Egipto-O Egipto coloca em referendo, esta terça e quarta-feira, a aprovação de um novo texto para a Constituição do país, depois de a última revisão ter sido votada e aprovada sob o governo do presidente, entretanto deposto e detido, o muçulmano Mohamed Morsi, mas com quase 70 por cento de abstenção nas mesas de voto. A participação popular é, por isso, uma das grandes prioridades neste regresso dos egípcios às urnas.
Nas ruas, têm sido muitas as manifestações de apoio ao “sim” ao novo texto e, por arrasto, também ao regime militar que o elaborou depois de tomar conta do país após a deposição de Morsi em Julho passado. O apelo da oposição islâmica ao “não” e, sobretudo, ao boicote ao referendo, tem sido, por outro lado, de acordo com algumas testemunhas, reprimido pelas autoridades, numa atitude apontada como antidemocrática.
Muitos egípcios estão, porém, ao lado do regime militar de transição no país e, ao mesmo tempo que apelam à participação no referendo, têm vindo também a apelar ao general Al Sisi, que lidera o atual governo, para que seja candidato nas próximas eleições presidenciais.
Para o analista político e editor-chefe do jornal cristão “Al Watani”, Youssef Sidhom, o apoio popular a Al Sisi tem explicação “pelo papel que ele teve a 30 de Junho, ao apoiar o povo no golpe de Estado e pela forma como a ala militar apoiou a vontade popular”.
A ala islâmica de apoio ao presidente Mohamed Morsi não baixa, contudo, os braços e, entre os apelos ao boicote neste referendo, têm-se manifestado também pelo respeito ao texto da Constituição aprovado anteriormente.
Há quatro dias registaram-se, inclusive, confrontos com apoiantes da Irmandade Muçulmana. Pelo menos, 17 pessoas morreram em todo o Egito.