quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Portugal Garante Num mês Financiamento que Vale Metade do Reembolso ao FMI

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Portugal-No espaço de um mês, o Estado conseguiu obter no mercado 6,75 mil milhões de euros de financiamento através da emissão de obrigações do Tesouro. O montante angariado é cerca de metade dos 14 mil milhões de euros que o governo se propõe a reembolsar antecipadamente ao FMI.

Apesar do ritmo acelerado a que o Estado se tem conseguido financiar - a meio de Fevereiro já cumpriu metade do plano de financiamento, o reembolso antecipado ao FMI deverá ser feito de forma faseada. O governo espera que esse pagamento seja feito no prazo de dois anos e meio e em várias tranches. O total da dívida ao FMI ascende a 26,9 mil milhões de euros.

A agência que gere o crédito público, o IGCP, definiu como objectivo para 2015 emitir entre 12 mil milhões e 14 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro. No entanto, esse plano de financiamento não contemplava os reembolsos antecipados ao FMI, sendo que aquela meta poderá ter de ser revista em alta.

"Portugal nunca pagou um juro tão baixo no mercado, o que é muito vantajoso para a intenção de amortizar antecipadamente o empréstimo do FMI", referiu Filipe Silva, director de gestão de activos do Banco Carregosa.

Na operação de hoje, o Estado comprometeu-se com uma taxa de 2,506% para se financiar a dez anos. A título de exemplo, a Grécia pagou o mesmo para conseguir financiamento a três meses.

O ritmo de emissões do Estado tem servido também para reforçar a almofada financeira. Portugal entrou em 2015 com 10,2 mil milhões de euros em caixa, valor que deverá ter sido reforçado com a operação de hoje e com a colocação de 5,5 mil milhões de euros de dívida a dez e a 30 anos a 13 de Janeiro. Além disto, também a procura do retalho por certificados em Janeiro poderá ter permitido reforçar a almofada financeira.

A situação favorável do mercado foi hoje salientada pelo Presidente da República. Cavaco Silva diferenciou Portugal da Grécia e assinalou a evolução das condições de mercado nos últimos tempos. "Quem diria há um ano que Portugal não precisava de um segundo resgate, que Portugal não precisava de um programa cautelar e quem se atrevia a antecipar que Portugal ia pagar antecipadamente ao FMI os empréstimos que foi obrigado a contrair", referiu à margem de um Congresso em Lisboa.