quarta-feira, 27 de junho de 2012

Transferência da Cimeira foi para Evitar Detenção de el-Bashir no Malawi


Embaixador da Nigéria em Angola,
Folorunso Olukayode Otukoya
Embaixador da Nigéria em Angola, Folorunso Olukayode Otukoya


Luanda - A decisão dos líderes africanos em transferir a próxima cimeira da União Africana (UA) foi com a clara intenção de evitar a detenção do presidente sudanês Omar el -Bashir, a quem o governo do Malawi declarou ser forçado a prendê-lo caso se deslocasse à Lilongwe, disse o embaixador nigeriano Folorunso Olukayode Otukoya. 

Em entrevista à Angop sobre a rejeição do Malawi de organizar a cimeira de chefes de Estado e de governo da UA, prevista de 09 a 16 de Julho, o diplomata avançou que "os dirigentes africanos foram claros na sua decisão de não querer que mais um dos seus líderes seja preso e julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI)", visto que esta instância judicial não tem julgado líderes de países desenvolvidos.

Para o embaixador, os líderes africanos têm reclamado, alegando que o TPI só julga dirigentes de países fracos (África, Ásia e América Latina) deixando como "intocáveis" os governantes de países desenvolvidos que também cometem acções susceptíveis a ser consideradas de crimes de guerra e contra a humanidade.

"A organização continental não obriga nenhum país membro a organizar a cimeira. Já que a presidente Joyce Banda disse que iria executar o mandado de captura contra o presidente sudanês Omar el-Bashir, contra o desejo da maioria dos líderes africanos, decidiu -se transferir a cimeira para Addis Abeba, um local neutro", prosseguiu.

Segundo Folorunso Olukayode Otukoya, existe uma lei na União Africana que estipula que se o país organizador não pode organizar uma cimeira, então, o encontro é transferido para a sede da UA, na Etiópia.

O Malawi havia renunciado a 08 de Junho acolher a cimeira da UA como inicialmente previsto, recusando convidar Omar el-Bashir como mandatava a organização continental.
 
O presidente sudanês está desde 2009 sob um mandado de captura do TPI que o acusa de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos contra os habitantes de Darfur, uma região do oeste do Sudão.

O Malawi ratificou o Tratado de Roma, fundador do TPI, que em teoria o obriga a deter Bashir caso se desloque ao seu território.
    
No início de Maio a presidente do Malawi, Joyce Banda, havia manifestado o desejo de el-Bashir não participar na cimeira, para não descontentar os doadores de fundos internacionais.

Mas a Comissão da UA havia ordenado o Malawi a convidar todos os chefes de Estado do continente, incluindo el-Bashir, sob pena de transferir a cimeira, segundo declarações do vice-presidente do Malawi, Khumbo Kachali, à rádio do Estado.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Assistente é Condenado Pelo Abuso de Dezenas de Adolescentes nos EUA


Jerry Sandusky, ex-assistente técnico da Universidade de Penn State, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos, foi considerado culpado sexta-feira passada de 45 das 48 acusações de abuso sexual contra menores de 15 anos, às quais respondia na Justiça. O júri chegou ao veredito depois de 21 horas de julgamento.

O caso Sandusky, que chocou a opinião pública dos EUA, veio à tona no ano passado e causou a demissão do técnico de futebol americano de Penn State, Joe Paterno, considerado uma das lendas do esporte universitário dos Estados Unidos.

Segundo informações do site da rede de notícias CNN, os promotores do caso descreveram Sandusky como um pedófilo que se utilizava de uma instituição de caridade - que ele criara supostamente para ajudar jovens problemáticos - para se aproximar de suas vitimas. Sandusky, 68 anos, alega ser inocente de todas as acusações. Joe Amendola, advogado de defesa, apelou para a falta de evidências físicas contra seu cliente e acusou as supostas vitimas de conspirarem contra o ex-assistente de Penn State para conseguir benefícios financeiros. Joseph McGettigan, promotor líder no caso, refutou o argumento, afirmando que a comunidade teria evidências alarmantes contra Sandusky.

Em comunicado publicado nesta quinta-feira, Matt Sandusky, filho adotivo de Jerry Sandusky, corroborou as acusações contra seu pai. Por meio de seu advogado, Matt afirmou já ter sido abusado sexualmente por Sandusky e que se preparava para testemunhar contra ele.

Segundo analistas, outras acusações, como a de incesto, podem ser trazidas à tona, somando-se às outras 48 contra Sandusky.

Paterno, que morreu neste ano, aos 81 anos, era o treinador há mais tempo no comando de uma equipe competitiva no esporte americano. Ele foi afastado, acusado de acobertar os crimes de Sandusky.

