terça-feira, 4 de março de 2014

África do Sul, China e Portugal Lideram novos Investimentos em Moçambique em 2013

África-A nova vaga de investimento chinês em Moçambique  é cada vez mais de natureza privada e não efectuado por empresas estatais como na fase inicial e, além da indústria extractiva visa a produção local, de acordo com um estudo da Universidade de Stellenbosch.
Num trabalho publicado no relatório anual do Centro de Estudos Chineses da universidade sul-africana, os investigadores Daouda Cissé e Yejoo Kim afirmam que a necessidade de matérias-primas por parte da China vai manter a África com “importância significativa na agenda chinesa de investimentos no exterior”, com os agentes privados a terem um papel crescente.
“A procura de oportunidades de negócio no estrangeiro, relacionada com o acesso a mercados em crescimento e teste das capacidades das empresas operarem num ambiente estrangeiro leva as empresas privadas chinesas a operar em África”, afirmam.
Por outro lado, sublinham, estas empresas têm menos acesso a financiamento, em comparação com empresas estatais ou grandes multinacionais, deparando-se ainda com aumentos nos custos de trabalho e produção.
A deslocação de produção “oferece oportunidades para o sector industrial em África”, afirmam os autores, citando exemplos na Etiópia e África do Sul, fenómeno que pode permitir a estes países “diversificar as suas exportações, ainda fortemente baseadas em matérias-primas.”
Moçambique deverá tornar-se em breve um produtor e exportador de automóveis este ano com o investimento da China Tong Jian Investment, que está também a atrair outras empresas do sector a instalarem-se no país.
A construção da fábrica, avaliada em 200 milhões de dólares, surge em cumprimento de um acordo assinado em 2010 que prevê que o empreendimento garanta, numa primeira fase, a produção de cerca de 10 mil viaturas por ano, 30% das quais para o mercado nacional e o remanescente para exportação.
Localizada na zona da Machava, nas antigas oficinas da estatal Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, a unidade vai produzir camiões, autocarros e viaturas ligeiras de marca Matchedje, de acordo com a imprensa moçambicana.
No artigo para a Universidade de Stellenbosch, os dois investigadores salientam o crescente número de grupos privados e de pequenas e médias empresas da China a actuar em África.
Este é o caso de Cabo Verde, onde recentemente o governo deu a conhecer o interesse chinês na privatização da companhia de aviação Transportes Aéreos de Cabo Verde.
Em Janeiro, a publicação electrónica Cargo News noticiou que a empresa chinesa China Road & Bridge Corporation (CRBC) vai construir um porto de águas profundas e um terminal de cruzeiros e reparar os estaleiros da Cabnave na ilha cabo-verdiana de São Vicente.
Também nas últimas semanas, o governo de Cabo Verde deu o seu apoio “inquestionável” ao projecto de investimento turístico que um empresário de Macau pretende erigir no ilhéu de Santa Maria, diante da Praia.
Seja de onde for o investimento, afirmam os dois investigadores, apenas se “bem gerido, com regulação e execução em países africanos adequada e regularmente ajustada, pode assegurar criação de emprego e transferência de tecnologia e conhecimentos”.