terça-feira, 30 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: Oficial da Brigada de Pára-comando Suicidou-se

BissauUm efectivo do Batalhão de Pára-comandos suicidou-se, esta segunda-feira, 28 de Outubro, junto ao Quartel desta instituição militar.
 
Baciro Ampa Sinabe tinha cerca de 30 anos e era natural de Susana, Sector de São-Domingos, região de Cacheu, norte do país. Era casado e tinha dois filhos.

Citado pela RDN, Júlio Cabi, Comandante da brigada de Pára-Comandos (foto), lamentou o ocorrido e informou que se desconhece ainda o motivo que levou o jovem militar a cometer suicídio.

Baciro Ampa Sinabe fazia parte do grupo de etnia Felupe, acusado pelo Governo de transição de pretender derrubar atuais chefias militares da Guiné-Bissau, alegadamente com o apoio do Capitão Pansau Ntchama.

Trata-se de um grupo étnico do qual faz aparte o Secretário de Estado dos Antigos Combatentes do atual Governo, Mussa Djata, bem como o Presidente do Tribunal de Contas da Guiné-Bissau, Alberto Djedo.

Fontes da PNN indicaram que as razões da morte de Baciro Ampa Sinabe podem estar relacionadas com as acusações de que a etnia Felupe vem sendo alvo nos últimos dias, sobre o alegado envolvimento na eliminação de militares balantas das Forças Armadas

Guiné-Bissau: Militares Acusam Gâmbia de Envolvimento no Ataque ao Quartel de Pára-comandos

Bissau - O Estado-maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, através do seu porta-voz Daba na Walna, acusou, este Domingo, 28 de Outubro, a República da Gâmbia de estar envolvida no ataque ao Quartel de Pára-comandos, que decorreu a 21 de Outubro.
 
Em conferência de imprensa realizada este Domingo, 28 de Outubro, em Bissau, depois da captura de Pansau Ntchama, Daba na Walna informou que o território gambiano estará a ser utilizado por Zamora Induta, ex-chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, com o objetivo de eliminar António Indjai, actual chefe do Estado-maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

A nível interno, este responsável disse acreditar que muitas figuras políticas podem estar envolvidas nesta operação mas não avançou nomes.

Daba na Walna revelou que Pansau Ntchama vai ser julgado no Tribunal Militar, sobre o seu alegado envolvimento no ataque ao Quartel de Pára-comandos, em Bissau.

Além de Pansau Ntchama, alguns militares já foram detidos na sequência de suposta participação na mesma acção, de entre os quais de destaca Jorge Sambu, ex-vice-chefe de Estado-maior da Armada em 2010.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: Militares Guineenses Capturaram Pansau Intchama

Bissau - Militares guineenses capturaram sábado, 27 de Outubro, Pansau Intchama, capitão guineense acusado de ter chefiado o comando que atacou a 21 de Outubro a caserna de pára-comandos em Bissau provocando seis mortos.
 
Pansau Intchama foi capturado no arquipélago de Bijagós estando agora a decorrer a sua transferência para a capital guineense.

As averiguações em torno do alegado envolvimento de Pansau Intchama no ataque à caserna de pára-comandos revestem-se de especial interesse devido às ligações perigosas que o capitão mantém com o actual Chefe de Estado Maior General da Forças Armadas guineenses, António Indjai, que agora colocam a vida do capitão em risco.

Pansau poderá ainda ser ouvido no âmbito das investigações do assassinato no antigo presidente João Bernardino «Nino» Vieira.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Situação do Mali Abordada por Manuel Augusto e Presidente da Comissão da UA

Secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto.
Secretário de Estado das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto.

Addis Abeba - O secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, foi recebido, em Addis Abeba, pela presidente da Comissão da União Africana, Nkozasana Dlamini Zuma, com quem abordou questões relacionadas com a situação no Mali.


No encontro, também se afloraram os acordos entre o Sudão e o Sudão do Sul, bem como a questão de instabilidade na Guiné-Bissau.

Manuel Augusto e Nkozasana Dlamini Zuma mostraram-se confiantes sobre as decisões saídas da Reunião do Conselho de Paz e Segurança da União africana, que poderão trazer avanços significativos no Mali, e na situação entre o Sudão e o Sudão do Sul.

O secretário de Estado das Relações Exteriores pediu à nova presidente da Comissão da União Africana no sentido de a Organização prestar maior atenção à situação na Guiné-Bissau.

“É preciso dar-se a mesma atenção à Guiné-Bissau como se dá a outras crises, tendo apontado como exemplo a crise no Mali, disse Manuel Augusto, justificando que a Guiné-Bissau vive numa situação complexa.

