Dlamini-Zuma derrotou Jean Ping, gabonês de nacionalidade, que estava no posto desde 2008. Ping tinha o apoio das nações africanas francófonas, enquanto Dlamini-Zuma era apoiada pelas nações da África Austral (SADC). Com 63 anos de idade, ela é a primeira mulher a assumir o cargo.
Dlamini –Zuma, antiga mulher do presidente sul-africano Jacob Zuma, assegurou os votos de 37 dos 57 países membros da União Africana para obter por margem mínima a maioria de dois terços requerida pela cimeira de líderes, na capital etíope Addis Abeba.
A sua eleição é tida como um grande passo em África, continente dominado por homens, em virtude das mulheres não serem ainda todas emancipadas apesar de ser a grande franja da população.
A Liga das Mulheres do ANC, partido governante na África do Sul, declarou o seu “orgulho” pela eleição de um dos seus membros e descreveu-a como uma vitória para as mulheres de toda a África, há muito vítimas da pobreza, preconceitos e opressão.
“A sua profunda compreensão das dinâmicas de África inspirará a unidade e a estabilidade em todo o continente”, declarou o grupo.Por seu turno, o ANC considerou que Dlamini-Zuma, uma reputada diplomata e política, seria uma perda para o governo da nação mas que tinha respondido agora a um “apelo superior” para servir todo o continente.
O porta-voz do Ministério Sul-africano dos negócios estrangeiros Clayson Onyela considerou a cimeira como um trinfo para a diplomacia que pôs fim à longa disputa entre estados membros para o cargo.Na última cimeira em Janeiro, não houve um vencedor declarado e Ping manteve-se até à recente reunião de Addis Abeba.
O presidente da União Africana, Boni Yayi do Benin disse domingo que a última votação inconclusiva tinha manchado a organização continental. Ele reconheceu os danos à imagem da UA como defensora da paz e mediadora numa série de guerras, golpes militares e outras disputas no continente.
Numa entrevista recentemente divulgada pelo seu gabinete, DlaminiZuma reconheceu que havia divisões relativas à presidência da Comissão e críticas ao papel da África do Sul na sua campanha para a eleição, mas descreveu-se a si mesma como uma cidadã de África que queria dar uma “humilde contribuição” ao continente.
Interrogada sobre o que trará de nova para a Comissão da União Africana fez referência aos seus antecedentes na área da medicina.“Como uma médica, primeiro faz-se o diagnóstico e depois faz-se o tratamento. Terei que me guiar por isso”, disse.
A cimeira de dois dias dos chefes de estado e de governo da União Africana terminou segunda-feira à noite.
Biografia da ministra
Nkosazana Clarice Dlamini-Zuma foi uma ativista anti-Apartheid. Ex-ministra da Saúde da África do Sul entre 1994-1999, sob a presidência de Nelson Mandela. A dez de Maio de 2009 assumiu o cargo de Ministra da Administração Interna.
Dlamini-Zuma nasceu em Natal, é a mais velha dos oito filhos. Fez o ensino médio no Amanzimtoti Training College em 1967. Em 1971, estudou Zoologia e Botânica na Universidade de Zululand, de onde obteve um Bacharel em Ciências (Licenciatura). Posteriormente, fez medicina na Universidade de Natal.
Durante os seus estudos no início de 1970, Dlamini-Zuma tornou-se um membro activo na clandestinidade do Congresso Nacional Africano (ANC). Ao mesmo tempo, ela também era membro da Organização Estudantes Sul Africano e foi eleito como vice-presidente em 1976.
Durante o mesmo ano Dlamini-Zuma fugiu para o exílio, completou os seus estudos médicos na Universidade de Bristol em 1978. Posteriormente, trabalhou como médico no Hospital Governo Mbabane na Swazilândia, onde conheceu o seu futuro marido, actual presidente do partido ANC Jacob Zuma.
Em 1985 ela voltou para o Reino Unido, a fim de concluir uma especialidade em saúde infantil da criança tropical da Universidade de Liverpool 's School of Tropical Medicine. Em 2009 aventou-se a possibilidade dela ser candidata à presidência do ANC. Em 15 de novembro de 2007, ela disse que estaria disposta a aceitar uma nomeação por parte do ANC, embora seu porta-voz disse que o dia seguinte que ela não tivesse entrado no debate da sucessão no ANC.
Dlamini-Zuma foi premiada doutora honorária em Direito pelas universidades de Natal (1995) e da Universidade de Bristol (1996).