segunda-feira, 28 de maio de 2012

Guiné-Bissau: Zamora Induta e Fernando Gomes Deixaram o País e estão em Gâmbia

 
Bissau, 26 Maio (Lusa) - O antigo chefe das forças armadas da Guiné-Bissau, Zamora Induta, e o ministro do Interior do governo deposto, Fernando Gomes, abandonaram o país e estão na vizinha Gâmbia, disseram à Lusa fontes familiares.

Fontes familiares e fontes junto de antigos colaboradores de Zamora Induta e Fernando Gomes explicaram que os dois deixaram o país na passada quinta-feira e que passaram pelo Senegal, estando atualmente na Gâmbia.

Os dois estavam refugiados na delegação da União Europeia, em Bissau.“Na noite de quinta para sexta-feira, a brigada de investigação da polícia interpelou Zamora Induta e três outras pessoas", indicou à agência AFP fonte próxima da polícia de Ziguinchor, a principal cidade de Casamança, uma região que faz fronteira com a Guiné Bissau.

Zamora Induta tinha-se refugiado na representação diplomática da União Europeia a 18 de Março, na noite da primeira volta das eleições presidenciais, dizendo temer pela sua vida, após o assassínio do coronel Samba Djalo, ex-responsável pelos serviços de informações militares.

O presidente da comissão eleitoral, Desejado Lima da Costa, e o ex-ministro do Interior Fernando Gomes refugiaram-se também na representação da UE após o golpe de Estado e foram detidos no Senegal juntamente com o almirante, por não terem documentos oficiais.

“Desejamos que as autoridades senegalesas nos ajudem a fazê-los regressar à pátria, onde há agora condições para garantir a sua segurança”, disse um oficial do exército da Guiné Bissau à AFP, sublinhando que já estão a decorrer os processos diplomáticos de repatriamento

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Presidente Interino da Guiné-Bissau Anuncia a Constituição do Governo de Transição











Bissau - O presidente interino da Guiné-Bissau nomeou, terça-feira (22 de Maio), os membros do governo de transição chefiado pelo primeiro-ministro Rui Duarte de Barros.

Num decreto presidencial, o presidente Manuel Serifo Nhamadjo conferiu poderes a 28 membros do governo resultante do golpe militar de 12 de Abril, que derrubou o presidente e o governo constitucional, liderado pelo PAIGC.

É a seguinte a constituição do "governo de transição", resultante de acordo entre os militares que lideraram o golpe e partidos políticos que estavam na oposição:

1) Fernando Vaz, Ministro da Presidência do Conselho de Ministros, da
Comunicação Social e dos Assuntos Parlamentares;

2) Dr. Faustino Fudut Imbali, Ministro dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e das Comunidades;

3)
Piloto-Aviador Celestino de Carvalho, Ministro da Defesa e dos Combatentes da Liberdade da Pátria;

4) Eng. António Suka Ntchama, Ministro do Interior;

5) Dr. Vicent Pungura, Ministro da Educação Nacional, Juventude, Cultura e Desportos;

6) Dr. Agostinho Cá, Ministro da Saúde Pública e Solidariedade Social;

7) Dr. Mamadú Saido Baldé, Ministro da Justiça;

8) Senhor Daniel Gomes, Ministro dos Recursos Naturais e da Energia;

9) Dr. Abubacar Demba Dahaba, Ministro das Finanças;

10) Dr. Degol Mendes, Ministro da Economia e Integração Regional;

11) Dr. Fernando Gomes, Ministro das lnfraestruturas;

12) Dr. Abubacar Baldé, Ministério do Comércio, da lndústria e Valorização de Produtos Locais;

13) Dr. Malam Mané, Ministro da Agricultura e das Pescas;

14) Dr. Baptista Té, Ministro da Administração do Território e Poder Local;

15) Dr. Carlos Joaquim Vamain, Ministro da Função Pública, do Trabalho e da Reforma do Estado;

Secretários de Estado:

16) Eng. Carlos Nhaté, Secretário de Estado dos Transportes, das Comunicações e Novas Tecnologias de Informação;

17) Eng. Quintino Alves, Secretário de Estado da Reforma Administrativa;

18) Dr. Gino Mendes, Secretário de Estado do Tesouro, dos Assuntos Fiscais e das Contas Públicas;

19) Dra. Tomásia Lopes Moreira Manjuba, Secretária de Estado do Orçamento;

29) Senhor Mussa Djata, Secretário de Estado dos Combatentes da Liberdade da Pátria;

