Guiné-Bissau-A Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP) integra uma missão internacional enviada a Bissau
para, a partir de domingo últmo e durante cinco dias, avaliar a situação no país, oito
meses após um golpe de Estado que afastou o Governo eleito.
É a primeira vez que
representantes da CPLP, que condena o golpe, estarão em diálogo directo com o
poder instaurado pelos militares que, a 12 de Abril, derrubaram o Governo do
primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. Mas isso não significa que tenha alterado
a sua posição, disse o novo secretário executivo da comunidade lusófona, o
moçambicano Murade Murargy, numa entrevista ao jornal Público.
"O que a CPLP
quer é defender os interesses dos guineenses. Não queremos interferir no
processo, queremos é que eles se entendam.A missão internacional é coordenada
pela União Africana e integra também senior officials (altos funcionários) da
CPLP, da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) – que
reconhece o poder instaurado após o golpe e tem uma força militar no país –, das
Nações Unidas e da União Europeia. A possibilidade de envio da missão começou a
ser discutida em Setembro, em Nova Iorque, durante a última Assembleia Geral das
Nações Unidas, num encontro entre Murargy e a CEDEAO.
Depois de outros
contactos e encontros, realizou-se uma reunião em Addis Abeba, onde os termos da
missão e a data foram definidos.Chegou a estar previsto um encontro na capital
da Etiópia entre delegações do Governo afastado pelos militares em Abril e
representantes do poder pós-golpe, que acabaram por não comparecer.
O
objectivo da visita dos próximos dias é “avaliar a situação de segurança e
definir um calendário para restituir a Guiné-Bissau à estabilidade”, disse o
secretário executivo. Estão previstos encontros com representantes do executivo
de transição, comissão de eleições, procurador-geral, organizações
internacionais que trabalham na Guiné-Bissau, embaixadores, partidos, militares
e outras entidades guineenses.
O poder instaurado pelo golpe que derrubou o
Governo de Gomes Júnior anunciou em Abril que seriam realizadas eleições após um
período de um ano. Gomes Júnior venceu a primeira volta das eleições
presidenciais deste ano. A segunda volta não chegou a realizar-se, devido ao
golpe liderado pelo general António Indjai. O primeiro-ministro afastado vive
actualmente em Portugal.