quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Violência-África: Soldados se Rendem a Rebeldes na República Democrática do Congo

SÃO PAULO, SP, 21 de Novembro - Um grupo de de soldados e policiais se renderam na cidade de Goma, na República Democrática do Congo, no terceiro dia de um confronto entre um grupo rebelde formado por militares e o governo local.

Ontem, os insurgentes do M23 tomaram Goma, uma das capitais da Província de Kivu, no oeste do país, após intenso confronto com militares e policiais. Devido ao conflito, milhares de pessoas fugiram da cidade, de 1 milhão de habitantes, em direção à vizinha Ruanda.

Os combates continuaram durante a madrugada na cidade e em Bukavu, a outra capital de Kivu, com o uso de armamento anti-aéreo e lançamento de foguetes militares.

Mais cedo, o M23 anunciou que pretende "liberar" o país com a ofensiva, em um avanço que começará em Bukavu e seguirá até a capital Kinshasa. Os rebeldes alegam que o conflito foi causado pela suposta quebra do acordo de paz com o presidente Joseph Kabila.
O pacto, que foi assinado há três anos, incluía a manutenção das patentes dos oficiais e o fim das transferências dentro do país após uma tentativa de levante.

O governo nega o rompimento do acordo e acusa os vizinhos Ruanda e Uganda de apoiarem os insurgentes, o que é negado pelos dois governos.

Encontro
Devido aos confrontos com os rebeldes, o presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, fez uma reunião de urgência com os presidentes de Ruanda, Paul Kagame, e de Uganda, Yoweri Museveni, em Kampala, capital de Uganda.

O governo congolês acusa os dois países de financiarem os rebeldes com o propósito de ganhar território em Kivu, uma região com recursos minerais como ouro, diamantes e coltan, usado em telefones celulares.

A República Democrática do Congo também criticou a inação das tropas da ONU (Organização das Nações Unidas) que ocupam o país, que não interferiram no conflito porque não possuem ordens do Conselho de Segurança para fazê-lo.

O Exército local pediu a participação das tropas internacionais para retomar o controle de Kivu e a França também pediu uma revisão do mandato das forças no Conselho de Segurança para atuar contra os rebeldes.

Na terça, a organização condenou a tomada da cidade pelos rebeldes do M23 e ordenou o envio de mais tropas para assegurar as bases militares da ONU, mas sem menção a uma interferência no conflito.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Pelo Menos 2,5 Milhões de Novos Infectados com Vírus da SIDA em 2011


Genebra - Pelo menos 2,5 milhões de pessoas contraíram o vírus da SIDA em 2011, números que confirmam a tendência decrescente das novas infecções que, numa década, caíram 20 porcento, revelam dados divulgados terça-feira pelas Nações Unidas.

No ano passado viviam, em todo o mundo, 34 milhões de pessoas infectadas com o HIV, 23,5 milhões na África Subsahariana, cinco milhões na Ásia, 1,4 milhões na América Latina, 1,4 milhões na América do Norte, 900 mil na Europa, 300 mil no Médio Oriente e África setentrional, 230 mil no Caribe e 53 mil na Oceânia, revela a edição de 2012 do relatório global da agência das Nações Unidas para a SIDA (ONUSIDA).
 
O relatório, que foi divulgado terça-feira em Genebra em antecipação ao Dia Mundial da SIDA, que se assinala a 01 de Dezembro, adianta que a África Subsahariana se mantém como a região mais afectada em todo o mundo com um em cada 20 adultos infectados com o HIV, o que representa 69 porcento da população mundial que vive com o vírus.

As mulheres representam mais de metade (58 porcento) das pessoas infectadas nesta zona do mundo.

A África Subsahariana (25 porcento) e o Caribe (42 porcento) foram as regiões que registaram maior decréscimo no número de infecções entre 2001 e 2011.

No texto, as Nações Unidas mostram preocupação com a tendência verificada no Médio Oriente e Norte de África, onde o número de novas infecções aumentou mais de 35 porcento, passando de 27 mil em 2001 para 37 mil em 2011.