21) Dr. Salvador Tchongo, Secretário de Estado do Ensino, da Formação Profissional e do Emprego;

22) Dr. Óscar Suca Baldé, Secretário de Estado das Pescas e dos Recursos Haliêuticos;

23) Senhor Rogério Dias, Secretário de Estado da Comunicação Social;

24) Dr. Agostinho da Costa, Secretário de Estado do Ambiente e Turismo;

25) Eng. Eurico Abduramane Djaló, Secretário de Estado da Energia;

26) Dr. Ibraima Djaló, Secretário de Estado do Comércio;

27) Dr. Basílio Mancuro Sanca, Secretário de Estado da Segurança e Ordem Pública;

28) Senhora Helena Paula Barbosa, Secretária de Estado da Juventude, Cultura e dos Desportos.

Tropas da CEDEAO Já Começaram a Chegar a Guiné-Bissau


Bissau - A Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO) já está a por em prática o seu plano para o retorno da normalidade constitucional na Guiné-Bissau, informa  quinta-feira (24) o correspondente da rádio estatl norte-americana Voz da América (VoA).


Já chegaram à capital guineense os 25 primeiros soldados do contingente militar senegalês que deverá integrar os mais de 600 homens da CEDEAO, cuja missão é a manutenção da estabilidade no país durante o período de transição, decretado na sequência do golpe militar de 12 de abril, que derrubou o Governo.

Entre estes primeiros elementos senegaleses contam-se médicos, engenheiros militares e polícias.

Para esta sexta-feira, segundo fontes da CEDEAO, está prevista a chegada de militares da Nigéria - um contingente composto de 300 homens, entre os quais 140 polícias e 160 militares, isto numa altura em a própria Nigéria vive momentos de alguma fragilidade socio-económica acentuando-se por isso críticas da imprensa local sobre a sua presença militar na Guiné-Bissau, de acordo com a VoA.

De referir que o Burkina Faso já enviou para Bissau destacamentos de polícias e militares. Aliás, foi o primeiro país a fazer chegar os seus homens.

As forças da CEDEAO deverão também garantir a retirada da Missão Angolana de apoio ao processo da Reforma nos sectores da Defesa e Segurança,MISSANG.Aquela força permanece no país sem um calendário anunciado de retirada. A MISSANG mantem-se estacionada na capital guineense à espera de ordens de retirada por parte de Luanda e da CEDEAO.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Analista Angolano Admite Que África Está Mergulhada num Marasmo


Para o docente universitário, havia sido decidida que as sub-regiões seriam elas a liderar a consolidação da integração através das suas comunidades económicas que iriam fundamentar o substrato para a União Africana.

“Isso não tem acontecido porque as Comunidades Económicas da África Austral (SADC), da África do Oeste (CEDEAO), da África Central (CEEAC) e do Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) deveriam ser cooperativas, mas umas tem rivalizado com outras e essa competição de uma com outras está a criar uma inércia no continente”, lamentou.

Prova disso, prosseguiu o professor universitário, foi a falta de sustentabilidade para a eleição do presidente da Comissão da União Africana (CUA), na última cimeira da União Africana realizada em Addis Abeba (Etiópia), em Janeiro de 2012.

Frisou que na última cimeira, na qual não foi reeleito o então presidente da comissão, o gabonês Jean Ping e não foi escolhida a candidata da SADC, a sul-africana Nkozasana Zuma e, neste momento a maioria dos países do continente já não se identifica com os dois últimos anos da UA, acabando por responsabilizar a direcção de Ping.

Sublinhou que nos últimos tempos, concretamente, durante a “Primavera Árabe” (crises no Magreb que derrubou o lideres egípcio, Hosni Mubarak, líbio, Muammar Kadhafi e tunisino Ben Ali) houve a morte de um chefe de Estado proeminente por forças extra-continental Muammar Kadhafi e a África não foi capaz de conceder um minuto de silêncio aquando da abertura da última cimeira.

Acrescentou que ninguém ajudou Kadhafi a repelir a agressão, ainda assim, houve líderes africanos como então presidente do Senegal Abdoulaye Wade que prognosticou “ que o líder líbio estava acabado, tendo sido o primeiro africano a reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT), no poder hoje na Líbia, o que é bastante crítico”.

Por outro, nas anteriores cimeiras da organização continental defendia-se maior protagonismo dos africanos nos seus assuntos, “mas deixamos que os estrangeiros se envolvam e resolvam os problemas de África e essa forma tem fomentado uma divisão do continente”, realçou.