Manuel Augusto e Nkozosana Dlamini Zuma reconhecerem que um dos maiores problemas que perturba a Guiné-Bissau é sem dúvidas a questão do tráfico de drogas.

A Guiné-Bissau, segundo Manuel Augusto, é o principal ponto de passagem de droga da América do Sul para Europa e América do Norte.

Adiantou que a nova presidente da Comissão da União africana pode contar com a ajuda de Angola, nesta sua missão para implementar os programas da União Africana para o desenvolvimento do continente.

Nkozosana Dlamini Zuma agradeceu o gesto do diplomata angolano e valorizou o papel que Angola desempenhou no quadro da SADC, para a sua eleição no cargo de presidente da Comissão da União Africana.

Governo de Transição da Guiné-Bissau Considera "Vergonhosas" Declarações de Dirigentes cabo-verdianos

Bissau - O porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau, Fernando Vaz, considerou "vergonhosas" as declarações do primeiro-ministro e do Presidente de Cabo-Verde sobre a Guiné-Bissau e pediu que acabem as "faltas de respeito".
 
"Perguntamos se a independência de Cabo-Verde é verdade e de que país é que veio. Veio de Portugal?", questionou Fernando Vaz, em declarações à RTP África, em Bissau, a propósito de declarações do primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves.
 
Na sequência da tentativa de assalto a um quartel em Bissau, no passado domingo, na qual as autoridades de transição implicam Portugal e a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o primeiro-ministro de Cabo Verde remeteu para posteriormente um comentário mais consistente, alegando que, de Bissau, nem sempre as declarações políticas correspondem à realidade.

Amnistia Internacional Denuncia Clima de Medo na Guiné-Bissau





Amnistia Internacional confirma tensão na Guiné-Bissau
Amnistia Internacional confirma tensão na Guiné-Bissau
     
Guné-Bissau-AmnistiaInternacional (AI) denunciou  o "clima de medo" que vigora desde terça-feira na Guiné-Bissau, após as agressões a dois opositores e operações de busca a suspeitos de envolvimento no ataque a um quartel miliar no domingo.
 
 
 
"É inaceitável que os civis estejam a ser aterrorizados pelo facto de viverem numa área onde o exército suspeita que se escondem os apoiantes do antigo governo", referiu Noel Kututwa, diretor da AI para a África Austral.
 
Num comunicado da AI divulgado, Kututwa considera "imperativo" que as autoridades defendam o Estado de Direito "e investiguem este ataque em vez de perseguir os políticos da oposição".

 

Membros do Governo deposto procuram refúgio em embaixadas


A organização de defesa dos direitos humanos denuncia a "violenta agressão" em 23 de Outubro "a dois proeminentes críticos do governo de transição por soldados, alguns dos quais vestidos à civil".
 
Iancuba Indjai, líder do Partido da Solidariedade e Trabalho, encontra-se atualmente a "receber tratamento médico numa embaixada", enquanto Silvestre Alves, advogado e presidente do Movimento Democrático Guineense, "encontra-se atualmente hospitalizado numa unidade de cuidados intensivos, tem ferimentos graves na cabeça e duas pernas partidas".
 
A ONG refere ainda que as autoridades procuram agora o antigo secretário de Estado das Pescas, Tomás Barbosa, acusado de conspiração no ataque de domingo.
 
De acordo com informações recolhidas pela Amnistia Internacional, Tomás Barbosa encontrou refúgio numa embaixada, à semelhança de outros membros do Governo deposto em Abril, também recolhidos em diversas representações diplomáticas.
 
"Estes atos selvagens servem apenas para deteriorar a situação de direitos humanos no país e aumentar o clima de medo", refere Noel Kututwa.
 
Na madrugada de domingo, um grupo de homens armados tentou tomar pela força o quartel dos para-comandos, uma unidade de elite das forças armadas da Guiné-Bissau, tendo resultado seis mortos dos confrontos, todos do grupo assaltante.
 
O Governo de Bissau alega que o ataque ao quartel de uma unidade militar de elite nos subúrbios da capital, Bissau, foi uma tentativa de golpe de Estado por parte dos apoiantes do anterior primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, também destituído após um golpe de Estado em  Abril.
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Governo de Transição Fala de Tempos Difíceis

Bandeira da Guiné - Bissau
Bandeira da Guiné - Bissau



Bissau - Os 150 dias do Governo de transição da Guiné-Bissau foram "extremamente difíceis", mas foi possível pagar salários com receitas conseguidas na capital, disse quarta-feira à Lusa o porta-voz do executivo, que avisou: sem dinheiro não se fazem eleições.