Nesta região, registavam-se no ano passado 300 mil pessoas que viviam com o vírus da SIDA, tendo ocorrido 23 mil mortes relacionadas com a doença.

As Nações Unidas encontraram ainda sinais de que as infecções por HIV na Europa de Leste e na Ásia Central começaram a aumentar desde meados da década de 2000.

Com 1,4 milhões de pessoas infectadas com o HIV, a região registou no ano passado 140 mil novas infecções e 92 mil mortes.

O estudo revela ainda que na última década várias epidemias nacionais sofreram "alterações dramáticas", tendo-se registado uma quebra na ordem dos 25 porcento da incidência das infecções por HIV em 39 países, 33 dos quais localizados na África
Subsahariana.

Moçambique, África do Sul, Jamaica, Quénia, México, Serra Leoa, Níger ou Tailândia são alguns dos países com comportamentos positivos.

Em sentido oposto, pelo menos nove países - Bangladesh, Geórgia, Guiné-Bissau, Indonésia, Cazaquistão, Quirguistão, Filipinas, Moldávia e Sri Lanka - aumentaram em pelo menos 25 porcento o número de novas infecções.

O número de mortes relacionadas com a Sida atingiu os 1.7 milhões, 1,2 milhões das quais ocorreram na África Subsahariana, valores que representam uma quebra de 24 porcento relativamente a 2005, quando ocorreram 2,3 milhões de mortes.

O número de mortes caiu 32 porcento entre 2005 e 2011, apesar de a região representar 70 porcento de todas as pessoas que morreram em 2011 de causas relacionadas com a SIDA.

Também o Caribe (48 porcento) e a Oceânia (41 porcento) registaram reduções significativas no número de mortes, tendo a América Latina (10 porcento), a Ásia (4 porcento) e a Europa Central e América do Norte (1 por cento) revelado quebras mais modestas.

As regiões da Europa de Leste e Ásia Central (21 por cento) e do Médio Oriente e Norte de África (17 por cento) registaram, por seu lado, o aumento da mortalidade associada à doença.

Profissionais do sexo (23 porcento mais que o resto da população), consumidores de droga (22 por cento mais) e homossexuais (13 porcento mais) mantêm-se como os grupos populacionais com maiores taxas de incidência de infecções por HIV.

O relatório revela ainda que o aumento do uso de anti - retrovirais em países de baixo e médio rendimento permitiu salvar 14 milhões de vidas por ano desde 1995, 900 milhões de Kwanzas das quais na África Subsahariana.

Em 2011, foram disponibilizados mais de 1.600 biliões de Kwanzas para a prevenção e tratamento da SIDA em todo o mundo, 30 porcento menos que o necessário para uma resposta completa em 2015.

CPLP Sem "atropelos" Nem "Cúmes" é Oportunidade de Crescimento

Logotipo da CPLP
Logotipo da CPLP


Lisboa - O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, disse terça-feira no XXII Encontro dos bancos centrais dos países de língua portuguesa que a CPLP sem "atropelos" nem "ciúmes" é uma oportunidade de crescimento para todos.

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, que destacou o valor económico da língua portuguesa e que sublinhou que a lusofonia é prioridade da política externa portuguesa, "a língua falada em quatro continentes por quase 300 milhões de habitantes" é um factor de desenvolvimento que pode ter mais relevância no futuro.

"Os países da CPLP ([Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] encerram muitas geografias e afinidades. Não devemos ver isto como um risco nem ter qualquer sentimento de ciúme, devemos ver isto como oportunidades de crescimento" afirmou Paulo Portas no encerramento do XXII Encontro dos bancos centrais dos países de língua portuguesa que decorreu  terça-feira última em Lisboa.

"Se nos soubermos compreender uns aos outros e não nos atropelarmos, o factor CPLP vai ganhar escala", disse Paulo Portas que lembrou igualmente à cooperação portuguesa com os países africanos de língua portuguesa.