Para o especialista, a crise na Côte d'Ivoire interveio também forças estrangeiras, concretamente, da LICORNE da França que tinham ido para proteger os seus cidadãos, acabando por tomar aeroporto de Abidjan, o Palácio e sob auspícios da ONU, derrubando o então chefe de Estado ivoiriense, Laurent Gbagbo, colocando o actual presidente Alassane Ouattara, “quando se estava dialogar com vista a resolver a crise pós-eleitoral de Novembro de 2011.

Com efeito, evocaram o artigo 7º da Carta da ONU para intervir militarmente num país soberano, disse.

O dia 25 de Maio foi consagrado “Dia de África” em homenagem a fundação da OUA precursora da actual União Africana, criada em 2002, com o objectivo de impulsionar a integração e o desenvolvimento do continente africano.



Especialista Descarta Que Alinhamento do País na Candidata da SADC Projudique Sua Posição na CEEAC









Luanda  -  O especialista político e docente de relações internacional, Patrick Cunha, advogou terça-feira, em Luanda, que a posição de Angola na escolha da ministra sul-africana para Administração Interna, Nkosazana Dlamini-Zuma, para candidatura da presidência da Comissão Africana não afecta a sua integração na Comunidade Ecónomica de Estados de África Central (CEEAC), na qual é membro.

Em declarações à Angop, o especialista justificou, afirmando que o governo angolano está ao lado da SADC, pelo facto de exercer a presidência da Comunidade Económica do Desenvolvimento da África Austral (SADC), por isso,   tem desempenhado o papel de divulgar e promover a candidata da região.

O docente universitário acredita que Angola está mais virada actualmente para a SADC por  ser uma Zona, onde tem mais interesses políticos e económicos, ao contrário da CEEAC  onde a sua presença é relativamente fraca.

Patrick Cunha estima que com a implementação da Zona Aduaneira é bem possível que se opte só pela SADC e se verifique um ligeiro afastamento da CEEAC pelo facto de um Estado não puder fazer parte de duas Uniões Aduaneiras, porque a pertença a uma (união aduaneira) estabelece a aplicação de uma pauta comum em relação a países terceiros.

Por outro lado, o professor frisou que na CEEAC o governo angolano tem poucos interesses económicos, a sua intervenção, até agora, tem sido tendencialmente da defesa da paz e segurança de países vizinhos.

Esclareceu ainda que as comunidades económicas surgiram como tentativa de trazer  uma maior racionalização, de modo a facilitar a convergência para a realização de um mercado continental comum no continente africano, segundo o estatuído pelo Tratado de Abuja (Nigéria).
Por isso, a União Africana reconhece oito Comunidades Económicas Regionais (CER), nomeadamente, União do Magrebe Árabe (UMA), Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC),Comunidade Económica dos Estados da África Oeste (CEDEAO).

Estão ainda reconhecidos pela organização continental, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), Comunidade da África Este e Oriental (CAE), e a Comunidade dos Estados Sahelos-Saharianos (CEN-SAD),   como blocos de construção para a integração continental.

Patrick Cunha é mestre em relações internacionais e lecciona a cadeira de integração regional e política da cooperação de Angola integração e de integração Regional de Angola.








quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Guiné-Bissau e a Desordem Internacional


Há precisamente cinco semanas os militares da Guiné-Bissau, influenciados por Kumba Yalá e pelos candidatos derrotados na primeira volta da eleição presidencial, interromperam o processo eleitoral em curso, prenderam o Presidente interino e o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior e tomaram o poder.

O pretexto foi a presença da Missão Militar Angolana (MISSANG), que estava no país, a pedido do Governo legítimo, para apoiar a reforma das Forças Armadas.
O golpe militar desencadeou a condenação unânime dos países da região e de organizações internacionais como a CPLP, a CEDEAO, a União Africana, as Nações Unidas e, também do Departamento de Estado norte-americano.

Internamente, a reacção popular foi também de absoluta condenação. E com razão: “A seguir ao golpe os salários dos funcionários públicos deixaram de ser pagos, o abastecimento de combustível cessou e a vida da população, das pessoas normais, tem vindo a deteriorar-se”.

A Guiné-Bissau é membro da CPLP e da CEDEAO, desta por razões de ordem político-geográfico, daquela por razões de ordem político-cultural.