Ao testemunhar em novembro, a respeito do caso, Paterno afirmou ter sido informado por um assistente de que Sandusky havia sido pego "fazendo algo de natureza sexual com um adolescente".Paterno nunca informou à polícia, nem à direção de Penn State.

A demissão, apesar da natureza hedionda do caso, chocou alunos, ex-alunos e torcedores de Penn State, que repudiaram a demissão do treinador. Jay Paterno, antigo treinador dos quarterbacks e filho de Joe, assumiu o comando da equipe após o escândalo.

Aviões da Turquia Atacam Alvos Curdos no Norte do Iraque


Aviões de guerra da Turquia bombardearam redutos curdos no norte do Iraque, enquanto os rebeldes responderam matando um policial e ferindo três outros em ataques com bombas domingo passado,informaram autoridades.

O Exército turco registrou em seu site neste domingo que os aviões atingiram nove alvos curdos, a maioria deles na região de Qandil, onde fica localizada a principal base rebelde na fronteira entre o Irã e o Iraque. Segundo o comunicado, as incursões tiveram início na sexta-feira passada.

Essa foi a segunda campanha aérea turca contra os rebeldes curdos estabelecidos no Iraque em uma semana, após a morte de oito soldados turcos na fronteira com o Iraque na terça-feira. O Exército disse que mais de 30 rebeldes foram assassinados durante conftontos com a Turquia após o ataque da terça.

Os rebeldes curdos usam o norte do Iraque como plataforma para lançar ataque a alvos turcos por décadas. O grupo rebelde, organizado em torno do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), luta por autonomia no sudeste turco. Centenas foram mortos desde que a facção resolveu se armar em 1984.

O ataques aéreos ocorrem em meio a esforços do governo em tentar se reconciliar com a minoria curda, garantindo uma série de direitos culturais. O Primeiro-MinistroTayyip Erdogan recentemente anunciou planos para introduzir aulas de curdo nas escolas, após permitir que o idioma fosse falado em programas de televisão, institutos e cursos privados.

A Turquia, entretanto, recusa-se a conceder as principais demandas dos ativistas curdos, rebeldes e políticos, de controlar uma educação curda à parte do resto do país, temendo que isso divida a nação em ainda mais minorias étnicas. A população curda é estimada em 20% da Turquia, que tem 75 milhões de habitantes.

Ex-líder da Juventude do ANC Acusa Presidente Jacob Zuma de Corrupção e tribalismo



 





Joanesburgo - O destituido líder da ala juvenil do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, Julius Malema, atacou o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, acusando-o de ser corrupto e tribalista, por, alegadamente se preocupar mais com o desenvolvimento da sua aldeia, em NKandla, na província do KwaZulu-Natal.

O ataque de Malema, sábado, contra o Presidente ocorre uma semana depois de Zuma convencer ao Comité Executivo Nacional (NEC), órgão maximo de decisão do ANC, para não reconsiderar a medida da sua expulsão.

Discursando num encontro promovido pelo grupo "Amigos de Zuma", formado pouco depois da sua demissão de vice-Presidente, pelo seu predecessor, Thabo Mbeki, em 2005, Malema atacou os dirigentes do ANC pelo seu alegado "mau" posicionamento com relação a juventude.

Ele acusou Zuma de ser corrupto e apelou aos seus seguidores para desobedecerem à liderança do estadista sul-africano, sublinhando que a sua expulsão foi decidida por um punhado de indivíduos.
Malema disse que Zuma é Presidente de uma facção do ANC, a mesma que decidiu a sua expulsão.

"Nunca marcharam contra a corrupção, crime, mas marcharam contra "The Spear," numa referência ao protesto, o mês passado, contra a galeria "Goodman", após esta retratar Zuma com os seus órgãos genitais.

No discurso, o antigo líder da liga juvenil do partido no poder na África do Sul disse que não estava a favor de um segundo mandato de Zuma na liderança do partido e do país, face aos seus escândalos.

"Não queremos um Presidente que vai ser controlado por famílias fora do ANC. Queremos, sim, um Presidente de uma liderança colectiva. Zuma não é um líder deste género," disse Malema.

Reiterou que Zuma é um ditador, acrescentando que ele está a instruir estruturas do partido para que a sua expulsão não seja analisada pelo congresso, marcado para Dezembro deste ano.

Malema, acusado de divisionismo e insultar Zuma, foi ainda longe, ao descrever o Presidente de ser egosista e comprometido com os interesses individuais.

Na semana passada, a liga juvenil do ANC denunciou Zuma de estar a construir, em Nkandla, uma propriedade, na ordem de 65 milhões de Randes.

