Ucrânia -A crise na Ucrânia tornou-se um "rabo-de-galo" explosivo de jogos diplomáticos, interesses económicos e manobras militares. Há demasiado em jogo neste conflito, desde acesso a portos estratégicos ao controlo de parte significativa da distribuição de gás natural na Europa, passando por um braço-de-ferro político onde se tenta discutir quem tem mais poder ou manda mais numa determinada região do planeta.
E certo é que os lados se começam a alinhar: num está a autoritária Rússia a ameaçar com invasões, ataques e cortes no fornecimento energético à população ucraniana, no outro estão Europa e Estados Unidos a forçar a paz à custa de sanções económicas e da exclusão dos grandes fóruns de decisão mundial, como o G8.
Ninguém quer acreditar que o mundo está à beira de uma nova guerra fria, mas o braço-de-ferro entre Rússia e Ocidente começa a desenhar-se e a deixar reféns, não apenas os cidadãos ucranianos (as principais vítimas desta crise), mas também as bolsas e as economias, em especial da zona euro. O que, numa altura em que a recuperação económica ainda apresenta grandes fragilidades, é deveras preocupante e pode abalar a confiança, ainda fresca, das empresas, dos investidores, dos consumidores.
Por isso, mais do que exibir controlo económico ou poder militar, os governantes mais próximos ou envolvidos neste conflito têm o dever de forçar uma solução diplomática para a crise ucraniana.Porque o seu impacto, bom ou mau, vai muito para além das suas próprias fronteiras.