Numa crise deste tipo, seria elementar que estas organizações coordenassem esforços para, de acordo com as decisões tomadas na sequência do golpe, contribuírem para o restabelecimento do status quo ante ao golpe. Ou seja, do Governo do PAIGC de Carlos Gomes Júnior e da conclusão do processo eleitoral. Menos que isso é flagrante contradição com o espírito da ordem internacional, com os próprios estatutos, decisões e resoluções destas organizações.

Mas é o que está a acontecer, valendo-se de ter conseguido a libertação dos governantes legítimos, a CEDEAO apoderou-se do processo. O pior é que, entretanto, alterou radicalmente as disposições iniciais; na sua última resolução acaba por, continuando formalmente a condenar o golpe e os golpistas, legitimar a sua acção de forma tácita ao adoptar uma solução que coloca como presidente interino um dos apoiantes do golpe, cria uma transição de um ano para novas eleições e afasta do poder os governantes eleitos.

E prepara-se para pedir financiamento para a operação à comunidade internacional, nomeadamente à União Europeia.

Só que o reconhecimento desta situação abalará, pouca confiança nos mecanismos da ordem internacional. Se os militares da Guiné-Bissau prevalecem contra todas estas organizações e declarações solenes de condenação, estará legitimada a força como modo normal de os descontentes alterarem a vontade popular.

Maiores Partidos Politicos Guineenses Sem Acordo Quanto A Debate Sobre Golpe De Estado


Bissau - Os dois principais partidos da Guiné-Bissau discordaram hoje (segunda-feira) no Parlamento sobre a pertinência de um debate sobre o golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, o que levou à paralisação dos trabalhos, sem qualquer consenso, noticia a LUSA.   

Após mais de cinco horas de discussões, o presidente provisório do Parlamento guineense, Ibraima Sory Djaló, deu por encerrada a sessão anunciando aos deputados que os trabalhos devem prosseguir terça-feira.    

A divergência de opinião ficou a dever-se à exigência do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, no poder até ao golpe de Estado), que pretende ver constado na ordem do dia uma "ampla discussão sobre a situação actual do país", decorrente do golpe militar ocorrido no dia 12 de Abril passado.    

"Seria politicamente incorrecto da nossa parte, perante os nossos eleitores e os cidadãos da Guiné-Bissau, que não falemos da situação prevalecente no país desde o golpe", observou Rui Diã de Sousa, líder parlamentar do PAIGC.    

Para isso, acrescentou Diã de Sousa, o PAIGC pediu ao presidente em exercício da Assembleia Nacional Popular que faça constar no projecto de ordem dos trabalhos a analise à situação do país, mas essa pretensão foi rejeitada pelo Partido da Renovação Social (principal força da oposição parlamentar) alegando procedimentos do regimento do parlamento.    

"Se o PAIGC quiser, que faça um requerimento para um debate de urgência e aí sim estaremos disponíveis para um debate sério sobre o que se passa no país. Agora fazer constar isso como ordem dos trabalhos isso é que o PRS não vai aceitar", disse Florentino Mendes Pereira, numa posição que também é defendida pelo presidente em exercício do Parlamento.    

Sory Djaló, presidente em exercício do Parlamento guineense e dirigente do PRS, disse que "não haverá qualquer problema em agendar um debate de urgência" para o qual, precisou, vai convidar os "autores do golpe de Estado, neste caso os militares" para que expliquem ao PAIGC o que se passou.  

Perante estas trocas de argumentações, o deputado do PRS Baltasar Cardoso lembrou ao PAIGC que "as regras mudaram no país" com o golpe de Estado, pelo que, assinalou, "o PAIGC devia aceitar os factos e ajudar a desbloquear o país".   

Cardoso lembrou que no passado o PRS quis fazer o mesmo e a bancada da maioria (PAIGC) não aceitou.    

O líder da bancada parlamentar do PAIGC, Rui Diã de Sousa, replicou, dizendo que o seu partido não está interessado em bloquear o funcionamento do país, dando como exemplo o facto de os deputados da sua bancada terem regressado hoje aos trabalhos
parlamentares.    

"Se o PAIGC estivesse interessado em bloquear o país tínhamos simplesmente ficado em casa, isto é, não tínhamos vindo tomar parte nesta sessão", observou Diã de Sousa.

A sessão plenária do Parlamento decorre desde o dia 14, mas sem a presença dos deputados do PAIGC, pelo que, sem quórum, os trabalhos eram abertos e encerrados logo a seguir.    

A presente sessão parlamentar termina no próximo dia 29 de Maio de 2012.