Portugal-O Gana, a Etiópia, Madagáscar, o Mali e o Sudão são os cinco países africanos mais afectados pela monopolização das terras agrícolas africanas pelos investidores estrangeiros, segundo um estudo internacional a que a PANA teve acesso, Quinta-feira (30 de Agosto).
Realizado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), pelo Instituto Internacional para o Ambiente e Desenvolvimento (IIED) e pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o estudo sublinha que aqueles países totalizam cerca de dois milhões 500 mil hectares cedidos a investidores estrangeiros.
O Sudão arrendou mais de um milhão 500 mil hectares de terras agrícolas, de "primeira qualidade" aos Estados Árabes do Golfo, ao Egito e à Coreia do Sul, revela o inquérito que precisa que as sessões estendem-se por um período de 99 anos.
"As aquisições fundiárias à grande escala podem privar as populações locais do acesso aos seus recursos próprios. Elas podem igualmente causar riscos ligados ao ambiente e aos Organismos Geneticamente Modificados (OGM) bem como provocar perdas de biodiversidade e conflitos sociais”, advertem os autores do documento.
Essas preocupações foram expressas também pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), pela União Africana (UA) e pela Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA) que criaram uma iniciativa denominada "Iniciativa de Políticas de Gestão de Terras (LPI, sigla em inglês)".
Reconhecendo que os investimentos directos estrangeiros nas terras agrícolas africanas apresentam riscos, as três instituições afirmam no entanto que o continente pode aproveitar esta situação para enquadrar tais actividades.
Porém, as organizações camponesas africanas e as Organizações não Governamentais (ONG) têm uma leitura diferente desta chegada em massa dos capitais estrangeiros ao continente, afirmando que estes perigam a agricultura familiar e de subsistência em África.