O Governo de transição, na sequência do golpe de Estado que a 12 de Abril derrubou o Governo de Carlos Gomes Júnior, foi anunciado a 22 de Maio. Cinco meses depois, num balanço à Agência Lusa, o porta-voz do executivo, Fernando Vaz, fala de dificuldades, mas deixou também um rol de críticas ao anterior Governo.

Dificuldades em conseguir dinheiro para pagar os salários da função pública, aliadas a uma "conjuntura não favorável na exportação" do principal produto do país, o caju, à suspensão do acordo de pescas com a União Europeia e a "uma desaceleração da actividade económica".

"Mesmo assim, conseguimos honrar os compromissos com os salários", salientou, frisando que as receitas são provenientes apenas de Bissau, "porque as receitas do resto do país estão pinhoradas com dívidas que Carlos Gomes Júnior deixou na banca".

Mas as maiores acusações a Carlos Gomes Júnior ainda estavam para vir: "Encontrámos contratos assinados que são autênticos crimes a este país", disse, referindo-se aos contratos de exploração de bauxite, na zona sul do país, e de fosfatos, na zona de Farim, a norte.

"Os governos anteriores viviam numa teia enorme de corrupção e de banditismo político e de Estado. O que aconteceu foi que guineenses foram capazes de hipotecar o nosso bauxite, dando 90 por cento aos angolanos e deixando 10 porcento para o país", acusou.

De acordo com o responsável, o contrato assinado com a Bauxite Angola envolvia um investimento da empresa de três mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros) em infra - estruturas do porto de Buba e em caminhos-de-ferro e na própria mineração.

"No contrato de 25 anos, seis anos depois a Guiné-Bissau pagava os três mil milhões com a bauxite e ficava 19 anos a receber 10 porcento", disse, acrescentando que o contrato está a ser renegociado com a empresa angolana e que se não for possível chegar a um acordo "há muita gente que quer a bauxite", de chineses a canadianos ou norte-americanos.

Em relação aos fosfatos, a Guiné-Bissau só recebia dois porcento, disse Fernando Vaz, adiantando que também neste caso está a haver negociações.

Críticas à parte, Fernando Vaz queixou-se da falta de dinheiro e avisou que sem dinheiro não é possível fazer eleições.

"Não houve nenhuma eleição financiada internamente, foram sempre financiadas pelos parceiros de cooperação. Neste momento, temos a União Europeia que não nos reconhece, temos a União Africana que não nos reconhece, temos uma série de países que não nos reconhece e que estão por fora a exigir que façamos eleições a tempo e horas. Ninguém disse que vai dar dinheiro a não ser a CEDEAO, mas a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) não pode financiar tudo", disse.

Segundo o ministro, acabaram esta semana os trabalhos de cartografia do país e é necessário agora lançar o concurso para se fazer o recenseamento biométrico. "Para isso, é preciso dinheiro, temos os americanos que nos prometeram e esperamos que nos apoiem para tentar fazer (as eleições) dentro do ano, mas não havendo condições não podemos fazer milagres e a comunidade internacional tem de entender isso, não é só pôr-se na posição de exigir. A realidade é esta e eles conhecem-na e se a quiserem ignorar o problema é deles", disse.

Sobre a greve dos professores, que decorre há mais de um mês, Fernando Vaz disse ter sido criada uma comissão chefiada pelo ministro das Finanças para dialogar com os sindicatos e adiantou que "as negociações estão no bom caminho", admitindo que as aulas comecem em breve.
 
Também não correu bem a exportação do caju, visto que permanecem 36 mil toneladas por vender, reconheceu. Mas, segundo Fernando Vaz, o Governo "recebeu propostas que estão a ser negociadas".
 
E sobre o fornecimento de energia o ministro disse acreditar que o Governo de transição vai conseguir resolver "um problema que o PAIGC (partido no poder até 12 de Abril) não resolveu em 40 anos". Neste momento, disse, estão instalados sete megawatts e na semana passada o Governo assinou um contrato para a construção de uma central de energia solar que chegará, por fases, aos 10 megawatts.

Fernando Vaz garantiu que o Governo tem feito uma gestão de rigor e que vai continuar a pagar ordenados até ao final do mandato. E diz: "é difícil de gerir sem nenhuma ajuda externa, tirando a ajuda que a Nigéria deu, de 10 milhões de dólares( 1 USD = 100 Kwanzas), que representam dois meses de ordenados".