O recinto onde está a ser erguida aquela propriedade inclui uma pista de aterragem de helicópteros, uma clínica militar, uma esquadra da polícia, um parque de viaturas e uma estancia turística.

"Devemos conhecer este homem, o homem que favorece a sua família, que não se preocupa com o seu povo, este homem da sua tribo... o homem que se diz ser unificador deste ANC hoje tao dividido," sublinhou.

Fez uma radiografia da liderança de Zuma, questionando o motivo do Presidente efectuar remodelações periódicas do seu Executivo.Explicou que pelo facto de serem sistemáticas, as remodelações reflectem algo de errado na escolha dos funcionários, situação que, para Malema, explica o seu caracter.

"As coisas tornaram-se piores. As instituições governamentais passaram a ser campo de lutas pelo poder," frisou.

A Reconciliação na África do Sul Ainda Por Cumprir

Desmond Tutu
Durante muito tempo, o Arcebispo da Igreja Anglicana e Nobel da Paz 1984 Desmond Tutu comparou a situação nos territórios palestinianos à vivida no seu país, a África do Sul, sob o regime do “apartheid”. Hoje, quando olha para o que se passa nos territórios palestinianos, ainda traça esses paralelos.

“É algo que nos salta à vista, ainda hoje. As coisas que acontecem aos palestinianos lembram-nos tanto as coisas que costumavam acontecer na África do Sul”, disse ao PÚBLICO numa entrevista a publicar esta segunda-feira, dia em que participa, ao lado de Jorge Sampaio, alto-representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, na conferência pública “Diálogos sobre a Paz e o Desenvolvimento Sustentável”, às 18h30, na Fundação Gulbenkian em Lisboa.

Quando Desmond Tutu chegou a Portugal ontem, uma das notícias a correr mundo era a expulsão de imigrantes negros de Israel insultados pelo próprio Primeiro-Ministro Netanyau de serem “um cancro do nosso corpo”. Sinal de que o mundo está pior do que aquilo que era quando o arcebispo da Igreja Anglicana, conhecido como “a voz dos que não têm voz”, lutou contra o “apartheid”?

Na África do Sul, muito se percorreu, muito se conquistou. Mas a reconciliação ainda está por cumprir. “As coisas não acontecem assim de repente. É um processo; em muitos lugares, vai demorar algum tempo até se chegar ao ponto em que as pessoas deixam de usar a raça como algo com que agredir o outro”, diz. “Mas as mudanças aconteceram e estão a acontecer.” No mundo, os protestos são um sinal de que as pessoas procuram uma sociedade mais equilibrada e justa.

França e a África Ocidental

Havana - A independência de um grupo de nações da África Ocidental produziu-se numa conjuntura histórica que obrigou o colonialismo estabelecido pela França a variar seu sistema de exploração na área.

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na qual milhares de africanos combateram palmo a palmo ao lado das tropas das potências vitoriosas, ressurgiu com mais vigor o sentimento nacionalista nos homens que regressavam da frente.

As novas ideias se articulariam com as ânsias independentistas prevalecentes nos antigos lutadores anticoloniais desde muito antes do fim do conflito universal, que foram desconhecidas pelas autoridades do França. A liberdade frente à barbárie fascista era só para as metrópoles europeias.

Depois da guerra, todas as potências coloniais, inclusive a França, se negaram a conceder de imediato a independência a suas posses, e muito pelo contrário, se empenharam em reconstruir e reforçar o sistema de opressão e saque das riquezas naturais.

Em muitos países, produziram-se sangrentos massacres da população à menor reivindicação de liberdades políticas ou o fim da escravatura colonial. As metrópoles tratavam de manter os métodos repressivos sem advertir a mudança de época.

O cenário, em geral, se modificaria progressivamente não só nas colônias francesas, senão em toda a ação opressiva europeia, mediante a luta armada ou política, segundo se atuasse com adequado realismo ou se obstinava em sustentar o abusivo sistema.

 
NA MEMORIA 

A presença de cidadãos franceses na África começou com a participação no tráfico de escravos junto a portugueses, ingleses, espanhóis, holandeses e outros, com destino às colônias na América e no Caribe. Este tratamento foi iniciado pelos portugueses, os primeiros europeus a chegarem ao continente no século XV.

O tráfico escravista francês dirigia-se à Guiana, em território sul-americano, e, no Caribe, a Guadalupe, Martinica, San Pierre e Miguelón e notavelmente a Haiti, na ilha Hispaniola, desse último apoderou-se em 1697 e cuja revolução no século XIX marcaria uma meta na libertação do continente.