Ao referir-se aos atuais valores da cooperação portuguesa com os países africanos de língua portuguesa (0,29 porcento do Produto Interno Bruto português), Portas afirmou que não é preciso ter muitos projectos "pequeninos" mas sim, menos projetos "mas mais importantes".

Portas sublinhou os projectos de ajuda ao desenvolvimento, "que dentro da margem possível devem ser olhados como afirmação, manutenção e reinvenção das parcerias com os países de língua portuguesa", e destacou a "definição de políticas macro - económicas para o desenvolvimento" e questões relacionadas com "a exploração de recursos naturais".

Paulo Portas considerou que Portugal faz "a ponte" entre a CPLP e a Europa, "a terceira maior economia do mundo", e que o Brasil, "ao ser a potência que é no espaço latino-americano, constitui para os outros países da CPLP uma grande oportunidade".

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse ainda que o continente africano, se beneficiar da estabilidade e de instituições sólidas, pode originar "exemplos de sucesso económico nas próximas décadas".

"Todos conhecem o potencial de Angola, sendo uma potência regional, todos sabem a importância de Moçambique, todos conhecem a avaliação das instituições internacionais sobre a governança de Cabo-Verde e todos sabem as ligações que mantemos com São Tomé e Príncipe", disse Paulo Portas, que disse ainda que "todos" querem respeito pela "constituição e diálogo político na Guiné-Bissau".

Finalmente, ao referir-se à actual situação económica de Portugal, Portas afirmou que "as lições aprendidas com a crise são relevantes para os países lusófonos. São da maior importância para todos".

Banco de Investimento da CEDEAO Avaliza Financiamento de Projectos Culturais


Cidade da Praia - O Banco da Cultura (BC) de Cabo Verde assinou segunda-feira um protocolo com o Banco de Investimento para o Desenvolvimento da CEDEAO (BIDC), que permitirá, através de um fundo, financiar projectos de agentes culturais e artistas crioulos.

Segundo o ministro cabo-verdiano da Cultura, Mário Lúcio Sousa, o Fundo de Garantia das Industrias Culturais da África de Oeste foi dado pela Organização Internacional da Francofonia (OIF) e será gerido pelo BIDC, que é uma garantia do Banco da Cultura junto da banca comercial cabo-verdiana.

"Significa que, a partir de agora, os agentes culturais e os artistas cabo-verdianos podem submeter os seus projectos directamente ao Banco da Cultura, onde serão analisados. Os bancos comerciais serão parceiros, mas não correm riscos, na medida em que somos o garante em 'primeira mão'", explicou.

Mário Lúcio Sousa indicou que, quando os montantes ultrapassarem os 15 mil euros, o BIDC da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) será "o garante, também em 'primeira mão'", junto dos bancos.

Depois, caberá ao Banco da Cultura receber os projectos candidatos a empréstimos reembolsáveis, analisar a respectiva viabilidade e prestar auxílio na elaboração dos documentos, caso seja necessário, após o que serão submetidos à banca comercial para financiamento.

União Africana Condena Ataques Rebeldes no Leste da RDC

 
 
Bandeira da União Africana
Bandeira da União Africana
Kigali - A presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini-Zuma, condenou veementemente nessa segunda-feira a ofensiva militar lançada pelo movimento rebelde M23 em Goma, no Leste da RD Congo, pedindo a este grupo para pôr termo “incondicional e imediatamente” a estes actos.

 
"A União Africana condena com firmeza as violências perpetradas contra a população civil na província do Kivu-Norte, no Leste da República Democrática do Congo", declarou Dalmini-Zuma, citada num comunicado.

A mesma exige que "tudo seja feito para garantir um acesso humanitário sem obstáculos a esta província" fronteiriça com o Rwanda.

A organização pan-africana reitera a necessidade para todos os atores interessados de consagrar a sua inteira cooperação aos esforços em curso no quadro da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), com o apoio total da UA.

Desde quinta-feira última, confrontos intensos opõem no Kivu-Norte rebeldes do M23 às Forças Armadas Congolesas (FARDC) apoiadas pela Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização da RD Congo (MONUSCO).

