FMI-O Fundo Monetário Internacional considerou que a previsão de crescimento para a África subsariana está mais sujeita a riscos do que no passado recente, mas mantém a estimativa de uma expansão de 5,5% do PIB.
Na apresentação do relatório 'Regional Economic Outlook' - Perspetivas Económicas Regionais, em Washington, a directora do departamento africano, Antoinette Sayeh, disse que "a perspetiva está, no entanto, sujeita a mais riscos do que no passado recente" e explicou que "alguns dos factores que suportavam o crescimento na região começaram a enfraquecer".
Entre eles, os economistas do FMI destacam a desvalorização do preço das matérias-primas e as condições financeiras mundiais mais apertadas, que aumentam os custos de empréstimos financeiros que muitos países africanos têm de suportar: "Se estas tendências continuarem, provavelmente vão dificultar o crescimento em muitos países da região."
De acordo com a responsável pela análise do FMI à África subsariana, é preciso uma atenção maior à "sustentabilidade da estabilidade macro-económica que suportou as altas taxas de crescimento nos últimos anos" e é necessário aumentar o foco nos défices das contas públicas, que são "elevados tendo em conta as fortes taxas de crescimento e os preços das matérias-primas, ainda altos".
Apesar de os desequilíbrios nas contas públicas serem, em muitos casos, justificados pelo elevado nível de despesa pública financiado com recursos a empréstimos com taxas de juro muito baixas ou alicerçados em maturidades bastante alargadas, "nalguns casos tem havido uma marcada expansão dos défices orçamentais devido a fortes aumentos na despesa corrente".
No geral, conclui a diretora do FMI para África, o impacto destes "ventos negativos na actividade da região deverá ser limitado na maioria dos países", mas "não há espaço para complacência". A política orçamental precisa de estar mais ligada ao ciclo económico, "e, quando o crescimento está a correr bem, tem de se conter e gradualmente reduzir os défices, com particular ênfase na correcta aplicação das receitas fiscais".
O relatório divulgado em Washington mantém os mesmos números apresentados a 8 de Abril no World Economic Outlook, prevendo que Angola cresça 5,3% este ano, acelerando para os 5,5% no próximo ano, depois de ter crescido 4,1% em 2013.
O crescimento previsto pelo FMI para Angola é, aliás, o mais baixo no grupo de países que são exportadores de petróleo, com exceção da GuinéEquatorial, que deverá continuar em recessão acentuada neste ano e no próximo ano (2,4 e 8,3%), respetivamente.
O grupo de países africanos exportadores de petróleo deverá crescer, em média, 6,7% neste e no próximo ano, liderado pela Nigéria, cuja economia deverá expandir-se perto de 7% neste e no próximo ano.
Moçambique, por seu turno, deverá ver a sua economia expandir-se em 8,3% em 2014 e abrandar ligeiramente para 7,9% no próximo ano.
Cabo-Verde deverá crescer 3% este ano e 3,5% em 2015, ao passo que a Guiné-Bissau registará crescimentos na ordem dos 3% e 3,9% neste e no próximo ano, bem abaixo de São Tomé e Príncipe, cuja previsão de crescimento do FMI aponta para 5% e 5,5% no mesmo período.