Nas disputas pelo domínio do continente, Paris obteve o controle de uma parte importante da região ocidental. A implantação do colonialismo começou na segunda metade do século XIX. No final do século, o país europeu tinha consolidado o que denominou África Ocidental Francesa.

Esse império esteve constituído pelo Senegal, Mali, Níger, Guiné, Costa de Marfim, Benin, Togo, Camarões, Congo (Brazzaville), Gabão, Burkina Faso, Mauritânia, Chade e República Centro-africana. O território e a população do conjunto de países excediam em várias vezes aos da metrópole.

França possuía, ademais, posses no Magreb, no norte, no Chifre da África, no leste e no centro e no oceano Indico. Semelhante poderio colonial só rivalizava com o do Reino Unido. Essas duas nações concentravam em seu poder o maior número de colônias no continente.

Na primeira metade do século XX, foi recrudescida a exploração colonial. Todos os protestos foram duramente reprimidos pelas tropas coloniais, se perseguia e se encarcerava seus dirigentes.

CLARINADA NA GUINÉ-CONAKRY

Em 1860, a França estabeleceu seu protetorado na Guiné-Conakry, onde enfrentou a oposição das tribos fulani e malinké. Seria seu presidente Ahmed Sekou Touré -de 1958 até sua morte em 1984-, quem daria a clarinada que conduziria ao desmantelamento do império galo na região.

Touré, um velho lutador pela emancipação, chamou ao povo a votar pela independência em 1958, num referendo que pretendia que se aceitasse a pertença do país a uma Comunidade, a qual agrupava às colônias, encabeçada pela França.

Uma considerável rejeição à Comunidade Francesa foi a resposta popular. O povo votou como pediu Touré e demandou a independência absoluta e imediata do país. A 2 de Outubro de 1958 proclamou-se a República de Guiné-Conakry.

A Comunidade Francesa era uma instituição na qual a política exterior dos países, a defesa, o sistema monetário, a economia e as finanças, e em alguns casos o controle dos órgãos de justiça, educação, transportes e comunicações- estava sob a concorrência da potência colonial.

1960 foi um ano crucial para a região: Chade, Costa de Marfim, Congo (Brazzaville), Benin, Togo, República Centro-Africana, Burkina Faso, entre outras, obtiveram a independência. As que faltaram o fizeram no ano seguinte. Ficaria desmantelado um dos mais colossais sistemas de exploração, estabelecido pela França na África Ocidental, que deixou uma extensa sequela de saques e sofrimentos nos povos da região.



 


Situação Política e Militar Ainda Tensa na Guiné- Bissau


A dois meses do golpe de estado de 12 de Abril, o caminho da democracia é lento e frágil. Sob o controle da CEDEAO, as tropas angolanas deixaram o país, nas últimas semanas, cedendo o lugar a uma força militar da CEDEAO.

Vida decorre dentro de uma certa normalidade, as dificuldades e os problemas quotidianos são muitos, conta Matteo Ghiglione, um cooperante italiano em Bissau. “O novo governo mudou todos os cargos públicos, o que está a criar problemas. A situação política e militar é ainda tensa. Os problemas não estão nada resolvidos”. Há liberdade de movimentos, mas “não são permitidas manifestações”. Grupos de jovens fizeram várias tentativas para se reunirem, para protestarem contra o golpe de estado e os golpistas, “mas os militares intervieram imediatamente para os impedir”.

Os países da comunidade económica da África Ocidental (CEDEAO) enviaram uma missão militar internacional para a Guiné-Bissau. Aquarteladas em vários locais, as tropas estrangeiras queixam-se das péssimas condições. Parece que “não apreciaram os recursos de que dispõem e ainda falta perceber o papel que lhes está destinado”. Quanto aos militares da Guiné Bissau, “é difícil definir uma linha clara”, assim como não se percebe como é que eles “estejam a movimentar-se, até porque no seu interior parece que estejam divididos”.

Por seu lado, a sociedade civil está a movimentar-se. “Há iniciativas de grupos de jovens que começaram a encontrar-se e a organizar encontros de formação entre eles para acompanhar esta fase”. Mas estas movimentações são complicadas, uma vez que existe “a falta de liberdade  de expressão”, embora várias “associações de jovens estejam a organizar-se”. Há iniciativas que “merecem ser acompanhadas, sobretudo aquelas que apoiam as escolas, a formação das mulheres”. No meio de uma forte instabilidade política, “o trabalho torna-se ainda mais difícil e corre o risco de se limitar apenas a ajuda e resolução de emergências”. A cooperação terá de “saber superar esta fase e situar-se na lógica do desenvolvimento”.