Guiné-Bissau Vai Ter o Seu Primeiro Centro Comercial


Guiné-Bissau-O primeiro centro comercial da Guiné-Bissau deverá abrir as portas na capital Bissau dentro de 18 meses, um projecto de um consórcio luso-guineense, disse o empresário português Luís Neves, em declarações à agência noticiosa portuguesa Lusa.

A primeira pedra para a construção do centro comercial, enquadrado dentro de uma cadeia de vários empreendimentos a serem construídos, será lançada no próximo sábado na presença de entidades oficiais da Guiné-Bissau e de empresários dos dois países.

Luís Neves disse ainda que representantes de oito empresas portuguesas de metalomecânica, carpintaria, casas pré-fabricadas, serralharia, produtos alimentares, cozinhas e material de construção chegam sexta-feira a Bissau a fim de constatar a realidade guineense e analisar possíveis áreas de cooperação com empresários locais.

O centro comercial de construção ligeira, a ser erguido na zona industrial de Brá, a seis quilómetros do centro de Bissau, com 1500 metros quadrados e quatro pisos, disporá de “todas as condições de higiene, segurança e mobilidade” iguais aos edifícios semelhantes na Europa, sendo a única exigência apresentada pelos parceiros portugueses que os produtos a serem comercializados sejam genuínos.

Além do centro comercial, o consórcio luso-guineense pretende construir no total sete armazéns, duas salas de cinema, um edifício multi-serviços, escritórios para alugar a baixo custo, um pavilhão para uma feira de exposição de produtos produzidos na Guiné-Bissau e os de outros países e ainda abrir uma rádio privada para a divulgação das actividades do grupo.
 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Tuaregues e Radicais Islâmicos Aceitam Processo de Diálogo em Mali

Mali-Os rebeldes tuaregues do Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) e os radicais islâmicos do Ansar Dine aceitaram começar um processo de diálogo político para tentar acabar com a crise no norte de Mali.
   
"As delegações do MNLA e do Ansar Dine expressaram sua disponibilidade para começar um processo de diálogo político sob a supervisão da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO)", informou terça-feira o ministro das Relações Exteriores de Burkina Fasso, Djibrill Bassole.
   
Após uma reunião dos grupos rebeldes com o presidente burquinense e mediador da CEDEAO na crise, Blaise Compaoré, Bassole disse que o objetivo das conversas é "encontrar uma solução negociada, justa e sustentável para a crise no norte malinês".
   
"Eles aceitaram continuar as conversas em um marco formal e se organizaram para apresentar um programa de reivindicações que incluam as dos povos do norte de Mali", acrescentou Bassole.
   
Por sua vez, o líder do MNLA, Bilal Ag Cherif, assegurou que chegou a hora de encontrar uma saída pacífica para o conflito.
   
"Não temos outra opção a não ser nos sentar e conversar seriamente para encontrar uma solução para o conflito entre Azawad e Mali, que já dura mais de 50 anos", declarou o líder rebelde aos jornalistas.
   
Por sua vez, Bassole advertiu que "o diálogo não substituirá a intervenção militar, nem a intervenção militar o diálogo".
   
"Temos que combinar um processo diplomático e político com um militar para libertar a região dos grupos terroristas que representam uma ameaça para o processo de paz e para toda a região", asseverou Bassole.
   
Enquanto isso, na região oriental malinesa de Menaka foram travados sexta-feira combates entre o MNLA e Monoteísmo e a Jihad na África Ocidental, um dos grupos fundamentalistas islâmicos que controlam o norte do país africano.
   
Mali se encontra imerso em uma profunda crise desde o dia 22 de Março, quando um golpe de Estado militar derrubou o presidente eleito democraticamente, Amadu Tumani Turé.
   
Segundo os últimos números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), o conflito do norte de Mali causou o deslocamento de mais de 200 mil pessoas, das quais pelo menos 46 mil se mudaram para Bamaco, a capital do país.