneficia, a meu ver, nem Mario Monti, nem a posição alemã".